Percorrer de bicicleta a Ecopista do Sabor foi uma aventura épica que vamos narrar, realçando a riqueza sublime dos vales do Douro e Sabor. Começamos a viagem de comboio, para chegar ao destino, pela Linha do Douro, abarcando as paisagens através da janela, navegando junto às arribas do rio Douro, até chegar ao Pocinho. Aqui começa a Ecopista do Sabor, construída aproveitando o traçado da antiga linha férrea, que nos finais do século XX, foi como outras vilmente encerrada sem atender às populações do interior. Alguns destes decisores que deveriam ter sido julgados podem agora apresentar livros e discorrer com enlevo sobre a arte de bem governar. Neste percurso pedalamos junto às antigas estações onde o património foi esquecido, destruído e abandonado. Apesar do desatino a sua reconversão em pista ciclável veio dinamizar e recuperar parte da sua glória, embora por vezes o coração se ressinta da grave ofensa, mas temos que perdoar. Neste artigo vamos escrever sobre a sua localização, características técnicas, história e pontos de interesse.
A aldeia transmontana de Maçores pertence ao município de Torre de Moncorvo e cresceu no sopé do Monte Ladeiro, cujo corpo é povoado por oliveiras e amendoeiras e ervas rasteiras de urzes, estevas, giestas, espinheiros e carquejas. Foi no meio desta idílica paisagem que um pastor de ovelhas da raça autóctone Churra contou-nos a sua Odisseia. Neste artigo vamos conhecer a história desta terra, património natural e arquitetónico, gastronomia, festas, tradições e economia. Vamos destacar alguns dos seus monumentos naturais e criados pelas artes modernas e rupestres, festa do São Martinho e percursos pedestres. Conhecemos a Comissão de Festas do São Martinho que nos recebeu na sua mesa com saborosas carnes e odoríferos vinhos. Aqui ainda se perpetuam antigos rituais pagãos de adoração aos elementos da terra, pão e do vinho que celebramos fazendo libações aos deuses para agradecer a nossa chegada a Ítaca.
Conhecemos o alegre pastor transmontano António Pereira de Maçores em Torre de Moncorvo quando andava com as suas ovelhas a pastar desde o começo do dia até a noite findar. O seu rebanho da raça autóctone Churra é um dos últimos da sua aldeia e tem mais de setenta e cinco animais. Pela manhã tira ovelhas da corriça e com ajuda dos cães leva-as para as encostas do Monte Ladeiro, cobertas de oliveiras, amendoeiras e erva rasteira. Os seus animais descendem dos primeiros rebanhos que começou a criar há mais de trinta anos, que conhece pelos sinais e diz conseguir identificar a todos no meio de rebanho alheio. Para este homem as forças já foram como grossos mares, mas como o granito das serras aguenta com estoicismo a severidade de Trás-os-Montes.
O percurso pedestre PR14 - Rota das Amendoeiras tem início e fim na aldeia da Açoreira em Torre de Moncorvo. Nos meses de fevereiro e março este trilho fica enfeitiçado pelas amendoeiras em flor, com os montes cobertos por mantos brancos e rosados. Pelos seus braços avista-se o Rio Douro e os socalcos vinhateiros, a Serra do Reboredo, a aldeia de Maçores e a sua capela no meio do olival. Os viandantes são recebidos por fileiras de amendoeiras, oliveiras e por vezes centenários carvalhos. Cruzámo-nos com a Rota das Pipas, feitiços, um cão de gado transmontano e horizontes longínquos montanhosos que é onde gostamos de estar.