Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:
- Começo do percurso junto à Senhora da Laje - Serra da Freita - Arouca
- História da Senhora da Laje
- Geopark de Arouca – Serra da Freita com importantes geossítios
- Gado Bovino da Raça Arouquesa - Serra da Freita - Arouca
- As paisagens magnificas do planalto da Serra da Freita
- Manhouce – Terra do Maciço da Gralheira e cante polifónico a três vozes
- Baloiço do Rio em São Pedro do Sul
- Santa Cruz da Trapa – São Pedro do Sul
- Linha A – Arada – Rota da Água e da Pedra - Montanhas Mágicas
- Solar dos Malafayas ou Solar da Gralheira - Santa Cruz da Trapa
- Chegada a São Pedro do Sul
- História da Ecopista do Vale do Vouga - Linha do Vale das Voltas
- Ecopista de Vouzela
- Oliveira de Frades
- Fim da aventura na estação de comboios de Sernada do Vouga
- Caminhe no distrito de Aveiro e pedale de bicicleta pelo norte de Portugal
- Galeria de fotos da Ecopista de São Pedro do Sul e Ecopista de Vouzela
Começo do percurso junto à Senhora da Laje - Serra da Freita - Arouca
A nossa aventura começou na Serra da Freita, junto à Senhora da Laje, em direção a Manhouce. Nestas montanhas passamos próximos das aldeias do Merujal e Albergaria-da-Serra. Escolhemos este local para iniciar o percurso devido à sua beleza e prazer de pedalar neste planalto com paisagens de arrepiar. Antes de começar demos respeitosamente uma volta pelo adro da capela, pedindo proteção na viagem e relembrar a sua história.
História da Senhora da Laje1
“A Senhora da Lage foi assim batizada por estar instalada em enormes lajedos graníticos, integrados no planalto da serra da Freita. Este constitui uma vasta superfície aplanada, cuja altitude aproximada é de 1000 metros, onde pontuam elevações residuais de granito. Nestes ocorrem diversas e singulares geoformas esculpidas pela meteorização e erosão do maciço rochoso.
A devoção mariana à Senhora da Lage remonta a finais do século XVI, inícios do século XVII. Inicialmente evocada como protetora dos muitos males que afetavam a população, com o decorrer do tempo a Senhora da Lage torna-se advogada dos campos e das boas colheitas. Este ponto, situado a 870 metros de altitude, é um importante local de devoção popular, palco da grande romaria que se celebra a 3 de maio, muito concorrida pelas gentes da serra e dos municípios vizinhos. Apelidada de Festa da Senhora da Lage é, também, designada por Festa das Cruzes, dado o elevado número de cruzes representativas das diversas freguesias que participam nas cerimónias.”
Geopark de Arouca – Serra da Freita com importantes geossítios
Estamos no reino do Geopark de Arouca, por isso paramos junto de alguns dos sítios com mais interesse geológico. Foi junto ao miradouro da Frecha da Mizarela, que voltamos a contemplar a maior queda de água de Portugal, onde o Rio Caima, cavou um fenomenal fosso aproveitando as fragilidades da rocha chistosa. Perto deste local, junto à ponte sobre este rio, pode-se observar no seu leito as marmitas gigantes do Caima, constituídas por depressões circulares, criadas pela erosão provocada pela dança forçada das águas no rodopio dos seixos.
Aqui a abundância de água e humidade dos solos ainda mantem alguns raros núcleos de turfeiras, que são formações vegetais muito especiais, “Estas plantas são protegidas pela Europa, sendo extremamente raras a sul do Douro.”1
Gado Bovino da Raça Arouquesa - Serra da Freita - Arouca
Na Serra da Freita a todo o momento poderá encontrar cabras, ovelhas, carneiros ou gado da raça arouquesa a ruminar livremente pelas encostas ou atravessar as estradas. Estes bovinos apesar de apresentarem uma robusta corpulência são pacíficos, mas apesar disso respeite o seu espaço, soubessem eles a sua força e como muitos bons homens, ninguém os levava à faca.
