Paraduça: Conheça os moinhos e prove a broa de milho Noémia Rodrigues, na Casa da Broa de Paraduça, a benzer a massa da broa de Paraduça. Ondas da Serra
terça, 02 maio 2023 00:13

Paraduça: Conheça os moinhos e prove a broa de milho

Classifique este item
(7 votos)

Paraduça é uma aldeia da freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, situada entre as Serras da Arada e do Arestal, no limite dos distritos de Aveiro e Viseu. As suas terras são banhadas pelas Ribeiras de Paraduça e Agualva, que desaguam no Rio Teixeira. Na primeira delas o Poço da Cascata do Linho impressiona pela sua beleza e os novos passadiços ajudam na sua contemplação. Aqui ainda se partilham moinhos comunitários de rodízio para moer farinha, fornos para cozer a sua conhecida broa de milho e vezeiras para partilhar a água. A sua associação local dinamiza e preserva as suas antigas tradições, que pode agora na Casa da Broa receber os visitantes e fortalecer a sua identidade. Os Baldios de Paraduça protegem e plantam floresta autóctone e lutam contra a proliferação do eucalipto. Aqui existe uma simbiose perfeita entre riqueza natural e cultural e o dinamismo das suas gentes e associações irão fortalecer a sua identidade e levar forasteiros a quererem visitá-la combatendo a sua interioridade e desertificação.

Paraduça - Arões - Vale de Cambra

Aldeia de Paraduça - Arões - Vale de Cambra

Paraduça mantém ainda o ambiente rural que sabemos que um dia poderá desaparecer. Pelos seus caminhos encontramos o seu povo nas lides domésticas, agrícolas ou pastoreio. Espalhados pelas suas ruelas podem ser ainda encontrados antigos carros de bois e debaixo de telheiros alguns a cair de velhos. Um dia até surpreendemos uma matança de porco, tendo o homem ficado nervoso e pensando que éramos da fiscalização. Já encontramos pessoas a fazer a famosa broa de milho de Paraduça e que nos ofereceram para provar, e da qual ficamos devotos. Por aqui ninguém se recusa a falar connosco ou a tirar fotografias, mas já avisamos que por vezes têm que ter cuidado, porque infelizmente nem todos podem ser bem intencionados.  

Esta foi a nossa terceira visita a Paraduça e todas as vezes choveu, com maior ou menor intensidade. Há pessoas da terra como a Natividade Portinha, que encontramos sempre nas nossas visitas e está sempre pronta ajudar-nos, que já reparou neste fenómeno e já brinca connosco dizendo que trazemos a chuva de Ovar. Pela nossa parte estamos mais tranquilos porque a água está a diminuir e havemos de a visitar com forte sol para mergulharmos na Cascata do Poço do Linho. Esperem que acreditem que apesar de a água estar gelada, temos ali dado uns mergulhos antes de regressar a casa. 

Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:

