Conheça o lugar da Moita - Ria de Aveiro - Canal de Ovar
O cheiro da Ria de Aveiro é inconfundível e em cima da pequena ponte da Moita a vista alcança e abrange toda a linha do horizonte. Este é o ponto de encontro dos pescadores desportivos ou observadores de aves.
Pelos seus caminhos em terra batida encontramos pescadores, agricultores, turistas ou caminhantes ocasionais. No final da estrada em terra batida resiste ainda e sempre um casebre familiar, os seus moradores já se cruzaram connosco e nós parecemos não lhes inspirar confiança, lá terão as suas razões, nem todos sabem respeitar o “dono” da terra.
A formação da Ria de Aveiro remonta ao século XVI
“A Ria de Aveiro formou-se no século XVI, como resultado de um recuo do mar e, posteriormente, uma formação de cordões litorais e que originaram uma laguna.” 1
Extensão da Ria de Aveiro
“A ria tem uma extensão de 45 quilómetros e aproximadamente 11 quilómetros de largura, no sentido este-oeste, tem uma foz que envolve 11 mil hectares, dos quais, mais de seis mil estão permanentemente cobertos de água. A Ria, que ao afastar terras as junta, ao mesmo tempo, numa grande e forte união entre as gentes, tem um papel fundamental na agregação do território e do seu desenvolvimento.” 1
A Ria de Aveiro, tem na sua zona mais larga entre as margens da Torreira e o Cais do Bico na Murtosa, uma extensão de 1500 metros.
Ria de Aveiro localização
A Ria de Aveiro, também conhecida como Foz do Vouga, é uma laguna que existe na região de Aveiro, entre os concelhos de Ovar e Mira.
- Área: 75 km²;
- Localidades: Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Mira, Murtosa, Ovar e Vagos;
- Afluentes principais: Rio Vouga, Rio Antuã, Rio Boco e Rio Cáster;
- Comprimento: 45 km;
- Distritos: Distrito de Aveiro; Distrito de Coimbra;
- Canais: A ria divide-se em três canais/zonas: o Canal de Ovar, o Canal de Ílhavo e o Canal de Mira;
- Canais Urbanos de Aveiro: 1 A Ria de Aveiro forma cinco canais urbanos na cidade de Aveiro, que são sobretudo utilizados para fins turísticos, onde se realizam passeios em embarcações tradicionais, onde se destacam o moliceiro e o mercantel:
- Canal Central;
- Canal do Côjo;
- Canal das Pirâmides;
- Canal de São Roque;
- Canal dos Santos Mártires (também conhecido por Canal do Paraíso).
Breve história dos cais da ria de Aveiro e atividades
Durante séculos a economia da região lagunar da Ria de Aveiro esteve exclusivamente baseada na exploração dos seus recursos locais (Sarmento, 2005, p.207). As populações dos concelhos que rodeiam a Ria de Aveiro sempre mantiveram uma forte afinidade com este ecossistema, vivendo em função do que a Ria lhes concedia, a pesca, a recolha do moliço, bivalves e crustáceos, o sal, o tráfego lagunar e a agricultura. Ao longo dos séculos estas populações desenvolveram atividades agro marinhas, em que a conjugação entre a pesca marítima e a lagunar associada à agricultura assegurava a base da economia doméstica. 2
Segundo Sarmento (2005, p.208) “nos séculos XII e XIII, a pesca marítima e a pesca fluvial estavam claramente diferenciadas”, sendo, no entanto, exercidas em simultâneo com o trabalho agrícola. Segundo o mesmo autor, a evolução da morfologia costeira, sobretudo a partir do século XVI, provocou a decadência da pesca lagunar, levando a que muitos pescadores se dedicassem a esta faina no mar. Já no século XIX, após a abertura e fixação da barra (1808), as atividades lagunares registam um forte incremento, suscitando a necessidade de medidas de proteção dos recursos, como a instituição de um período de defeso (1868) e a regulação dos usos. 2
Ao longo dos séculos e até meados do século XX a Ria de Aveiro, funcionou como o mais importante eixo de comunicação entre as populações ribeirinhas, na ausência de grandes eixos rodoviários (a estrada que liga Ovar a São Jacinto foi construída em 1952, EN327). O vento e “os canais lagunares foram aproveitados para o transporte e deslocação entre as margens” (Sarmento, 2005, p.219), sendo rotineiras as travessias e comuns a associação entre habitações e bateiras nas margens da Ria. Este contexto dá lugar à criação de uma grande diversidade de embarcações e de cais e locais de acostagem. 3
Carlos Gomes com a sua bicicleta "Rosita"
Neste dia encontramos a passear com a sua bicicleta "Rosita", Carlos Gomes, natural da Ribeira e residente em São Miguel de Ovar, casado, com 67 anos de idade, trabalhou 47 anos na empresa Batista e Irmãos em Ovar. De olhar sereno e temperamento calmo, contou-nos que antigamente aqueles campos junto à ponte eram mais verdes e as águas mais doces, agora entra água mais salgada que mata tudo e a vegetação fica queimada.
