Fonte do Estanislau requalificada com passadiços e moinho Moinhos de Rodízio da Fonte do Estanislau Ondas da Serra
quarta, 08 fevereiro 2023 00:59

Fonte do Estanislau requalificada com passadiços e moinho

Classifique este item
(7 votos)

A antiga Fonte do Estanislau, possui grande valor natural e património histórico, ficando localizada entre as freguesias de Arada e Maceda, nas margens da Ribeira do Louredo ou Rio Lourido. Este local foi requalificado e inaugurado em 25 de abril de 2022, pelo Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro. O rio que ali passa em tempos fez mover vários moinhos de rodízio, tendo um deles sido recuperado. Foram também construídos passadiços, escadas e pontes em madeira, para se poder passear por este parque, onde não faltam mesas e bancos para as pessoas poderem fazer uma pausa, debaixo da frondosa sombra, ao som do marejar das águas e afastar o desejo por comida e bebida. A intervenção foi positiva, mas o espaço em redor e o que parece ser a poluição do rio fazem mácula em Ártemis e sua divina beleza.

Assuntos em destaque no artigo do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Neste artigo sobre o Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau os nossos leitores poderão ler os assuntos a seguir referidos, bastando clicar neles para abrir a página no local pretendido:

Requalificado do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

O Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau foi requalificado e inaugurado em 25 de abril de 2022, pelo Presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro. "A Fonte do Estanislau é uma área verde situada na fronteira entre as freguesias de Maceda e Arada (concelho de Ovar, no distrito de Aveiro), junto à ribeira do Louredo ou “Lourido”, com relevante interesse cultural, histórico, paisagístico, biológico e geológico. Inserida numa paisagem natural rural, nas margens da ribeira encontram-se diversos moinhos de água tendo como ponto de atração a fonte de água, conhecida como Fonte do Estanislau."2  

"O núcleo principal do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau  é constituído por duas casas com vários compartimentos que albergavam quatro casas de mós, funcionando num sistema de “cascata”, em que a água, que faz girar as mós da primeira casa, a montante (hoje recuperada), é depois novamente recolhida numa pequena presa para fazer girar as mós da segunda casa a jusante."1 Antigamente a função destes moinhos era moer cereais, para fazer farinhas para a produção de pão ou rações para o gado. 

Localização do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

"O Parque de moinhos da Fonte do Estanislau, localiza-se entre as freguesias de Arada (a sul) e Maceda (a norte), no concelho de Ovar, nas margens da Ribeira de Louredo ou Rio Lourido como é também conhecido, na  Rua do Estanislau, 3885-154 Arada."1

O Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau, tem espaço suficiente para se estacionar o automóvel, se for esse o seu meio de transporte. No começo deste parque existe um painel com informação relevante sobre o mesmo e pontos de interesse, que poderá estudar se quiser perceber em pleno aquilo que está a visitar.

Mapa do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Mapa do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Créditos da Imagem: Câmara Municipal de Ovar

Pontos de interesse do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau1

Passadiços do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

  • Fonte do Estanislau;
  • Moinhos de rodízio da Fonte do Estanislau;
  • Cascata da Sogra;
  • Forno rústico no interior da casa do moinho;
  • Passadiços, escadas e pontes em madeira para caminhar junto ao rio;
  • Ribeira de Louredo ou Rio Lourido; 
  • Caminhos pedonais;
  • Área de merendas e piqueniques com mesas;
  • Bancos em madeira;
  • Muros de pedra;

Pontos de interesse dos Moinhos de Água1

  • Açude;
  • Presa;
  • Comporta;
  • Canais de escoamento lateral das águas;
  • Levada de água para o moinho;
  • Tanque;
  • Grelhas de entrada de água;
  • Saídas de água do aparelho de rodízio;

Histórica origem do termo Fonte do Estanislau

"O termo “Estanislau” é uma derivação da antiga designação do lugar “Extremum Lactus”, que significava “no extremo da freguesia”? Esta referência surge pela primeira vez em 1053 (No “Portugaliae Monumental Historica”), evoluindo depois para “Strenislau”, até que a fonte antiga aí existente se passou a chamar “”Fonte do Estanislau."1 

"Resta-nos a Fonte do “Strenilau” assim chamada por se encontrar no extremo da freguesia - “Extremum Lactus” - “Lado extremo”, que em virtude de diversas evoluções fonéticas veio através dos tempos a ser “Srenislau”, ou seja - genitivo latino “extremi”, designativo de lugar, posse, etc., dando-se a aférese do “e” (queda da vogal no princípio da palavras), a "síncope" do “t” intervocálico em “latus” e a queda natural (apócope) do S. e aí temos nós o “S'trenilau”.