  1. Caracterização da aldeia de Paraduça
    1. Localização da aldeia de Paraduça
    2. Descrição de Paraduça
    3. Origem histórica da toponímia de Paraduça
    4. Campos agrícolas em solcalcos de Paraduça
    5. Mulheres de Paraduça
      1. Maria Custodia Gonçalves
      2. Maria Carolina Fernandes
      3. Lealdina Tavares
  2. Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça
    1. Descrição da Associação de Paraduça 
    2. Objetivos da Associação de Paraduça
    3. Aspirações da Associação de Paraduça
  3. Conselho Diretivo dos Baldios de Paraduça
  4. Património arquitetónico de Paraduça
    1. Os cinco moinhos de rodízio recuperados de Paraduça
  5. Património gastronómico de Paraduça 
    1. Broa de milho Paraduça
      1. Composição da broa de milho de Paraduça
      2. Fases da confeção da broa de milho de Paraduça
      3. Galeria de fotos do fabrico da broa de milho de Paraduça
      4. Ciclo da sementeira do milho
    2. Casa da Broa de Paraduça 
    3. Festa da Broa de Paraduça
      1. Descrição da Festa da Broa de Paraduça
      2. Programa da Festa da Broa de Paraduça
      3. Expositores da Festa da Broa de Paraduça
      4. Animação da Festa da Broa de Paraduça
      5. Gastronomia da Festa da Broa de Paraduça 
      6. Grupo de mulheres que fazem a broa de milho de Paraduça
    4. Gastronomia de Paraduça
  6. Património natural de Paraduça
    1. Descrição do património natural de Paraduça
    2. Rio Teixeira
    3. Ribeira de Paraduça
    4. Cascata do Poço do Linho
    5. Novo passadiço da Cascata do Poço do Linho
  7. Património religioso de Paraduça
    1. Capela do Espírito Santo - Paraduça
    2. Pelourinho - Paraduça
  8. Festividades de Paraduça
  9. Pontos de interesse de Paraduça
  10. Montanhas Mágicas
    1. Descrição da marca das Montanhas Mágicas
    2. Carta Europeia de Turismo Sustentável das Montanhas Mágicas 
  11. Percursos pedestres e cicláveis de Paraduça
    1. PR6 – Rota dos Moinhos de Paraduça
    2. Rota da Água e da Pedra
    3. Linha F – Freita
    4. GR60 – Grande Rota das Montanhas Mágic
    5. Freita vertical
      1. Descrição da Freita Vertical
      2. Pontos de Interesse da Freita Vertical
      3. Ficha Técnica da Freita Vertical
  12. As aldeias vizinhas de Paraduça
  13. Os aspetos a melhorar em Paraduça
  14. Informações úteis para visitar Paraduça
    1. Onde comer
    2. Onde dormir
    3. Contactos úteis
  15. Agradecimentos

Caracterização da aldeia de Paraduça

Localização da aldeia de Paraduça

Aldeia de Paraduça - Arões - Vale de Cambra

"Paraduça é uma pequena aldeia da freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, situada entre as Serras da Arada e do Arestal, no cimo de um monte onde corre a Oeste a Ribeira de Paraduça e a Nordeste a Ribeira de Agualva. Ambas as Ribeiras confluem com o Rio Teixeira que corre a Leste da aldeia."Fica situada nas encostas da Serra da Freita, no limite dos distritos de Aveiro e Viseu. 

Descrição de Paraduça

Aldeia de Paraduça - Arões - Vale de Cambra

"Em plena encosta da serra da Freita, encontra-se a aldeia de Paraduça. Terra soalheira, encaixada no vale do rio Teixeira, é conhecida pela sua broa típica, um pão abençoado, de sabor especial, confecionado ainda de forma artesanal, pelas mãos sábias das suas gentes. Para conhecer todas as fases do ciclo do pão, desde a sementeira até à mesa, sugere-se uma visita à carreira de cinco moinhos que trazem água da ribeira de Paraduça, afluente do rio Teixeira. Fazendo jus à broa de milho, é possível visitar nesta localidade, a Casa da Broa, de onde se tem uma vista privilegiada sobre toda a aldeia. Ao sair de Paraduça, visite a Cascata do Poço do Linho, com as suas águas cristalinas, onde, outrora, as mulheres da aldeia lavavam o linho, destinado à confeção de tecidos."2

"As pessoas vivem essencialmente da agricultura, milho, feijão, couve e batata. Há também pessoal mais novo que trabalha fora, na maioria em fábricas de Vale de Cambra." Sérgio Ferreira, Presidente da Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça

Origem histórica da toponímia de Paraduça

"'Verifico que o topónimo se escreve Paraduça em placas toponímicas, tal como o regista o velho Diccionario Chorografico de Portugal de F. A. de Mattos, publicado em 1889. Nesta obra ficamos a saber que há duas Paraduças em Portugal: uma na freguesia de Arões, no antigo concelho de Macieira de Cambra (hoje Vale de Cambra), distrito de Aveiro; e outra em Calde, Viseu. Contudo, é outra a grafia que aparece no Dicionário Onomástico-Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado – Paradussa, topónimo que ocorre em Castelo de Paiva, Moimenta da Beira, Vale de Cambra, Viseu (idem).