Vai passar perto de praia fluvial de Albergaria-da-Serra, muito concorrida de Verão e onde este gado vem beber água e afugentar temerários banhistas.
As paisagens magnificas do planalto da Serra da Freita
Neste planalto já na estrada que dá acesso a Manhouce, contemple uma paisagem que parece doutro mundo, aparentemente inóspita, despromovida de casebres, recortada por ondulantes picos montanhosos, salpicados por cinzentas graníticas rochas, que nascem por entre as ervas secas da terra. Por estas bandas só a estrada e por vezes amontados pedregosos de antigos muros nos fazem lembrar que por aqui lavrou gente.
Manhouce – Terra do Maciço da Gralheira e cante polifónico a três vozes
Passamos por Manhouce, onde ainda subsistem fortes traços da ruralidade agrícola. Neste final do verão os lavradores colhem o milho e nós vimos espalhadas pelas bermas arruadas e junto de espigueiros, as suas bandeiras a secar ao sol, para alimentar o gado no inverno.
Por aqui vive Isabel Silvestre, figura bem conhecida de Manhouce, que defende e divulga as suas cantigas. Por esta terra já passou também o nosso Ex-Presidente da República, General Ramalho Eanes, que ficou por ela enamorada e lhe ofereceu fortes palavras, agora em azulejo num destacado murro da terra, “Manhouce é uma terra onde se chega, onde se está, de onde se parte, mas nunca uma terra por onde simplesmente se passa.”
Esta é uma terra bonita, com muito património natural, cultural e arquitetónico, onde impera o granito. Pare junto à ponte sobre o Rio Teixeira, vire-se para nascente e contemple a antiga Ponte Romana, da “Via Cale” que outrora ligava Emérita Augusta (Mérida) a Bracara (Braga), com passagem por Viseu e já terá visto passar disciplinadas legiões romanas. Por aqui a natureza foi generosa, oferecendo nos rios, poços, cascatas ou lagos. No Maciço da Serra Gralheira pode fazer caminhadas e conhecer as suas aldeias e seguir as nossas pisadas.
Ao passar na aldeia da Sernadinha uma placa recordou-nos os magníficos dias de verão que passamos a dar loucos saltos para a água, por vezes imprudentes, na Cascata do Poço Negro, que concorre em espetacularidade e beleza com as do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Baloiço do Rio em São Pedro do Sul
Saímos do distrito de Aveiro para o de Viseu, com paragem junto ao baloiço de São Pedro do Sul. Neste local contempla-se ao fundo os vales florestais, as culturas agrícolas em socalcos e albufeira de Ribeiradio em Sever do Vouga, localizada no rio Vouga. Este espelho de água resultou da construção da barragem de Ribeiradio, nas proximidades da aldeia dos Amiais, em Couto de Esteves.
Santa Cruz da Trapa – São Pedro do Sul
Fomos em direção a São Pedro do Sul, pela Estrada Nacional 227. Por este caminho passamos à povoação de Vendas, Santa Cruz da Trapa e sua Igreja Matriz.
Linha A – Arada – Rota da Água e da Pedra - Montanhas Mágicas
Santa Cruz da Trapa faz parte da Linha A – Arada - Rota da Água e da Pedra – Montanhas Mágicas, podendo ser visitados os Poços das Ponte Teixeira e outros ponto de interesses naturais e arquitetónicos:
- A1 – Poços das Ponte Teixeira
- A2 – Poço Azul
- A3 – Pedras Boroas da Landeira
- A4 – Moinhos do Pisão
- A5 – Mariolas da Arada
- A6 – Turfeira da Fraguinha
- A7 – Minas de Rio de Frades
- A8 – Poços do Paivô
- A9 – Minas de Regoufe
- A10 – Lagoas de Drave
- A11 – Portal do Inferno e Garra
- A12 – Livraria da Pena
- A13 – São Macário
- A14 – Vale do Deilão
Solar dos Malafayas ou Solar da Gralheira - Santa Cruz da Trapa2
Em Santa Cruz da Trapa, fomos encontrar um tristonho palácio em ruínas, que ainda conserva traços da sua antiga aristocracia, nos recortes da silhueta, trabalhada alvenaria e minucioso brasões de armas. É uma pena não ser recuperado, entendemos que é impossível tudo recuperar, mas achamos que este pela sua riqueza deveria ter sido alvo dalguma intervenção, mais não fosse para o preservar para isso ser feito no futuro.
