Ondas da Serra

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O Trilho dos Pescadores é constituído por 13 etapas, com 226,5 km, com início em Sines, no sudoeste Algarvio e final em Lagos, nos Algarves. Estes percursos pedestres destacam-se pela beleza das assombrosas e arrepiantes arribas arrebatadas, ao longo do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. A fauna e flora são ricas e exuberantes, que lançam fragrâncias que se elevam na maresia e lhe inebriam os sentidos. Os nevoeiros matinais escondem segredos que o sol teima desvendar. Há recantos nos profundos abismos, que nunca houveram visto viva alma e poderão abrigar um tempestuoso Neptuno. Este é o reino da sedutora Calipso que o tenta atrair para o aprisionar na sua caverna, com o marulhar das águas, canto das aves, zumbido dos bichos e sibilante vento. Do alto dos pináculos poderá maravilhar-se com paisagens longínquas, praias exuberantes e pequenas enseadas com perdidos portos de pesca. Os seus caminhos milenares foram abertos pelos pescadores na sua árdua faina marítima. Neste artigo vamos contar-lhe a aventura da nossa da 5 etapa, entre Zambujeira do Mar e Odeceixe e como ficamos enamorados pela demanda do seu tesouro que havemos de abarcar.

Viajar de comboio pela Linha Férrea do Douro, com 150 anos e 171,5 km, faz-nos recuar devagar até ao século XIX. A viagem começa na moderna estação de Porto Campanhã, junto ao litoral e termina no Pocinho, no interior transmontano. A locomotiva a vapor é agora alimentada a diesel e começa por rasgar caminho por uma urbe fortemente apinhada, onde as gentes se atropelam para respirar. A linha eletrificada começa por ter dois sentidos, até perder a luz e ficar sozinha. A máquina vence impenetráveis túneis e profundas pontes e vai-se aproximando do Rio Douro, seu companheiro inseparável por 120 km. O casario começa a rarear e vai dando lugar a arribas em socalcos vinhateiros e curvas ondulantes do rio. O comboio vai sulcando o Rio Douro e vendo os cruzeiros subirem pelas eclusas. A paisagem de arrebatar culmina no Douro Vinhateiro, que foi por homens moldado e recebeu da UNESCO o título de Património da Humanidade. A via férrea no passado terminava em Barca d’Alva, junto a Espanha, mas homens funestos que agora escrevem livros sobre a arte de bem governar, deram ordens para a encerrar. Estes vilões de memória curta, no final do século XX, mataram parte destas linhas e destruíram muito do seu património, sem dar cavaco ao povo que juraram representar.  

Percorrer de bicicleta a Ecopista do Sabor foi uma aventura épica que vamos narrar, realçando a riqueza sublime dos vales do Douro e Sabor. Começamos a viagem de comboio, para chegar ao destino, pela Linha do Douro, abarcando as paisagens através da janela, navegando junto às arribas do rio Douro, até chegar ao Pocinho. Aqui começa a Ecopista do Sabor, construída aproveitando o traçado da antiga linha férrea, que nos finais do século XX, foi como outras vilmente encerrada sem atender às populações do interior. Alguns destes decisores que deveriam ter sido julgados podem agora apresentar livros e discorrer com enlevo sobre a arte de bem governar. Neste percurso pedalamos junto às antigas estações onde o património foi esquecido, destruído e abandonado. Apesar do desatino a sua reconversão em pista ciclável veio dinamizar e recuperar parte da sua glória, embora por vezes o coração se ressinta da grave ofensa, mas temos que perdoar. Neste artigo vamos escrever sobre a sua localização, características técnicas, história e pontos de interesse.

A Ponte da Misarela, ou Diabo, sobre o rio Rabagão, fica situada no lugar de Frades, Ruivães e Vieira do Minho. A passagem tem raízes medievais e a sua agreste construção granítica, em medonho local com íngremes penedos que se projetam para penoso e profundo vale, fizeram nascer cultos satânicos de arrepiar e mulheres ali ocorrem com responsos de fertilidade. A lenda reza que um criminoso desesperado em fuga invocou o Diabo, em troca da sua alma, para passar o rio, que logo a fez brotar das entranhas da terra. Quando estava a morrer um padre livrou o condenado de tão grave pena. O local terá sido amaldiçoado e a besta gostar de sangue, porque ali se travaram mortíferas batalhas entre tropas portuguesas e francesas, na segunda invasão napoleônica, liberais e absolutistas, cartistas e constitucionalistas, no período conturbado que antecedeu a implantação da república. Parece apenas uma pequena ponte, mas homens expiaram nas suas lajes, afinal Belzebu ainda ali está de atalaia para cobrar a sua dívida e vingar-se do prior.

O Poço Negro do Soajo, fica localizado nesta freguesia do concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, região do Alto Minho, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês. A sua lagoa e cascata são das mais bonitas desta região e mais facilmente acessíveis. A sua profundidade permite nadar e mergulhar com cuidado e devida técnica. Apesar do nome de meter medo, a água é na realidade transparente e de um belo verde-esmeralda, que encanta e inebria. Nas margens a sua transparência deixa ver no leito do rio os escorregadios seixos com apaixonantes cambiantes e reflexos tremeluzentes. No verão a tranquilidade é quebrada pela romaria dos fins-de-semana que deveria ser controlada. A sua localização mal assinalada pode passar despercebida e deveria ter alguma espécie de segurança na época balnear.

Zambujeira do Mar pertence à freguesia de São Teotónio, concelho de Odemira, distrito de Beja, ficando inserida no interior do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. A beleza natural das suas praias e riqueza da fauna e flora, transformou esta antiga aldeia piscatória num local predileto para os turistas que desejam passar férias tranquilas junto ao mar com muito sol. Para os amantes dos desportos náuticos as suas brisas marítimas permitem navegar na crista das ondas, nadar ou mergulhar. A abundância de peixe permite praticar pesca submarina ou com cana, por vezes de forma temerária. Quando o mar faz recuar as suas águas, os poços de maré, aprisionam peixes, medusas, anêmonas, artrópodes e invertebrados marinhos, que convidam à contemplação. Para os caminhantes há percursos pedestres que serpenteiam junto às falésias de meter medo, sob o olhar espantado dos pássaros. Neste artigo vamos mergulhar fundo no seu povo, águas, terras, usos e costumes.