Machado explica que esta forma se deve à contracção da expressão Parada de Ussa, ou seja, «Parada de Ursa». Não tendo podido confirmar a grafia nem a etimologia noutra fonte, resta-me observar que a forma registada por Machado tem bastante sentido, uma vez que em galego-português e português medieval “usso/ussa” ou “osso”/”ossa” eram o mesmo que urso/ursa (em galego, a forma e a grafia mais correntes são “oso/osa”)."9

Campos agrícolas em socalcos de Paraduça

Campos agrícolas em socalcos de Paraduça - Arões - Vale de Cambra

Um dos encantos de Paraduça são as suas hortas e campos agrícolas verdejantes, com levadas e águas a fluir por todas as entranhas da terra. Este povo ancestral moldou as encostas para poder semear, criando bonitos socalcos, por onde se vão encontrando os agricultores, alguns com muita intempérie nos rostos, mas ar sereno e energia para trabalhar.  

"Paraduça é uma aldeia pequena, que fica situada nas encostas da Serra da Freita, que pertence ao concelho de Vale de Cambra, mas estamos no limite do distrito de Aveiro e concelho, porque do outro lado já é Oliveira de Frades, do distrito de Viseu. As pessoas vivem essencialmente da agricultura, milho, feijão, couve e batata." Sérgio Ferreira

Mulheres de Paraduça

Maria Custodia Gonçalves

Maria Custodia Gonçalves - Paraduça - Arões - Vale de Cambra

Ao percorrermos os caminhos de Paraduça, juntos dos moinhos, onde os campos são cultivados em socalcos, fomos encontrar Maria Custodia Gonçalves, com o seu lenço preto amarrado na cabeça, sacho ao ombro e guarda-chuva. Esta mulher com os seus 77 anos disse-nos ser natural desta terra, casada, ter quatro filhos e nove netos. Quando a encontramos ia arrancar a erva às batatas, que disse nascerem muitas nesta altura. Em conversa descobrimos que  é tia da Natividade Portinha, que encontramos sempre que vamos a Paraduça e na nossa primeira visita explicou-nos o funcionamento do Moinho Comunitário das Bouças

Maria Carolina Fernandes

Maria Carolina Fernandes - Paraduça - Arões - Vale de Cambra

Junto de uma levada de água, fomos encontrar Maria Carolina Fernandes, mulher com 85 anos de idade, que já se move com dificuldades e necessita da ajuda de um cajado. Disse-nos ser viúva há dez anos, ter seis filhos e dez netos.

Atualmente só um dos filhos solteiro reside com ela nesta aldeia, os outros estão todos casados e foram ganhar a vida para o estrangeiro, França, Suíça e Brasil. Quando a encontramos andava a aproveitar a levada da sua vezeira, também chamada de tornas da água, para regar as culturas da sua horta, composta por batatas, couves, ervilhas, feijão, cebolas e alhos. Recordamos que um dos exemplos maiores desta antiga tradição ocorre em Cabril – Montalegre, no Parque Nacional Peneda-Gerês, onde já fizemos reportagens. Esta senhora que já se move com dificuldades ainda tem forças para criar sete cabras, com ajuda do filho. 

Lealdina Tavares

Lealdina Tavares - Paraduça - Arões - Vale de Cambra

A dada altura vimos uma mulher, que depois soubemos ser a Lealdina Tavares, oculta pela ramagem do grande molho que trazia à cabeça e que quase lhe cobria o rosto. Ao tirarmos fotos alguém lhe disse que estava a ficar famosa e até ia dar na televisão.

Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça

Foi durante a Festa da Broa de Paraduça, que conhecemos Sérgio Ferreira, Presidente da Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, que nos contou um pouco da sua história, objetivos e aspirações.   

Descrição da Associação de Paraduça

Presidente da Direção e Presidente da Mesa da Assembleia Geral, da Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, Sérgio Ferreira e Pedro Ferreira

Foto: Presidente da Direção e Presidente da Mesa da Assembleia Geral, da Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, Sérgio Ferreira e Pedro Ferreira.

A Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, está sediada no lugar de Paraduça, freguesia de Arões, Concelho de Vale de Cambra e tem cerca de cem associados. A natureza desta associação é social, cultural, desportiva e recreativa. A data da sua constituição foi em 21 de maio de 1997, por isso brevemente irá completar o seu 26 aniversário. A sede fica localizada debaixo do coreto. 

Morada: Lugar de Paraduça Rua da Escola - Arões - 3730-013 Vale de Cambra
Emails: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Objetivos da Associação de Paraduça

Os objetivos desta associação visam promover a aldeia, os seus usos e costumes e dar mais animo ao lugar e seus residentes. Outro dos seus objetivos é fazer eventos do genro da “Festa da Broa”, para atrair pessoas de outras terras. A antiga escola primaria, que estava fechada, pertence à Câmara Municipal de Vale de Cambra, tendo sido restaurada em parceria com esta associação e onde nasceu a "Casa da Broa", que é gerida pela mesma.

Aspirações da Associação de Paraduça

Nós temos a nossa política de autogestão, mas os apoios são sempre bem-vindos. Nós temos um projeto para fazer aqui uns balneários e construção de um canastro para apoio à Casa da Broa, para armazenar o milho. Entretanto ardeu o espaço do telheiro e tivemos que redirecionar as verbas e atrasamo-nos na construção de um balneário para apoio às nossas atividades de caminhadas e passeios de bicicleta, de forma a que as pessoas no final possam tomar banho.” Sérgio Ferreira 

Conselho Diretivo dos Baldios de Paraduça

Baldios de Paraduça

Foto: Baldios de Paraduça

Pedro Ferreira, foi Presidente da Direção da Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, no período de 1999 a 2010, onde é atualmente Presidente da Mesa da Assembleia Geral. No Conselho Diretivo dos Baldios de Paraduça é Vice-Presidente da Direção,(foto de cima ao lado do atual presidente da Associação de Paraduça).

O CD dos Baldios de Paraduça foram fundados em 04 de abril de 1976. Conhecemos o Sr. Pedro Ferreira quando andávamos a caminhar pelo PR6 - Trilho dos Moinhos. Numa das encostas da floresta fomos encontrar este dirigente a preparar com ajuda de outras pessoas, uma ação de plantação de floresta autóctone, composta por carvalhos, medronheiros e chamaecyparis, numa zona despovoadas dos baldios, para comemorar o Dia Internacional da Floresta

"Os Baldios de Paraduça, têm cerca de 210 hectares e são geridos pela comunidade local, neste caso pela Assembleia dos Compartes, juntamente com o ICNF. Nós fazemos a gestão deste território, onde neste momento está a decorrer um projeto ligado ao programa “Compete 2020”, que engloba o aproveitamento do território, a nossa mancha florestal de pinheiro bravo é muito grande.

Nos baldios de Paraduça não há plantação de eucaliptos em nenhuma parte, embora existam nas áreas privadas. Nós temos feito alguns cortes culturais e finais do pinheiro bravo, de forma a melhorar o povoado. Uma das coisas que a candidatura está a levar em frente é melhorar o povoado, porque em algumas partes a regeneração natural cresceu e necessita de ser trabalhada." Pedro Ferreira

Morada: Assembleia de Compartes dos Baldios de Paraduça. Rua da Escola de Paraduça, 3730-013 Arões Vale de Cambra

Património arquitetónico de Paraduça

Os cinco moinhos de rodízio recuperados de Paraduça

Moinho de Rodízio do Cabo - Paraduça

"Em 2004 foram recuperados 5 dos moinhos que serviam a aldeia de Paraduça (o Moinho do Cabo, o das Bouças, o da Cavada, o do Burmeiral e o do Castelo). Todos eles são alimentados pela mesma levada de água, com origem na Ribeira de Paraduça, localizando-se a Noroeste da Aldeia, em área agrícola.