“Este solar, de planta retangular, foi construído na segunda metade do século XVIII e teve como último proprietário Joaquim Telles de Malafaya Freyre d' Almeida Mascarenhas, que desgostoso com a construção de uma estrada mesmo junto ao solar, resolveu mudar-se para um outro que mandou edificar na região de Serrazes. Esse novo solar é conhecido, como o primeiro, por Solar dos Malafayas ou também por Casa das Quintãs. O Solar da Gralheira, encontra-se em ruínas há dezenas de anos, embora já tenham sido feitos projetos para a sua recuperação. Destaca-se na sua fachada, sobre a porta principal, o brasão dos Malafayas. A traça deste solar parece ter sido desenhada pelo arquiteto Nicolau Nasoni, embora não haja provas desse facto. Este solar encontra-se em vias de classificação pelo IGESP"
Chegada a São Pedro do Sul
Chegamos a São Pedro do Sul, já no começo da tarde e não podemos apreciar muito do seu rico património por que passamos, como o convento dos Franciscanos ou Igreja da Misericórdia. A sua beleza não nos deixou indiferentes e temos que regressar para explorarmos melhor a cidade, património, parque da cidade, termas e margens ribeirinhas. O tempo urgia e fomos à procura do começo da nova Ecopista desta cidade, construída na antiga linha férrea do Vale do Vouga.
Depois de já estar na Ecopista do Vouga, o percurso irá ser em direção ao mar, para poente. Neste trajeto são poucos os locais onde o antigo traçado ferroviário deixou de existir, com alguma resiliência consegue-se voltar a entrar nos eixos com ajuda das indicações que nós lhe vamos abaixo indicar.
História da Ecopista do Vale do Vouga - Linha do Vale das Voltas5
"A linha do Vale do Vouga, mais conhecida como linha do Vouga e com a alcunha da linha do Vale das Voltas, em alusão ao seu traçado sinuoso, era um troço ferroviário que ligava a linha do Norte à linha do Dão, numa extensão de 140 km.
Começou a ser planeada em 1877 com o objetivo de escoar a abundante produção agrícola do vale do Vouga para o grande Porto, e foi finalmente inaugurada a 5 de fevereiro de 1914, estabelecendo a ansiada ligação ferroviária entre Espinho e Viseu.
As primeiras composições que serviam a linha do Vouga eram locomotivas a vapor, com vagões e carruagens de madeira. Mais tarde, a linha era servida por automotoras, situação que se manteve até à sua desativação em 1990 (entre Sernada do Vouga e Viseu). Fica a memória como uma das mais belas linhas ferroviárias de Portugal, subindo do litoral para a serra num périplo de curvas, túneis e pontes, cortando vales e montes de um verde luxuriante em ascensão."5
Ecopista de São Pedro do Sul
A Ecopista do Vouga em São Pedro do Sul, foi inaugurada a 7 de maio de 2017, havendo planos para ser ligada à do Dão. Este percurso tem 3 quilómetros, em contacto com a natureza e faz a ligação com as termas, passando por duas monumentais pontes de grande valor histórico e patrimonial. No final deste pequeno troço recuperado da ecopista, o piso deixa de ser betuminoso e passa a terra batida, mas é possível continuar pela mesmo até encontrar o novo percurso de Vouzela.
A Ecopista do Vouga em São Pedro do Sul, tem continuação para poente, pelo troço de Oliveira de Frade e depois para Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda, onde em 2022 foi completado o último troço, com cerca de 5 km, entre o lugar da Foz e a estação de Sernada do Vouga. Neste local ainda partem comboios para o Ramal da Linha de Aveiro, que faz ligação com a linha CP Norte. O Ondas da Serra já percorreu estes troços e fez um artigo que pode ler, "Ecopista do Vouga atreva-se na melhor ciclovia de Aveiro".