O nosso povo é o grande mestre da Língua. Quando a expressão é difícil ele torna-a fácil. É a “lei do menor esforço” a funcionar. O facto de ver, há pouco tempo, em diversas placas direcionais, a expressão, “Fonte do Estanislau”, causou-me impressão. A que título uma fonte pública, ao serviço de todos, podia tomar-se uma fonte particular? E mais: do “Estanislau”, Padroeiro da Polónia! É certo que depois das Invasões Francesas, um pelo menos ficou entre nós, mas tomou nomes locais ficando apenas com o paleido da sua origem, “Polaco”.

Porque razão se lembraria alguém de lhe atribuir tal nome, de Estanislau? Dizem-me que foi recentemente uma senhora professora que ouvindo os seus alunos dizer “S’trenilau” lhes chamou estúpidos e me ensinou a dizer “Estanislau”. Esta informação que me foi prestada pelo meu amigo Manuel Ribeiro (Mais Barato), natural de Arada e residente em Maceda, e que num gesto de simpatia, porque gosto de provar o que afirmo, me levou a contactar dois venerados cavalheiros em idade entre 83 e 86 nos, de Arada, enciclopédias vidas do séc. passado, ou não fosse um deles apelidado de “perigoso” que me ajudaram a deslindar o imbróglio.

Claro que interrogados acerca da fonte, ambos pronunciaram bem distintamente a palavra “S’trenilau”. Por eles fiquei a saber que não havia apenas um mas três “Strenilau” que afinal não o eram. Com efeito, um era Domingos, outro Joaquim e o último, Felisberto. Começava aclarar-se dificuldade. Com efeito, o Domingos era irmão do Joaquim, mas o Felisberto, fogueteiro, não era da família e até era natural de Maceda. Porque lhe dariam o nome? Simplesmente porque veio a casar com a irmã dos outros dois e herdeira da casa e terreno que se encontrava e encontrava na “extrema” de Maceda.

O topónimo dera lugar ao antropónimo. Ainda hoje o nosso povo ao falar dos limites de propriedade usa essa expressão. “Fica na ‘strema”. Estava reposta a verdade e reposta também a prova de que Arada não tinha frente com rio e os seus limites vinham em linha recta de Terras de Ermar para a Fontinha do Vale. Interessante que hoje existe em Arada alguém com o nome de “Estanislau”. É o seu Pároco actual que por caso é Polaco!" (Ribeiro, 2013), pág. 382 e 383

História dos Moinhos de Rodízio

Moinhos de Rodízio do Estanislau

"Os moinhos de rodízio são instalações dedicadas à moagem de materiais, sobretudo cereais como o milho, o trigo e o centeio. Os primeiros moinhos conhecidos utilizavam a água como força motriz, surgiram há cerca de 2500 anos, nas sociedades do Mediterrâneo Oriental e Crescente Fértil, sob a forma de noras ou rodízios verticais. Os primeiros rodízios horizontais terão surgido na Grécia antiga há cerca de 2500 anos, com engrenagens de madeiras semelhantes às atuais.

Em Portugal, os moinhos de águas de rodízios horizontais contam-se entre os mais comuns, porque são os que permitem aproveitar melhor os cursos de água com pequena ou média dimensão, em zonas com algum declive e/ou com caudal algo irregular.

Além dos cereais, os moinhos de água também eram utilizados para moer azeitona, e, no caso concreto dos moinhos do Estanislau, para triturar carvão e salitre para a produção de pólvora, matéria-prima fundamental para a indústria local de pirotecnia."2

Como funcionam os Moinhos de Rodízio

Moinhos de Rodízio do Estanislau

Os moinhos de rodízio funcionam da seguinte forma: "A água é transportada por uma levada ou canal, a partir duma pequena represa ou açude, localizada a montante, até junto da casa do moinho, sendo depois afunilada, sob pressão, para o interior, através do cubo, produzindo um jato de água que permite as “pás”, ou “penas”, rodar o rodízio, movimentando o sistema de moagem assente por cima deste."2

A moagem de cereais ao longo da história no distrito de Aveiro

"A moagem de cereais para a alimentação humana ou dos animais, sempre foi uma prioridade do ser humano. Sendo o pão a base da alimentação humana que perdurou durante muitos séculos, era necessário encontrar sistemas que permitissem a transformação do cereal em farinha. Tendo em conta o consecutivo aumento da população humana ao longo dos tempos, o número de engenhos teve forçosamente que acompanhar esse crescimento, assim como a sua sofisticação, de forma a atingir maiores rendimentos.