Quando foram recuperados, pela Associação de Desenvolvimento Turístico e Cultural da aldeia, os moinhos estavam, na sua grande maioria abandonados e em acelerado estado de degradação. Atualmente quatro desses moinhos encontram-se em funcionamento, sendo regularmente utilizados pela população, e um quinto moinho foi exteriormente recuperado, no entanto não possui sistema de moagem."1

Quando visitar a aldeia de Paraduça ou estiver a caminhar pelo PR6 - Rota dos Moinhos, poderá encontrar pessoas a moer cereais em algum deles. O Moinhos das Bouças é um dos mais utilizados e preferido para moer o milho para a sua broa, em virtude da farinha ficar mais fina e menos granulosa.

Património gastronómico de Paraduça

Broa de milho Paraduça

Composição da broa de milho de Paraduça

Broas de Milho - Casa da Broa - Paraduça

A broa de milho de Paraduça era no passado fabricada em casa dos agricultores desta terra, de forma tradicional. A mesma é feita com milho e centeio, que são moídos em moinhos de rodízio e cozidos em fornos de lenha. Através de mãos, artes, antigos saberes e formas tradicionais de confecção, esta broa é diferente pelo seu sabor genuíno Este é o melhor pão para acompanhar os rojões, chouriças, caldo à lavrador e vinho verde.

Um dos melhores certames para a sua promoção é a “Festa da Broa”, que se realiza em abril e onde se pode provar toda esta ambrosia. No passado os Gregos para agradecer aos deuses as dádivas de comida e bebida, faziam libações com o vinho, nós também o fazemos ou damos graças, porque a terra sendo amada é nossa amiga, mas por vezes é vilipendiada, queimada e abandonada. Este povo pela sua ligação e respeito à terra merece saúde, sucesso, progresso e longas vidas. 

Fases da confeção da broa de milho de Paraduça

Massa da broa de milho de Paraduça benzida

Foto: Casa da Broa de Paraduça

Um dos eventos da "Festa da Broa", realizou-se no domingo, dia 23 de abril 2023, pelas 10h00, que foi o fabrico das broas de milho. Nós acompanhamos todo o processo e vamos agora destacar as suas fases principais.

Fases da confeção da broa de milho de Paraduça:

  • Misturar a farinha de milho com água a ferver e sal. Quando a farinha arrefecer um pouco é amassada durante cerca de vinte minutos. No dia da Festa da Broa, as mulheres puseram na masseira farinha para cerca de quarenta broas Estas broas foram cozidas em dois fornos, que no máximo podem cozer até trinta e três broas cada;
  • Acrescentar à farinha de milho já amassada a farinha de centeio e continuar a amassar;
  • Fazer um bolo grande com a massa, para levedar;
  • Benzer a massa e entoar uma oração. Esta reza foi dita baixinho pela Noémia Rodrigues:
  • “São João te liberte, te liberte
    São Vicente te acrescente
    São João de faça pão
    Nós a comer a tua crescida
    Nosso Senhor tudo pode fazer.”
  • Cobrir a massa com um pano e deixar levedar;
  • O forno é aquecido até ao ponto em que os tijolos de barro apresentem uma tonalidade branca e só então as brasas são retiradas do seu interior. Antes de se colocarem a broas para cozer a sua superfície é varrida com vassouras de giestas, podendo ser também utilizada a carqueja ou o pinheiro, se não estiverem em flor;
  • Antes de cozerem as broas as padeiras fazem uma experiência com uma broa achatada, para verificarem se o forno está na temperatura certa para fazer a cozedura. Depois da mesma cozer verificam se ficou boa e só então começam a cozer todas as fornadas;
  • A fase de tender a massa é uma das mais movimentadas e onde trabalham todas as mulheres. Uma delas tende a massa, fazendo bolas com cerca de 1,5 kg, que são colocadas numa escudela em madeira, para serem pousadas no interior do forno. No final a porta de ferro do forno é fechada para as broas cozer durante cerca de uma hora e meia;
  • No final da cozedura o forno é aberto, mas as broas são deixadas em repouso no seu interior durante cerca de uma hora, para o calor se dissipar progressivamente e elas ficarem mais tostadas e o miolo apertado. Se elas forem retiradas prematuramente ficam moles e partem com facilidade. Todo o processo demora mais de duas horas e meia.