Os problemas da Ria de Aveiro
Segundo o Carlos Gomes, este problema teve início há cerca 20 anos quando fizeram as obras na barra que permitiram às águas entrar e sair com mais pressão e velocidade. As preias-mar também são maiores e atingindo a água maior altura. Indicou-nos com o braço o local junto à ponte onde já se está a formar uma lagoa. A própria força da corrente traz consigo lodo e areia branca. Foi a área que o levou naquele dia à Moita, porque essa areia chama robalos e há uns dias um amigo seu pescou ali muitos destes peixes. Há muitas décadas os pais do seu amigo cultivavam um térreo ali perto, ele ainda criança com o amigo andavam por ali a cortar mato até junto do braço de ria, mas agora está tudo queimado sem vegetação. Frisou que antigamente naquele local existiam muitas terras de cultivo e indicou-nos duas terras que se vê da ponte da Moita para norte conhecidas pela Ilha e Boca do Rio.
A fauna do Lugar da Moita - Ria de Aveiro - Canal de Ovar
Mas lá o deixamos ir embora a pedalar para fazer aquilo que disse gostar mais, ver a paisagem. Pelo caminho fomos vendo aves, insetos e plantas. Se estivermos atentos aos pormenores podemos ver o microcosmo do universo, com foi o caso daquele casal de libélulas apanhadas em flagrante cena amorosa. Na ida e no regresso podemos ouvir e ver um bando de corvos que parecem ser os arruaceiros do local. De todas as vezes que ali vamos, vemos sempre estas aves a esvoaçar e pousar nos campos. Fazem de tal maneira barulho que até parecem que se estão a divertir ou chateados com a nossa intrusão nos seus domínios, pela algazarra que fazem.
A família de etnia romani a viajar de carroça
Já no nosso regresso fomos surpreendidos por uma família de etnia cigana, a viajar de carroça, que permitiu que tirássemos umas fotos para alegria das suas duas crianças. Nas nossas passagens posteriores pelo local podemos verificar que é habitual encontrar por aqui pessoas desta etnia, também eles gostam da natureza, mas devem também ter outro motivo mais prático, que havemos de descobrir.
Caminhe no distrito de Aveiro e pedale de bicicleta pelo norte de Portugal
O distrito de Aveiro tem dezenas de caminhadas e percursos pedestres muito bonitos, na serra, junto do mar, ria e rios, que pode aproveitar para os conhecer. No norte de Portugal há muitas ciclovias, ecovias e ecopistas que se pode percorrer, a caminhar ou de bicicleta, muitas delas por antigas linhas ferroviárias, agora convertidas em pista para as pessoas passearem.
Créditos e Fontes pesquisadas
Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - riadeaveiro.pt
2 - Esboço da História Contemporânea de Pardilhó: O Almocreve da Ti Rendeira. 1. ed. Rio de Janeiro: CBAG EDITORA, 1982. 70 p. v. 1
3 - Robaina, M. and Martins, F. and Figueiredo, E. and Albuquerque, H., Nunca mais voltas ao Cais? Perceções sociais e políticas sobre os Cais da Ria de Aveiro. RIA, Aveiro, 1981
Galeria de fotos do lugar da Moita em Ovar
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