A ocupação humana do território que actualmente abrange o distrito de Aveiro remonta a tempos pré-históricos. Nas campanhas arqueológicas que se efetuaram nos inúmeros povoados castrejos que aqui se podem encontrar, como por exemplo o Castro de Cão do Carvalho, concelho de Vale de Cambra, ou no Castro de Romariz, concelho de Santa Maria da Feira, foi possível recolher vários artefactos que indiciam a utilização de pilões, rebolos e mós para a trituração do cereal.

Já durante a ocupação romana, a utilização de mós teve um incremento acentuado, como aliás se pode comprovar pelos vestígios que foram recolhidos em vários estações arqueológicas, como por exemplo no Cabeço do Vouga, concelho de Águeda, onde alguns autores situam a antiga cidade de Talábriga.

Durante estes séculos, a propriedade dos moinhos passou de particulares, os quais terão procedido à sua construção entre os séculos X e XII, para a posse de instituições religiosas, tais como o Mosteiro da Vacariça ou a Sé de Coimbra, através de doação ou compra dos mesmos. Já no reinado de D. Diniz (1279-1325), este monarca incentivou a construção de novos moinhos por parte de particulares, essencialmente através de aforamento de propriedades, de forma a que a atividade moageira não se concentrasse excessivamente na posse da igreja." (Ferreira, 2008), pág. 12 a 15

Moinhos de água do concelho de Ovar ao longo do tempo

"No que diz respeito ao concelho de Ovar, segundo informações compiladas para a estatística industrial de 1867 e referentes ao ano de 1865, os moinhos de água deste concelho moeriam anualmente 5254,05 hectolitros de trigo, 14636,28 hectolitros de milho e 2103,09 hectolitros de cevada, dando emprego a 110 pessoas de ambos os sexos, as quais utilizavam cerca de 62 animais para o transporte do grão e da farinha.

Ainda segundo estas mesmas informações, em todo o concelho existiriam 52 moleiros, todos homens, e 55 moinhos de água. Quanto à freguesia de São Cristóvão de Ovar, nela existiriam 33 moleiros, todos homens, e cerca de 33 moinhos de água.

Também nesta freguesia, mas no ano de 1912, existiriam cerca de 60 moinhos de água, os quais estariam quase exclusivamente dedicados ao descasque do arroz, o qual provira de outros distritos do país, tais como Santarém ou Setúbal, assim como de outros locais do distrito de Aveiro, tais como Perrães, Fermentelos  ou Vagos. Nesta altura, haveria unicamente 4 moinhos de vento nesta freguesia.

Atente-se na quase duplicação do número de moinhos de água no espaço de menos de meio século (1865-1912), assim como a particularidade de se dedicarem ao descasque de arroz, actividade percursos da expansão industrial posteriormente verificada neste concelho." (Ferreira, 2008), pág. 20

Moinhos de Maceda com referências desde a época do reinado de D. Afonso III

"Já existem referências aos moinhos de Maceda desde a época do reinado de D. Afonso III (1248-79)? A autorização régia acompanhou o aumento da produção agrícola local e a necessidade de moagem de maiores volumes de cereais, não só para o consumo local mas também para o comércio e venda fora da Comenda da Ordem de Malta."2

O declínio dos Moinhos tradicionais de rodízio ou vento

"A agricultura deixou de ser a actividade a que todos estavam de alguma forma ligados, seja como forma de rendimento e até origem de algumas fortunas familiares, seja como meio de subsistência ou complemento a uma outra actividade profissional. A generalização do acesso à energia eléctrica veio permitir a moagem em casa, com o moinho eléctrico, o qual não necessitava de estar condicionado aos caprichos da natureza, ao ritmo das estações do ano, que moia houvesse ou não água no ribeiro ou soprasse ou não vento de feição.

