Ondas da Serra

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Arouca entrou a caminhar por este milénio decidida aproximar as pessoas do seu território, distante passado geológico e magníficas criações da sua natureza. O Criador num dia de inspiração e bons humores, com magnificência criou o Vale do Paiva, deu-lhe apaziguamento, mas deixou-lhe o carácter do maior rio de águas bravas de Portugal. Arouca com a criação dos Passadiços do Paiva em 2005 oferece aos seus hóspedes a capacidade de deslumbramento e contemplação destas obras de arte divinas. Para os mais afoitos em 2021, subiu aos céus sem limites criando a 516 Arouca, “Maior Ponte Pedonal Suspensa do Mundo”, que como o próprio nome indica tem uns impressionantes 516 metros de comprimento e 175 metros de altura acima do rio Paiva.

Levou-nos a bruma da maré à Praia dos Pescadores de Angeiras - Lavra - Matosinhos. No extremo norte deste concelho, na praia de Angeiras, subsiste uma das últimas comunidades de pesca artesanal da região. Fundeamos neste reino quando navegávamos pedalando por marítimos passadiços entre Porto e Vila do Conde. Ao entrar no seu portinho, deparámo-nos com grande reboliço de lobos do mar, trabalhando desalmadamente nas artes de pesca que atascavam o caminho, alheios ao ocioso forasteiro. As afoitas gaivotas voavam e aterravam sem pudor para roubar pescado, nas barbas de pescadores desinteressados da ofensa. As embarcações nidificavam no areal, olhando temerosas o mar revolto que as pode tragar, mas que a bonança e preces a santos populares as fazem quase sempre regressar. Neste artigo vamos conhecer um pouco desta típica vila piscatória, alguns dos seus valentes homens, o seu portinho, rica história e o local escavado na rocha onde romanos salgaram peixe.

O Rio Caima pula como uma criança pela Serra da Freita abaixo, brincando por montes e vales desde Albergaria da Serra em Arouca até à foz no Rio Vouga. Ao chegar à Frecha da Mizarela lança-se incauto no abismo, mas vai ganhando carácter com o crescimento ao passar por terras de Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis. Em Ossela é já um confiante e belo jovem por cujas damas se enamoram. Para o agradar, Palmaz em 2011 ofereceu-lhe nas suas margens uns passadiços, muito aclamados pelo povo. Este é um local agradável para caminhar pelos recônditos trilhos, rodeados de frondosa vegetação, escutando a sinfonia dos pássaros, sussurro das águas e zumbidos das abelhas. Contudo passado mais de uma década desde a sua requalificação o espaço carece de atenção e de obras de manutenção, para relançar todas as suas potencialidades e recolocar o velho rio no seu usurpado trono.

Quem gosta de montanhas, geologia e história caótica da terra regressa com frequência ao Arouca Geopark, para descobrirmos a nossa odisseia a bordo de caravelas do tamanho de continentes. Nestas serras cada pedra sussurra o passado se a soubermos interpretar ou ouvirmos os homens que as estudam. Navegamos numa jornada pela caminhada interpretada do "Vale do Paiva", onde ficamos a conhecer melhor a “Pedreira do Valério”, onde nas lousas ganham vidas gigantescos fósseis de trilobites e escalamos a Gralheira d'Água, onde romanos extraíram ouro de antigas minas mouras. No seu miradouro saboreamos as paisagens longínquas de Alvarenga e Cinfães e conhecemos a lenda do rego do boi.

Fomos conhecer a Serra de São Macário, onde meditou o ermita, penitenciando-se pelos pecados e vida boémia que viveu, enclausurado em serrados e impenetráveis penedos, longe da vista humana. No fundo do vale o povo erigiu com xisto a Aldeia da Pena, com vista para a Livraria da Pena, onde se pode ler na curiosa geologia e restos fossilizados da passagem de trilobites a história do ordovício há 480 milhões de anos. O percurso pedestre, PR 4 - Rota da Cabra e do Lobo, de São Pedro do Sul começa nesta Aldeia de Portugal, caminha por paisagens que a elevação humana não abarca, passando pelas igualmente formosas aldeias de Covas do Monte e Covas do Rio. É esta odisseia pelo passado que lhes vamos contar neste artigo, onde vimos cabras e até um lobo fugidio.  

O município de Vale de Cambra alberga no seu reino três belas aldeias, que embrenhadas nas serras poderá conquistar, Trebilhadouro, Felgueira e Lomba. As duas primeiras ostentam a marca de qualidade “Aldeias de Portugal”, mas todas estão inseridas nas “Montanhas Mágicas”. Estas terras partilham a ruralidade, autenticidade, tradições, natureza, ribeiros e serras. Neste artigo vamos caminhar por este concelho, visitar estas aldeias e perceber algumas das razões que levam ao seu declínio e desertificação. Estudamos também que medidas foram implementadas para as revitalizar sem as descaracterizar.