Museu Marítimo de Ílhavo exibe Aquário dos Bacalhaus Museu Marítimo de Ílhavo exibe Aquário dos Bacalhaus FOTO de Fernando Pinto

Museu Marítimo de Ílhavo exibe Aquário dos Bacalhaus

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O “Ondas da Serra” visitou o Museu Marítimo de Ílhavo, situado na Avenida Dr. Rocha Madahíl, edifício de arquitetura moderna que pertence à Câmara Municipal daquela cidade do distrito de Aveiro. Após termos percorrido as várias salas de exposições, algumas de rara beleza, ficámos fascinados com a coleção de MALACOLOGIA. Não sabe do que se trata? Aceite o nosso conselho, pegue na família, e vá até à terra dos bacalhoeiros apreciar este e outros tesouros do mar.

Museu Marítimo de Ílhavo

Museu Marítimo de Ílhavo

Foto: 24.sapo.pt

Museu Marítimo de Ílhavo - Aquário dos Bacalhaus

Em 2013, o Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) passou a incluir o Aquário dos Bacalhaus [foto da capa], dedicado à espécie Gadus morhua, o bacalhau do oceano Atlântico que costumamos ter no prato. O aquário, o único do género no país, faz as delícias de pequenos e graúdos. O MMI oferece ainda as seguintes exposições permanentes: a Sala da Faina/Capitão Francisco Marques, onde está representada a Faina Maior, a pesca do bacalhau à linha praticada por homens e navios portugueses durante os séculos XIX e XX; a Sala da Ria de Aveiro, onde pode apreciar, em tamanho real, algumas embarcações típicas da Ria (o moliceiro, o mercantel, a bateira erveira de Canelas, a bateira caçadeira de pesca, a bateira patacha, a bateira chincha ou de bicas, a bateira matola e a embarcação de recreio “Vouga”; a Sala das Conchas e Algas (situada no átrio superior do edifício), onde vai permanecer algum tempo para admirar a belíssima coleção de conchas doada pelo conchiologista francês Pierre Delpeut (em 1968), bem como uma coleção de algas organizada por Américo Teles, fundador do Museu; a Sala dos Mares (renovada em 2012), onde vai ficar a par de uma das principais narrativas da identidade local, ou seja, a vocação marítima dos ílhavos.

Museu Marítimo de Ílhavo exibe Aquário dos Bacalhaus

Este espaço, segundo afirmam os responsáveis pelo Museu, "apela a uma cidadania do mar assente no património e na cultura", sendo exibidos os barcos e as artes que permitiram a instalação dos marinheiros e pescadores nas melhores zonas de pesca (praias, lagoas e estuários fluviais); a Sala de Arte, onde figura a coleção de arte do Museu, composta por pintura (obras de Fausto Sampaio, Sousa Lopes, Cândido Teles, João Carlos Celestino Gomes, Eduardo Malta e Alberto Souza, D. Carlos de Bragança, Palmiro Peixe e António Victorino, entre outros), desenho (João Carlos Celestino Gomes e de Arthur Guimarães), escultura e cerâmica, e cuja temática está relacionada com a Ria de Aveiro e com as suas fainas agromarítimas. Esta coleção possui belíssimas zincogravuras da autoria do artista ilhavense João Carlos Celestino Gomes.

Navio-Museu Santo André - Ílhavo

Foto: cm-ilhavo.pt

O Museu Marítimo de Ílhavo é, para os seus criadores, um importante “testemunho da forte ligação dos ílhavos ao mar e à Ria de Aveiro: a pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia, as fainas da Ria e a diáspora dos Ílhavos ao longo do litoral português são as referências patrimoniais do Museu.” 

"Ó mar salgado, ladrão,

Quantas almas tens em ti!

Tu levaste o meu amor,

Não tiveste dó de mim!"

Vai descobrir esta quadra de J. Leite de Vasconcelos, do "Cancioneiro Popular" (Albufeira), numa das salas do Museu. Estes cantinhos, segundo nos disseram os funcionários que ali trabalham, são espaços singulares, que merecem ser explorados pelos portugueses que se interessam pelo nosso património, pelas "estórias" da nossa gente.

Se for até lá no próximo dia 12 de novembro de 2017, como é Dia Aberto, não paga, porque este Museu e o Navio-Museu Santo André (antigo arrastão bacalhoeiro que também vale a pena visitar) têm entrada gratuita no segundo domingo de cada mês. (O horário, aos domingos, é das 14 às 18 horas, em ambos os equipamentos culturais).