O acesso aos bens de consumo, de forma mais cômoda e diversificada, diminuiu drasticamente a necessidade de moer o cereal para obter farinha, para a alimentação humana ou para os animais de criação. Hoje em dia basta ir à loja da esquina, ou grande hipermercado do subúrbio, para ter ao dispor diversas qualidades de pão, de farinha ou rações para o gado. Todos estes fatores contribuíram para o progressivo abandono dos sistemas de moagem tradicionais." (Ferreira, 2008), pág. 12

O Parque Temático Molinológico, com o seu trabalho tenta preservar as memórias destes ofícios ancestrais. Este parque fica localizado nas freguesias de UL, Travanca e Loureiro - Oliveira de Azeméis, onde está a ser feita a preservação etnográfica dos antigos ofícios de moleiro e padeiro. O segredo do afamado pão de UL aqui cozido é que não há nenhum milagre ou artes mágicas, mas sim carinho empregue na sua fabricação, usando técnicas ancestrais, com produtos genuínos e fornos onde a alquimia produz ouro destes cereais, unindo os elementos da terra, ar, água e fogo, num produto que remete para as nossas raízes primordiais.

Fonte do Estanislau com duas bicas de água

Fonte do Estanislau

A Fonte do Estanislau tem duas bicas de água, mas tenha em atenção que a mesma não é controlada, nem existe qualquer aviso no local sobre este assunto, como é habitual. "Esta fonte cuja água, puríssima, era recomendada pelo médico da Vila da Feira, Dr. Antunes, que qual João Semana, a cavalo, visitava muitos dos doentes desta freguesia, no primeiro quartel do séc. XX e que ainda há pouco era procurada pelos habitantes de outras freguesias e não só de Maceda e Arada, encontra-se em estado deplorável e contaminada!" (Ribeiro, 2013), pág. 383.

Moinhos de rodízio da Fonte do Estanislau

Moinhos de rodízio da Fonte do Estanislau

O núcleo principal é constituído por duas casas com vários compartimentos, tendo um deles sido recuperado. No extremo oeste existe outra pequena casa que albergava também um moinho de rodízio.   

Ruínas de um moinho de rodízio do Estanislau

Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Existem umas ruínas de um moinho de rodízio no núcleo central do Parques dos moinhos da Fonte do Estanislau, com três espaços, um anexo, cozinha e forno rústico e casal de mós.

Forno rústico no interior do moinho de rodízio do Estanislau

Forno rústico do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Um dos aspetos no que agradou foi o forno rústico no interior da casa do moinho que ainda não foi recuperada, contudo o mesmo está sujeito à degradação, pela exposição aos elementos e vandalismo e pela sua importância espera-se que um dia este moinho seja requalificado ou este moinho seja protegido.   

Passadiços do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Passadiços do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Os passadiços em madeira do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau, tem cerca de 800 metros e foram construídos nas margens da Ribeira do Louredo ou Rio Lourido, tendo o seu maior percurso a orientação Este - Oeste. Um dos troços segue entre o rio e a levada de água para o moinho recuperado, terminado no açude e Cascata da Sogra. O outro passadiço passa junto das ruínas do outro moinho, segue depois junto da margem ribeirinha, até ao moinho de água mais pequeno. No local existem duas pontes que cruzam a linha de água e escadas que passam entre o núcleo central dos Moinhos do Estanislau. No cimo da encosta a escadaria termina na Fonte do Estanislau, que tem duas bicas.

Cascata da Sogra na Ribeira do Louredo ou Rio Lourido

Cascata da Sogra no Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

A Cascata da Sogra na Ribeira do Louredo ou Rio Lourido, situada a montante do rio, tinha o objetivo de criar um açude para conduzir a água pela levada para alimentar o cubo dos dois moinhos de rodízio, do núcleo central, que funcionavam em cascata em que a água de um era aproveitada para o outro. O passadiço construído permite desfrutar de toda a sua riqueza. 

Fauna do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

"Em termos de fauna, as aves são um dos grupos mais fáceis de observar, destacando-se espécies tipicamente florestais como a carriçinha (Troglodytes troglodytes), os chapins, o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), o gaio (Garrulus glandarius) ou o merlro-preto (Turdus merula)."1 

Flora do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Flora do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

"Nesta aprazível área florestal pode observar-se a flora típica das galerias ribeirinhas do centro e norte de Portugal, dominadas por árvores como o amieiro (Alnus glutinosa), o sabugueiro (Sambucus nigra), o salgueiro-branco (Salix salviifolia) ou o carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur)."1

A flora da Ribeira do Louredo ou Rio Lourido

"A Ribeira do Louredo (ou “Lourido”) nasce na localidade de Albergaria de Souto Redondo, na freguesia de São João de Ver, no concelho de Santa Maria da Feira. Depois de atravessar o território feirense, passa por Arada, Maceda e Cortegaça, até desaguar na Barrinha de Esmoriz / Lagoa de Paramos, pertencente aos municípios de Ovar e Espinho.