Galeria de fotos do fabrico da broa de milho de Paraduça

Ciclo da sementeira do milho

Maria Bastos - Casa da Broa de Paraduça

Foi a senhora, Maria Bastos, com 72 anos de idade, que nos contou que antes da broa estar pronta, há um grande trabalho anterior antes do pão chegar à mesa. O ciclo da broa começa por as terras serem fertilizadas com estrume, que depois são lavradas e semeadas. Quando o milho já está crescido é mondado e a terra em redor sachada para as ervas invasoras serem arrancadas e cortadas.

Durante os meses de calor as terras são regadas e as bandeiras cortadas, para o milho ganhar mais força. Mais tarde colhem-se as espigas do milho, que são depois desfolhadas e armazenadas no espigueiro. Depois de estarem secas são retiradas para serem malhadas e os graus serem separados das maçarocas, que são muitas vezes aproveitadas para as fogueiras.

Só depois o milho vai para os moinhos de rodízio para ser moído, onde é feita a farinha que é usada na confeção da broa. Algum do milho é utilizado também na alimentação dos animais. Os caules do milho que ficam nos terrenos são cortados para alimentação do gado ou fazer camas para eles nos currais. Depois de algum tempo estes caules em conjunto com as suas fezes dão origem ao estrume que é utilizado para adubar as terras e recomeçar todo o ciclo da broa.

Casa da Broa de Paraduça

Casa da Broa de Paraduça

A Casa da Broa de Paraduça foi inaugurada em 25/04/2021, tendo sido aproveitadas as instalações abandonadas da antiga Escola Primária. Para a sua reconversão foi feita uma parceria entre a Câmara Municipal de Vale de Cambra, proprietária do imóvel e a Associação para o Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, que passou a fazer a sua gestão através de um protocolo celebrado neste dia.

A Casa da Broa de Paraduça é projeto-âncora promovido pelo Município de Vale de Cambra, cofinanciado pelo Norte2020, no âmbito da Estratégia de Eficiência Coletiva PROVERE "Turismo para Todos" e respetivo Programa de Ação, gerido, em Vale de Cambra, pela ADRIMAG - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das serras de Montemuro, Arada e Gralheira.

Com uma forte tradição agrícola, associada à cultura do milho, a comunidade de Paraduça dispõe, agora, de um espaço adequado e atrativo para a realização de atividades de promoção e valorização de um produto local de excelência."3

Na inauguração da Casa da Broa de Paraduça, "José Pinheiro, presidente da Câmara, evocou a “Festa da Broa de Paraduça”, evento que juntava locais e visitantes na Eira Comunitária, disse-se certo de que “este projecto vai ser um sucesso”, destacando a “ca­pacidade de fazer” e “a uni­ão” dos habitantes locais. A ideia é que nesta casa seja produzida broa segundo os modos tradicionais, tendo sido arregimentadas três senhoras da aldeia que detêm esse conhecimento."4

Festa da Broa de Paraduça

Festa da Broa de Paraduça - Casa da Broa - Natividade Portinha retira chouriças das panelas

A Festa da Broa de Paraduça realiza-se em abril, na Casa da Broa, próximo do 25 de abril. “O evento Festa da Broa já vai na 13 edição, tendo sido suspenso durante os dois anos da pandemia. Esta festa começou apenas com uma fornada de broa, durante uma tarde. Este era um produto que todas as pessoas de Paraduça faziam em sua casa.” Sérgio Ferreira

Descrição da Festa da Broa de Paraduça

A Festa da Broa de Paraduça tem como objetivos promover e perpetuar este produto fabricado de forma tradicional e dinamizar esta terra. “Outro dos objetivos da Associação para o Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça é fazer eventos do gênero da “Festa da Broa”, para preservar o produto e atrair pessoas de outras terras.” Sérgio Ferreira

Programa da Festa da Broa de Paraduça

Festa da Broa de Paraduça - Casa da Broa - Panelas de ferro forjado com três pernas

Durante um fim-de-semana de abril durante a Festa da Broa de Paraduça são realizadas tertúlias sobre esta temática, acompanhamento da confeção da broa na Casa da Broa, caminhadas pelo PR6 - Rota dos Moinhos, visita aos moinhos de rodízio, prova de produtos regionais, visita a expositores de associações e produtores locais e música tradicional. 