História do Museu Marítimo de Ílhavo1

Museu Marítimo de Ílhavo - Sala da Ria de Aveiro

"O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) é um museu da Câmara Municipal de Ílhavo. Nasceu a 8 de agosto de 1937, após um longo processo de gestação dinamizado por um grupo de amigos do Museu. Lugar de memória dos ilhavenses que o criaram, começou por assumir uma vocação etnográfica e regional. Em 2001 foi renovado e ampliado, passando a habitar num belo edifício de arquitetura moderna projetado pelo gabinete ARX Portugal. Nesse mesmo ano, o MMI passou a contar com o navio-museu Santo André, antigo arrastão bacalhoeiro.

O MMI foi crescendo e qualificando os seus equipamentos em resposta aos desafios de cada momento. Em 2012, foi criada a sua unidade de investigação e empreendedorismo, o CIEMar-Ílhavo, e em 2013, passou a incluir um admirável Aquário de bacalhaus. Em 2021 foi inaugurado o Centro de Religiosidade Marítima, que agrega o património espiritual ligado ao mar.

O MMI é hoje um museu marítimo singular. A sua missão consiste em preservar a memória do trabalho no mar e promover a cultura e a identidade marítima dos portugueses. Museu, Aquário e Investigação e os pólos Centro de Religiosidade Marítima e Navio Museu Santo André resumem o atual Museu, uma instituição dedicada a todas as comunidades costeiras e aberta aos mais diversos públicos.

O MMI é testemunho da forte ligação dos Ílhavos ao mar e à Ria de Aveiro. A pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia, as fainas da Ria e a diáspora dos Ílhavos ao longo do litoral português são as principais referências patrimoniais do Museu. A cada um dos temas corresponde uma exposição permanente que oferece ao visitante a possibilidade de reencontrar inúmeros vestígios de um passado recente."

História do edifício do Museu Marítimo de Ílhavo2

"Distinguido com o prémio AICA/MC 2002 da Associação Internacional dos Críticos de Arte do Ministério da Cultura, nomeado para o prémio SECIL 2002 e para o prémio da União Europeia para a Arquitetura Contemporânea 2003/Mies Van Der Rohe, o projeto da ARX Portugal, contemplou uma profunda remodelação da estrutura existente, numa obra total, inaugurada em 2001, que dignifica a importância social, económica e cultural da pesca na região, impulsionando uma necessária requalificação urbanística envolvente.

Por meio deste arrojado projeto arquitetónico, pretendeu a Câmara Municipal de Ílhavo efetuar uma profunda remodelação do edifício existente, reformulando a sua estrutura, espaços, instalações e imagem geral, ampliando a área bruta sensivelmente para o dobro da do edifício existente. A sua implementação respeitou na rua o alinhamento existente. Os corpos novos aparecem no interior do lote, que se fechou à rua, criando um jardim interior.

O MMI é um excelente exemplar de arquitetura moderna, já distinguido em Portugal e no estrangeiro. Imponente e vigoroso na sua composição volumétrica, combina de forma sábia linhas, volumes e luz. Interpelante e experimental, o MMI permite apreciar e descobrir em cada visita um novo detalhe, um novo traço, uma nova perspetiva.

Em 2012, ano em que o Museu Marítimo celebrou 75 anos de existência, a Câmara Municipal de Ílhavo apostou na ampliação deste distinto equipamento cultural do Município, conferindo-lhe capacidades e valências fundamentais na promoção da sua tarefa de mediador da história do bacalhau e faina e simultaneamente guardador da história do município na sua arrojada vertente marítima, nomeadamente com um Centro de Investigação e Empreendedorismo do Mar (CIEMar) e um Aquário dos Bacalhaus."

Créditos e Fontes pesquisadas

Texto: Fernando Pinto do Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Fernando Pinto do Ondas da Serra.
1 - museumaritimo.cm-ilhavo.pt/conhecer/o-museu/historia
2 - cm-ilhavo.pt/viver/areas-de-intervencao/cultura/equipamentos-culturais/museus/museu-maritimo-de-ilhavo-e-aquario-dos-bacalhaus

Galeria de fotos do Museu Marítimo de Ílhavo e Aquário dos Bacalhaus

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Autor

Fernando Pinto

Fernando Manuel Oliveira Pinto nasceu no dia 28 de junho de 1970, em Ovar. Jornalista profissional, fotógrafo e realizador de curtas-metragens de vídeo. Escreve poesia e contos. A pintura é outra das suas paixões. Colaborador do "Ondas da Serra".

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