Junto à linha de água é possível encontrar diversas árvores ribeirinhas o amieiro (Alnus glutinosa), o salgueiro-branco (Salix salviifolia), o salgueiro-preto (Salix atrocinerea), o choupo-negro (Populus nigra) e o freixo-de-folha-estreita (Fraxinus augustifolia).

Esta vegetação sofre alterações sazonais significativas observando-se um contraste entre a vegetação arbórea caducifólia e perenifólia, tornando a paisagem diversificada e apelativa para os visitantes."2

Os trilhos da Fonte do Estanislau

Trilhos do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

"O percurso principal do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau centra-se na contemplação da linha de água desde a Cascata da Sogra (a montante) pelo trajeto do leito rochoso que é o fator unificador do lugar e seus usos, como a fonte e os moinhos. Além deste núcleo central pode descobrir a rica paisagem envolvente através de dois trilhos: Maceda e Arada.

Estes percursos permitem o contato com diferentes topografias e geologias ao longo do leito a ribeira, como a cascata e diversos afloramentos rochosos da Era neoproterozóica, compostos por xistos cloróticos e moscovíticos (xistos de Arada), e por anfibolitos. Estes xistos foram essenciais na estruturação da paisagem que hoje molda a cascata de leito rochoso, e abundantemente utilizados na construção dos moinhos e dos muros presentes ao longo do rio."2

O flyer disponibilizado pela Câmara Municipal de Ovar denominado "Trilhos da Fonte do Estanislau", faz referência aos trilhos de Arada e Maceda, mas os mesmo não estão marcados com a sinalética oficial da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, o que pode gerar alguma confusão nos visitantes do parque. 

Normas de utilização da Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

As normas que foram implementadas para o Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau, pela Câmara Municipal de Ovar, são as seguintes:

  • "A organização e realização de atividades por quaisquer interessados carece de autorização prévia pelos serviços competentes do Município de Ovar, Os pedidos deverão ser dirigidos para ecolinha@cm-ovar, com 8 dias de antecedência;
  • Circular sempre pelos caminhos;
  • Deposite os resíduos nos locais apropriados;
  • Permitidos piqueniques (sem confeção de alimentos);
  • Evite ruído, proibido aparelhos de som;
  • Proibido colher plantas e incomodar os animais;
  • Proibidos circulação de veículos motorizados;
  • Proibido acampar;
  • Proibido fazer lume;
  • Proibido danificar ou fazer uso indevido de equipamentos, estruturas de mobiliário urbano e peças ornamentais;"

O que melhorar no Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

  • A Fonte do Estanislau deveria ter um aviso a informar que a água não é controlada;
  • A Ribeira do Louredo ou Rio Lourido, pareceu-nos poluído, em virtude de apresentar uma cor acinzentada que não nos pareceu natural e o cheiro um pouco estranho;
  • Melhorar o enquadramento exterior e terrenos em volta do parque, quando fomos ao parque, tinham andado a cortar arvoredo junto da estrada de acesso e no terreno ainda permanecia o restolho do corte. Nós entendemos a dificuldade desta intervenção porque muitos destes terrenos devem pertencer a particulares e por isso deverá ser mais difícil uma intervenção. Por outro lado, ali passa uma linha da alta tensão, que obriga ao corte e manter livre de vegetação faixas laterais, o que também empobrece o local, mas aqui não há nada a fazer;  
  • Informar que os trilhos mencionados no flyer denominado "Trilhos da Fonte do Estanislau", de Arada e Maceda não têm marcações, de forma a não causar dúvidas nos visitantes;

Antigos fontanários de Ovar degradados esperam recuperação

Espalhados pela cidade e arredores, encontramos os fontanários de Ovar, cuja antiga função era dar de beber ou servir de lavatórios aos vareiros do concelho. A construção dos parques junto às frentes ribeirinhas, têm melhorado a recuperação de alguns, mas ainda não é suficiente para evitar que a maioria deste património esteja degradado e corra o risco de desaparecer. Fomos dar uma volta de bicicleta, por nove destes fontanários e medimos a sua saúde ao longo de oito quilómetros. No artigo que escrevemos deixamos uma sugestão para planear uma visita a este património indelével da população vareira, mas que para outros por não ser floresta para abater ou cantor para contratar vão deixando morrer.

Download de dois flyers do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Download dos dois Flyers dos Moinhos de Rodízio da Fonte do Estanislau e Trilhos da Fonte do Estanislau.

