Mestre Felisberto Amador - carpinteiro naval
Nas nossas viagens pela ria, passamos várias vezes por uma oficina na zona da Tabuada em Pardilhó, onde víamos estas embarcações à espera de remendos e outras considerações. Não foi por acaso que um dia na bela e esquecida Ribeira do Nacinho, fomos encontrar o Mestre Felisberto Amador a rebocar o “Marnoto”, para ser consertado e poder voltar aos canais de Aveiro, agora não para o moliço, mas passear o turista.
Regressamos um dia para o conhecer melhor, aproveitando o facto de estar a pintar o seu moliceiro “Amador”, que iria participar na regata da ria. Aqui descobrimos um homem de temperamento afável como a ria, riso fácil e verdadeiro, que trabalha melhor o machado que as falas.
Muitos se enaltecem com a ria e os seus barcos tradicionais, mas são poucos os que ainda têm a arte para os fazer de raiz e consertar.
Construtores de barcos moliceiros e mercantéis na Ria de Aveiro
Antigamente eram conhecidos por Mestres do Machado, tudo era feito quase exclusivamente com ajuda desta simples ferramenta, que ainda hoje é utilizada, “Naquele tempo os carpinteiros navais, ou carpinteiros de machado (como então se chamavam) constituíam uma verdadeira elite. Ganhavam os maiores ordenados e vestiam as melhores roupas e consumiam os melhores alimentos.” Saleiro, M., 1967. Esboço Da História Contemporânea De Pardilhó.
Fomos também conhecer a oficina do Mestre e o mercantel que construiu de raiz, com dois pinheiros. Ficamos a saber que é o turismo de Aveiro que vai ainda fazendo subsistir alguns resistentes já com alguma idade.
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No sábado da regata da ria bem cedo, antes que o vento fizesse tormentos, fomos ver o BOTA-ABAIXO do moliceiro Amador na ria, para com as cores avivadas navegar até à Torreira para à tarde participar na regata.
Mais do que palavras convidamos os nossos leitores a verem os vídeos onde as imagens são testemunho para a posteridade duma arte que brevemente poderá desaparecer e lembrar a importância que esta terra de encantos já teve. Um dos objetivos deste artigo é que os mais novos conheçam as suas raízes, que afinal são de todos os portugueses, exímios construtores navais que partiram à descoberta do mundo.
“Se perguntarmos a um jovem pardilhoense nas idades entre doze e vinte e cinco anos, quais as razões e os motivos que determinaram que a sede do Sindicato dos Carpinteiros Navais do Distrito de Aveiro fosse situada em Pardilhó, com certeza nenhum dos perguntados saberá explicar... Na época das construções em madeira, era tal a competência dos nossos carpinteiros, que vários empresários costumavam dizer: - TENHO QUE CONTRATAR ALGUNS PARDILHÓS.” Saleiro, M., 1967. Esboço Da História Contemporânea De Pardilhó.
O nosso obrigada ao Mestre Felisberto Amador pela forma como nos recebeu e paciência para fazermos o nosso trabalho.
Vídeo sobre a vida do Mestre Felisberto
Vídeo com a construção dum barco mercantel
Vídeo da partida do moliceiro Amador para a regata da ria
Galeria de fotos do Mestre Felisberto
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Nascer do sol na Ribeira do Nacinho
Mestre Felisberto Amador
Moliceiro Amador
Mestre Felisberto Amador
Mestre Felisberto Amador
Mestre Felisberto Amador
Mestre Felisberto Amador com uma cavilha em madeira na mão
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Moliceiro Amador
Leme do Moliceiro Amador com o símbolo do Mestre
Símbolo do Mestre
Mercantel na ofícina do Mestre
Mercantel na ofícina do Mestre
Mercantel na ofícina do Mestre