Expositores da Festa da Broa de Paraduça

Festa da Broa em Paraduça - Expositor da Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça

  • Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça: Exposição e venda da broa de Paraduça, chouriças e pão de ló tradicional, que até teve honras de ser destacado como o melhor, pelo Presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, José Pinheiro.
  • AppealingFruit, produtor local de cogumelos;
  • Grupo de Folclore de Terras de Arões;
  • Associação Desportiva e Cultural da Felgueira;
  • Associação dos Amigos de Pontemieiro;

Animação da Festa da Broa de Paraduça

Durante um fim-de-semana de abril durante a Festa da Broa de Paraduça são realizadas tertúlias sobre esta temática, acompanhamento da confeção da broa na Casa da Broa, caminhadas pelo PR6 - Rota dos Moinhos, visita aos moinhos de rodízio, prova de produtos regionais, visita a expositores de associações e produtores locais e animação com música tradicional.

Um dos aspetos que nós destacamos foi a confeção da broa que acompanhamos e teve como ponto alto a marcação da cruz na massa pelas mãos experientes da padeira de Paraduça, Noémia Rodrigues, que rezou baixinho uma antiga oração para o pão ter a graça de Deus, acima reproduzida. Temos que nos lembrar que antigamente havia fome e por vezes só o pão saciava e não abundava e que por isso havia que dar graças, coisa que hoje todos dão por adquirido, mas a abundância pode repentinamente acabar.

SÁBADO 22

Convívio, venda de produtos locais, Vinho e petiscos

  • 14h00 Abertura oficial da Festa da Broa;
  • 14h30 Workshop da broa "do grão ao pão" - Local Forno comunitário da Eira da Cavadinha e Casa da Broa;
  • 15h30 Caminhada pelo Pr6 dos moinhos e hortas;
  • 16h00 Tertúlia "a broa de milho"

DOMINGO 23

  • 09h Moinhos Abertos para visitas;
  • 10h Feitura da Broa;
  • 15h Animação com grupos de Concertinas "Alegres da Concertina";
  • 19h Encerramento

Gastronomia da Festa da Broa de Paraduça

Festa da Broa de Paraduça - Cozinheira Dorinda Vasconcelos

Durante a Festa da Broa de Paraduça os petiscos confeccionados em quantidade e qualidade deixaram-nos assoberbados e como diz o povo “com mais olhos que barriga”. Provamos um pouco de tudo, mas destacamos como não podia deixar de ser a broa e o caldo à lavrador. 

No exterior da Casa da Broa, Dorinda Vasconcelos, numa panela de três pernas, em ferro fundido, aquecida por forte fogo, fazia um substancial caldo à lavrador, que nos disse levar carne de porco da salgadeira, feijão, batata, cenoura, arroz e couve. Numa grande panela, ela também estava a fazer feijoada com carne de porco, chouriça, repolho, cenoura e feijão.

Levamos para casa alguns dos petiscos e fizeram as delícias dos nossos familiares e restantes membros da equipa. Ao longo dos anos começou a ser uma tradição fazermos uma reunião de “trabalho” com toda a equipa depois destes eventos, onde se prova os petiscos trazidos e muitas vezes oferecidos pelos organizadores dos eventos. Curioso que apesar da equipa não ser grande por norma ninguém falta a estes encontros à noitinha que costumam ser muito animados e onde por vezes apenas se convive.

