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A Ecopista do Dão é uma das mais icônicas de Portugal pela sua grandeza em beleza e extensão. Este percurso fez renascer o sangue que outrora fervilhava por intermédio das locomotivas a vapor que resfolegavam pela Linha Ferroviária do Dão, que foi morta mas renasceu. Se havia choro pela sua partida, agora há júbilo pela sua chegada e até parece que se ouvem os apitos dos comboios há muito calados. O seu trajeto passa por três cidades do interior, Santa Comba Dão, Tondela e Viseu e outras lindas terras rurais. Aqui há pontes de meter medo, algumas até projetadas por homens ao serviço de Gustave Eiffel. Neste artigo tentamos fazer um exaustivo levantamento dos seus dados técnicos, históricos e regionais, com destaques para o património natural e arquitetónico. Desta forma esperamos ajudar os nossos leitores, amantes das bicicletas e caminhadas, a planear a viagem e saberem de antemão o que podem ver e escolher o que vão explorar com mais detalhe.  

A aldeia transmontana de Maçores pertence ao município de Torre de Moncorvo e cresceu no sopé do Monte Ladeiro, cujo corpo é povoado por oliveiras e amendoeiras e ervas rasteiras de urzes, estevas, giestas, espinheiros e carquejas. Foi no meio desta idílica paisagem que um pastor de ovelhas da raça autóctone Churra contou-nos a sua Odisseia. Neste artigo vamos conhecer a história desta terra, património natural e arquitetónico, gastronomia, festas, tradições e economia. Vamos destacar alguns dos seus monumentos naturais e criados pelas artes modernas e rupestres, festa do São Martinho e percursos pedestres. Conhecemos a Comissão de Festas do São Martinho que nos recebeu na sua mesa com saborosas carnes e odoríferos vinhos. Aqui ainda se perpetuam antigos rituais pagãos de adoração aos elementos da terra, pão e do vinho que celebramos fazendo libações aos deuses para agradecer a nossa chegada a Ítaca.

Conhecemos o alegre pastor transmontano António Pereira de Maçores em Torre de Moncorvo quando andava com as suas ovelhas a pastar desde o começo do dia até a noite findar. O seu rebanho da raça autóctone Churra é um dos últimos da sua aldeia e tem mais de setenta e cinco animais. Pela manhã tira ovelhas da corriça e com ajuda dos cães leva-as para as encostas do Monte Ladeiro, cobertas de oliveiras, amendoeiras e erva rasteira. Os seus animais descendem dos primeiros rebanhos que começou a criar há mais de trinta anos, que conhece pelos sinais e diz conseguir identificar a todos no meio de rebanho alheio. Para este homem as forças já foram como grossos mares, mas como o granito das serras aguenta com estoicismo a severidade de Trás-os-Montes.

O percurso pedestre PR14 - Rota das Amendoeiras tem início e fim na aldeia da Açoreira em Torre de Moncorvo. Nos meses de fevereiro e março este trilho fica enfeitiçado pelas amendoeiras em flor, com os montes cobertos por mantos brancos e rosados. Pelos seus braços avista-se o Rio Douro e os socalcos vinhateiros, a Serra do Reboredo, a aldeia de Maçores e a sua capela no meio do olival. Os viandantes são recebidos por fileiras de amendoeiras, oliveiras e por vezes centenários carvalhos. Cruzámo-nos com a Rota das Pipas, feitiços, um cão de gado transmontano e horizontes longínquos montanhosos que é onde gostamos de estar.

A Ecopista do Rio Minho foi considerada em 2017, a 3ª Melhor Via Verde da Europa, sendo por isso muito procurada pelos amantes das caminhadas, ciclismo e BTT. O trajeto com cerca de 30 km, começa em Vila Nova da Cerveira, passa por Valença e termina em Monção. Nós exploramos dez ciclovias, ecovias e ecopistas nesta região, que começam em Vila Praia de Âncora, junto do Oceano Atlântico e depois acompanham o Rio Minho, para montante. Estes percursos são marcados pela luxuriante galeria ripícola, beleza natural e arquitetónica, numa barreira natural que divide os dois países ibéricos. A história está presente em cada olhar, pontilhada por altivas praças-fortes e velhos castelos, que defenderam a Lusitânia Pátria de assaltos sarracenos, normandos e guerras da restauração. Neste artigo vamos descrever cada trilho e no final disponibilizar os ficheiros de tracking GPS.

São muitos os motivos que levam as pessoas a visitar o Parque Nacional Peneda-Gerês, a sua natureza selvagem, as paisagens fabulosas, horizontes pontilhados por magníficas montanhas, rios, ribeiros, quedas d' água e lagoas que refletem o paraíso na terra. Muitos aventuram-se em temerosas caminhadas das cabras, por onde ainda passa o lobo, correm garranos e deambulam vacas. Outros param para apreciar os seus miradouros, que desafiam por vezes até os mais corajosos. Ao longo dos anos, o Ondas da Serra foi buscar inspiração e energias a este reino, que subsiste num mundo onde a natureza vai sendo destruída, alterada, massificada, recortada e na Lusitânia plantada pelo desordenado eucalipto.

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