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A aldeia transmontana de Maçores pertence ao município de Torre de Moncorvo e cresceu no sopé do Monte Ladeiro, cujo corpo é povoado por oliveiras e amendoeiras e ervas rasteiras de urzes, estevas, giestas, espinheiros e carquejas. Foi no meio desta idílica paisagem que um pastor de ovelhas da raça autóctone Churra contou-nos a sua Odisseia. Neste artigo vamos conhecer a história desta terra, património natural e arquitetónico, gastronomia, festas, tradições e economia. Vamos destacar alguns dos seus monumentos naturais e criados pelas artes modernas e rupestres, festa do São Martinho e percursos pedestres. Conhecemos a Comissão de Festas do São Martinho que nos recebeu na sua mesa com saborosas carnes e odoríferos vinhos. Aqui ainda se perpetuam antigos rituais pagãos de adoração aos elementos da terra, pão e do vinho que celebramos fazendo libações aos deuses para agradecer a nossa chegada a Ítaca.
Conhecemos o alegre pastor transmontano António Pereira de Maçores em Torre de Moncorvo quando andava com as suas ovelhas a pastar desde o começo do dia até a noite findar. O seu rebanho da raça autóctone Churra é um dos últimos da sua aldeia e tem mais de setenta e cinco animais. Pela manhã tira ovelhas da corriça e com ajuda dos cães leva-as para as encostas do Monte Ladeiro, cobertas de oliveiras, amendoeiras e erva rasteira. Os seus animais descendem dos primeiros rebanhos que começou a criar há mais de trinta anos, que conhece pelos sinais e diz conseguir identificar a todos no meio de rebanho alheio. Para este homem as forças já foram como grossos mares, mas como o granito das serras aguenta com estoicismo a severidade de Trás-os-Montes.
O percurso pedestre PR14 - Rota das Amendoeiras tem início e fim na aldeia da Açoreira em Torre de Moncorvo. Nos meses de fevereiro e março este trilho fica enfeitiçado pelas amendoeiras em flor, com os montes cobertos por mantos brancos e rosados. Pelos seus braços avista-se o Rio Douro e os socalcos vinhateiros, a Serra do Reboredo, a aldeia de Maçores e a sua capela no meio do olival. Os viandantes são recebidos por fileiras de amendoeiras, oliveiras e por vezes centenários carvalhos. Cruzámo-nos com a Rota das Pipas, feitiços, um cão de gado transmontano e horizontes longínquos montanhosos que é onde gostamos de estar.
No âmbito do evento “Descobrir e Experienciar a Ria”, realizado pelo município de Estarreja, conhecemos o biólogo Rafael Marques. O mesmo foi o nosso cicerone numa visita guiada entre a Ribeira do Mourão em Avanca e a Ribeira do Telhadouro em Pardilhó, onde identificou e caracterizou os ambientes de transição e flora dos sapais da Ria de Aveiro. Rafael Marques é coautor do “Guia de Flora do Baixo Vouga Lagunar" que foi utilizado como auxiliar na identificação das plantas que encontramos neste percurso e nos deu a conhecer as suas propriedades medicinais, comestíveis ou decorativas. Foi também salientada a importância dos sapais para a biodiversidade, depuração das águas e proteção contra as alterações climáticas.
A antiga Fonte do Estanislau, possui grande valor natural e património histórico, ficando localizada entre as freguesias de Arada e Maceda, nas margens da Ribeira do Louredo ou Rio Lourido. Este local foi requalificado e inaugurado em 25 de abril de 2022, pelo Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro. O rio que ali passa em tempos fez mover vários moinhos de rodízio, tendo um deles sido recuperado. Foram também construídos passadiços, escadas e pontes em madeira, para se poder passear por este parque, onde não faltam mesas e bancos para as pessoas poderem fazer uma pausa, debaixo da frondosa sombra, ao som do marejar das águas e afastar o desejo por comida e bebida. A intervenção foi positiva, mas o espaço em redor e o que parece ser a poluição do rio fazem mácula em Ártemis e sua divina beleza.