Ponte de Negrelos ou Ponte do Forno Telheiro – São Pedro do Sul1
“Localizada nas proximidades da antiga estação de comboios de S. Pedro do Sul, a Ponte de Negrelos ou Ponte do Forno Telheiro é uma das pontes ferroviárias da extinta linha do Vouga. Construída em pedra e cimento, esta ponte desenha uma ligeira curvatura ao longo do seu traçado, exibindo sete bonitos arcos que se destacam na pitoresca paisagem do vale do Vouga. Concluída no ano de 1914, foi a última ponte da Linha do Vouga a ficar acabada, tendo dependido da sua conclusão a inauguração da referida linha.”
Estação Ferroviária de São Pedro do Sul4
“Construída na margem direita do rio Vouga, pouco além do local chamado de Forno Telheiro e ao fundo da Av. José Vaz, este edifício de 1914 foi projetado para ser a Estação Ferroviária de S. Pedro do Sul, servindo hoje em dia de instalações para a associação de artesãos locais: é a Estação de Artes e Sabores de S. Pedro do Sul.
Em síntese, os projetos inicias para a construção de uma linha ferroviária ao longo do Vale do Vouga surgiram em 1877, com a obra concessionada pela primeira vez em 1889, sem que, no entanto, esse concessionário conseguisse reunir os capitais necessários, sendo que, em 1906, a concessão passou para a Compagnie Française pour la Construction et Exploiration des Chemins de Fer à l’Étranger, uma empresa de capitais franceses, propositadamente constituída para o efeito, que projetaram e levaram a cabo a construção de várias obras de arte com relevante valor histórico e patrimonial para este concelho: as pontes de Negrelos e do Pego, canais de circulação ferroviária e as Estações das Termas e de S. Pedro do Sul.
Após concluída a obra, foi no dia 5 de fevereiro de 1914 que se inaugurou o derradeiro troço de linha de caminhos de ferro do Vale do Vouga, compreendido entre Vouzela e Bodiosa, com o ponto de encontro das linhas a dar-se precisamente, nesta Estação de S. Pedro do Sul.
As opiniões da época criticaram o afastamento em que lhes ficava a estação em relação ao centro da então vila, considerando que, se investissem em boas acessibilidades, o que era um mal, transformar-se-ia num bem: aproveitaram doações de terrenos pertencentes ao senhor conselheiro José Vaz e a alguns dos seus familiares, expropriando outros, e abriram para lá uma avenida larga, bem lançada e melhor arborizada, com um casario apalaçado, uma verdadeira artéria que muito concorreu para o desenvolvimento e aformoseamento de S. Pedro do Sul.
Esta antiga estação ferroviária, conforme aliás toda a linha do Vale do Vouga, foi definitivamente encerrada no dia 1 de janeiro de 1990, sendo que, ao longo de praticamente 80 anos, constituiu um fator de progresso e desenvolvimento local e regional, deixando marcas indeléveis nas paisanagens e memórias coletivas das pessoas, formando parte importante da suas vidas sampedrenses, quer porque se serviram dos seus equipamentos nas suas deslocações habituais ou nas viagens importantes, quer porque trabalharam na sua operação e manutenção enquanto funcionários da CP.”
Ponte do Pego – São Pedro do Sul4
“Lançada para unir as margens do rio Vouga, esta admirável ponte, por ter sido erigida sobre um pego do rio, tomou o nome do lugar e passou a designar-se Ponte do Pego, constituindo hoje um símbolo arquitetónico e patrimonial do concelho de S. Pedro do Sul.
Trata-se de uma obra concebida por engenheiros franceses da Compagnie Française pour la Construction et Exploiration des Chemins de Fer à l’Étranger, cujos trabalhos de construção precipitaram em meados de 1913.