Créditos e Fontes pesquisadas

Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - Placa informativa da Câmara Municipal de Ovar, colocada no Parque de moinhos da Fonte do Estanislau.
2 - Flyer da Câmara Municipal de Ovar.

Referências bibliográficas

Ribeiro. (2013). Maceda um marco histórico : monografia (S. Pedro de Maceda : Centro Social e Paroquial, Vol. 1, pp. 1–502).
Armando Carvalho Ferreira. (2008). Moinhos do Distrito de Aveiro. Armando Carvalho Ferreira.

Galeria de fotos do Parque de Moinhos da Fonte do Estanislau

Lida 5312 vezes

Autor

Ondas da Serra

Ondas da Serra® é uma marca registada e um Órgão de Comunicação Social periódico inscrito na ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com um jornal online. O nosso projeto visa através da publicação das nossas reportagens exclusivas e originais promover a divulgação e defesa do património natural, arquitetónico, pessoas, animais e tradições do distrito de Aveiro e de outras regiões de Portugal. Recorreremos à justiça para defendermos os nossos direitos de autor se detetarmos a utilização do nosso material, texto e fotos sem consentimento e de forma ilegal.     

Itens relacionados

Capelas dos Passos: Tesouro religioso no coração da Ovar

As Sete Capelas dos Passos, ficam localizadas no centro de Ovar, tendo sido construídas no século XVIII, com o objetivo de recriar a Via Sacra de Jesus Cristo, para expiar os pecados dos homens, pelas ruas de Jerusalém, desde o Pretório de Pilatos até ao Calvário. Estes templos possuem uma forte carga simbólica, emocional e religiosa, pelas cenas da paixão de Cristo e Santos Bíblicos representados. Os artistas recriaram estes quadros com frescos e centenas de esculturas que parecem imbuídas de vida, transparecendo dor, emoção, justiça e vingança. No passado estas procissões da quaresma eram feitas com capelas de lona portáteis e santos de palha, tendo sido substituídas por estes templos que foram erigidos com o dinheiro de um curioso imposto da venda de vinho. Neste trabalho fizemos uma exaustiva pesquisa para dar a conhecer a sua localização, história, aspetos técnicos, simbologia, representação, descrição e curiosidades. Em cada uma das capelas fizemos também uma recolha fotográfica de forma a os visitantes saberem de antemão quem são as figuras bíblicas representadas e frescos pintados. Este património está classificado como de interesse público, mas tem problemas de conservação, restauro e projeção que vamos enumerar. Nós tivemos o privilégio de rever e redescobrir estas capelas participando num evento organizado pelo município vareiro, através duma visita guiada e encenada denominada “Passo a Passo”, tendo por cicerone, "Zé dos Pregos", interpretado pelo artista Leandro Ribeiro, da Sol d'Alma - Associação de Teatro de Válega. 

Ovar: O que visitar, passear na Ria e Mar, comer e dormir

Neste artigo vamos dar a conhecer aos nossos leitores que pretendem visitar Ovar, as atrações que podem ver, visitar, onde podem comer e dormir. Esta terra vareira tem seis pilares que a caracterizam, Cantar os Reis, Carnaval, Pão de Ló, Azulejo, Procissões Quaresmais e Natureza, onde se integra a Ria de Aveiro, Mar com as suas praias e zona florestal, que está no entanto em risco pelos abates cegos que têm sido realizados e não sabemos se vão ser retomados no futuro, quando a poeira assentar. 

Arte Xávega da Companha Jovem vai morrendo no Furadouro

A história vareira de Ovar está profundamente enredada na pesca artesanal, onde grossos mares reclamaram tantas vidas. As suas varinas saindo de canastra à cabeça, vergadas pelo jugo do peso, caminhando descalças muitas léguas sem fraquejar ou reclamar, apregoavam com rouca marítima voz, “Sardinha do nosso mar”, pelos cantos recônditos do nosso distrito e arredores, levando o seu vozeirão até à longínqua Régua. As companhas de pesca às centenas, pescando cegamente com Arte Xávega, foram morrendo e hoje neste concelho são menos que os dedos da mão. Um destes dias ainda com noite fechada, arremetemos pelo formoso mar, navegando com os pescadores da “Companha Jovem”, a única sobrevivente da praia do Furadouro. É esta história que vamos contar, as vivências destes robustos pescadores, com as suas glórias e angústias, últimos representantes duma arte tradicional que merecia mais atenção, para não deixar morrer a nossa memória, porque nem tudo são cantigas ou distribuição anárquica de subsídios.