Temos notícia de que, durante o período de construção, uma pequena, embora inesperada, cheia do Vouga, arrastou por água abaixo os cimbres (estrutura temporária em madeira e com a forma de leque que suporta ao assentamento das pedras dos arcos) da Ponte do Pego, o que causou avultados prejuízos e veio a retardar em mês e meio a abertura geral da exploração ferroviária do Vale do Vouga, com os periódicos locais a explicarem assim o sucedido: “O cimbre estava assente sobre um bloco no meio do rio, bloco que se formava de areia. Isto de alicerces na areia, tanto em Portugal como em França, são falsos, n’est pas messieurs les engenieurs?" ."
Ecopista de Vouzela
A Ecopista de Vouzela foi inaugurada em 30 de julho 2021, tendo cerca de 7km, ligando a zona industrial de Monte Cavalo, em Vouzela, ao limite com o concelho de São Pedro do Sul. Esta obra é tão recente que num dos seus troços, todos alegres com a vista e magnífico piso, fomos barrados por uma fita que dizia que a pista estava fechada por andarem a pintar o seu piso. Para não voltarmos para trás fomos pela sua berma, pisando a encosta e sendo picados por silvas.
Estação de Camionagem de Vouzela – antiga estação de caminho-de-ferro de Vouzela3
“Do conjunto ferroviário de Vouzela faz parte o depósito de água, que abastecia as caldeiras das locomotivas a vapor, e o edifício da estação onde se geria e controlava o movimento comercial, o tráfego e a segurança dos comboios, vistos pela última vez em 1972. À semelhança das outras estações existentes em toda a linha do vale do Vouga, a estação de Vouzela apresenta características tipicamente francesas, que se devem ao facto da companhia construtora, parte dos capitais e dos próprios engenheiros, terem esta nacionalidade.
A estação apresenta um corpo estreito de dois andares de idêntico desenho na frontaria e traseiras, variando nas laterais. O rés-do-chão era composto por uma sala de espera, com relógio, a que se acedia, pela porta principal, a um pequeno escritório. A porta traseira dava acesso à zona de habitação do pessoal ferroviário. Uma extensão lateral, albergava o gabinete do chefe da estação e o gabinete de despachos de mercadorias, tendo o lado oposto do corpo principal o imprescindível cais de mercadorias, sob cujas abas do telhado se procedia, abrigadamente, à carga e descarga de mercadorias, transportadas por vagões. Hoje em dia constitui um exemplo de destaque em matéria de reconvenção de estruturas.”
Ponte do caminho-de-ferro sobre o Rio Zela – Vouzela3
“A ponte férrea sobre o Rio Zela – afluente do Vouga – Vouzela, datada de finais de 1913 é hoje um dos símbolos da vila. A sua funcionalidade deu lugar à beleza, que se deve não só ao seu enquadramento, como à sua dimensão e estrutura.
Com 15 arcos em alvenaria, esta construção parte integrando da Linha do Vouga, está hoje convertida em zona pedonal sendo um dos pontos de passagem para quem visita Vouzela.”
Antiga Locomotiva a vapor de Vouzela - Ecopista de Vouzela3
“A testemunhar uma época em que este meio de transporte era primordial na região de Lafões, a Locomotiva a vapor E202 foi adquirida pelos Caminhos de Ferro do Estado em 1911 à firma alemã Henschel & Sohn, para as linhas de via estreita.”
Oliveira de Frades
Quando chegamos a Oliveira de Frades, foi um pouco difícil encontrar a continuação da antiga linha. Neste concelho o antigo ramal ferroviário está a ser requalificado para ser também uma ecopista como os outros dois municípios de Lafões (São Pedro do Sul e Vouzela). Segundo apuramos, há cerca de um ano, as obras tiveram início com a consolidação do piso e dos cinco túneis que atravessam este concelho.
Nesta cidade um troço da antiga linha desapareceu, para encontrar o seu seguimento quando vem de Vouzela, circule pela EN16 até à Circular Nascente, onde numa ingreme subida à direita encontra a sua continuação. O percurso da antiga linha férrea, corre quase sempre paralela à EN16, se acontecer não encontrar a sua continuação, por ter sido cortado pelo progresso, lembre-se que ele não anda longe desta estrada nacional.
Arcozelo dos Maias - Oliveira de Frades
No regresso passamos pelo antigo apeadeiro de Nespereira do Vouga e chegamos à Arcozelo dos Maias. O nosso relato fica neste ponto, para não nos repetirmos porque no nosso primeiro artigo sobre esta ecopista, tínhamos feito a viagem em sentido inverso, partindo do Carvoeiro – Macinhata do Vouga - Sever do Vouga e terminado precisamente neste apeadeiro.
Leia também: Atreva-se na Ecopista do Vouga a melhor ciclovia de Aveiro
Fim da aventura na estação de comboios de Sernada do Vouga
Mapa da linha ferroviária do Vouga ativa
Antigamente esta estação fazia parte do percurso Espinho - Viseu, sendo de Sernada do Vouga que partir o ramal para Aveiro. Esta última ligação ainda subsiste, mas a ligação para Espinho já não é possível por ter sido desativada a linha entre Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis, como se pode compreender através da imagem acima exibida.
Esta aventura terminou nesta estação de Sernada do Vouga, onde apanhamos um comboio até Aveiro e mudamos depois para Ovar. Os nossos leitores que queiram conhecer esta Ecopista podem utilizar os comboios para chegarem ao seu começo e adequarem o percurso ao seu tempo disponível e capacidade física. Em relação aos novos percursos é pena ainda haver algumas falhas na sua ligação que não foram requalificadas para ecopistas nem estão sinalizadas, mas nada que trave um bom aventureiro.
Nesta aventura trilhamos vários caminhos em piso betuminoso e terra batida, por estradas, ciclovias ou ecopistas. Conheçamos mais um pouco desta antiga via que adoramos, talvez porque fez parte da nossa juventude e viagens selvagens entre Santa Maria da Feira e as praias de Espinho. A sua história está enraizada nos distritos de Aveiro e Viseu e sempre que a trilhamos sentimos viajar no tempo e cautelosos por ver surgir a todo o momento num túnel ou escondida curva uma esbaforada locomotiva a resfolgar pelo progresso que a matou.
Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e com as fontes indicadas. Fotos: Ondas da Serra.
Fontes: 1-Montanhas Mágicas, 2- Wikipédia, 3-Câmara Municipal de Vouzela, 4- Câmara Municipal de São Pedro do Sul, 5-Painel informativo junto da antiga estação da Paradela - Sever do Vouga, Rota da Água e da Pedra, Montanhas Mágicas.
Caminhe no distrito de Aveiro e pedale de bicicleta pelo norte de Portugal
O distrito de Aveiro tem dezenas de caminhadas e percursos pedestres muito bonitos, na serra, junto do mar, ria e rios, que pode aproveitar para os conhecer. No norte de Portugal há muitas ciclovias, ecovias e ecopistas que se pode percorrer, a caminhar ou de bicicleta, muitas delas por antigas linhas ferroviárias, agora convertidas em pista para as pessoas passearem.
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Galeria de fotos da Ecopista de São Pedro do Sul e Ecopista de Vouzela
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Ecopista de Vouzela Ecopista de Vouzela
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Ecopista de Vouzela Ecopista de Vouzela
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Canastro em Santa Cruz da Trapa Canastro em Santa Cruz da Trapa
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Milho a secar em Manhouce Milho a secar em Manhouce
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Marco da EN 227 Marco da EN 227
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Antigo apeadeiro de Nespereira do Vouga Antigo apeadeiro de Nespereira do Vouga
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Ponte de Negrelos ou Ponte do Forno Telheiro – São Pedro do Sul Ponte de Negrelos ou Ponte do Forno Telheiro – São Pedro do Sul
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Ponte do Pego – São Pedro do Sul Ponte do Pego – São Pedro do Sul
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Vendas - São Pedro do Sul Vendas - São Pedro do Sul
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