Petiscos da Festa da Broa de Paraduça:

Petiscos da Festa da Broa de Paraduça, retirada de rojões do lume

  • Broa de Paraduça;
  • Rojões de porco, criados por lavradores de Paraduça e Cabanas, alimentados a farinha de milho;
  • Feijoada;
  • Chouriças de carne de porco, feitas em Paraduça;
  • Caldo à lavrador;
  • Pão de Ló;

Grupo de mulheres que fazem a broa de milho de Paraduça

Padeiras da Casa da Broa de Paraduça: Natividade Portinha, Noémia Rodrigues, Lucinda Tavares e Amália Tavares

As padeiras da foto acima exibida são: Natividade Portinha, Noémia Rodrigues, Lucinda Tavares e Amália Tavares. As mesmas trabalharam afincadamente durante a manhã do dia 23 de abril 2023, para fazerem duas fornadas da broa de milho de Parduça. No entanto o seu trabalho não se resumiu apenas à broa, também alimentaram o fogo das panelas de ferro fundido de três pernas, onde foram cozidas chouriças e feitos os rojões de carne e redenho de porco. Pelo meio ainda tiravam tempo para nos dar explicações sobre o processo e vender produtos aos visitantes que surgiam.

Gastronomia de Paraduça

  • Vitela da Raça Arouquesa;
  • Cabrito Cabrito;
  • Rojões;
  • Vinhos Verdes;
  • Broa de Milho;
  • Leite Creme;

Património natural de Paraduça

Descrição do património natural de Paraduça

"Paraduça é uma pequena aldeia da freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, situada entre as Serras da Arada e do Arestal, no cimo de um monte onde corre a Oeste a Ribeira de Paraduça e a Nordeste a Ribeira de Agualva. Ambas as Ribeiras confluem com o Rio Teixeira que corre a Leste da aldeia.

Os vales encaixados e a impressionante biodiversidade destes cursos de água em contraste com os desníveis do maciço montanhoso criam um cenário de excelência, no qual se destacam alguns recantos como a cascata do Poço do Linho, localizada à entrada da aldeia, na Ribeira de Paraduça; as margens do Vale da Ribeira de Agualva, que alberga uma das mais belas florestas da região, ou os vários Poços do Rio Teixeira, considerado um dos rios mais bem preservados da Europa. Para visitar estes locais consulte mais informações no site da Rota da Água e da Pedra."1

Rio Teixeira

"Apesar da sua pequena extensão, com pouco mais de 13 km, o Rio Teixeira era até muito recentemente considerado um dos rios mais bem conservados da Europa. Este afluente do Rio Vouga nasce em Manhouce, São Pedro do Sul, e desde que encontra a Ribeira de Agualva, perto de Carregal (ainda em São Pedro do Sul), demarca a fronteira entre os distritos de Viseu e Aveiro até à sua foz.

Atualmente, o troço final do rio, já no concelho de Sever do Vouga, é influenciado pela recente Barragem de Couto de Esteves (a jusante no Rio Vouga). A presença da Barragem aumentou o nível da água, criando um largo espelho de água onde outrora estava a sua foz, tendo originado, no entanto, um local com potencial para desportos e atividades aquáticas."5

Ribeira de Paraduça

A Ribeira de Paraduça é usada pelos cinco moinhos de rodízio desta terra, tendo em destaque a Cascata do Poço do Linho. "A ribeira de Paraduça é um afluente do rio Teixeira e, como tal, herda a impressionante biodiversidade que o caracteriza. Nos bosques ribeirinhos podemos observar a graciosa borboleta antiopa e o feto-real, e nos carvalhais que os rodeiam são frequentes a erva-pombinha, o selo-de-salomão e passeriformes, como o chapim e o dom-fafe."6

A nível da fauna podem ser observados:6

  • Planta Selo-de-salomão;
  • Borboleta Antiopa;
  • Feto-real;
  • Bastante mais rara e esquiva é a toupeira-de-água, espécie protegida que necessita de rios de em excelente estado de conservação;
  • Na ribeira, mesmo abaixo da  aldeia de Paraduça, o adernal desenvolve-se em todo o seu esplendor, contando com espécies como o adero, a murta, o aderno-de-folhas - estreitas e medronheiro no seu cortejo florístico.

Cascata do Poço do Linho

Cascata do Poço do Linho - Paraduça - Arões - Vale de Cambra

"Junto à ponte que liga os lugares de Paraduça e Ervedoso, esta queda de água assume o nome de cascata do Poço do Linho, alegadamente porque, em tempos passados, as mulheres lavavam o linho no poço que ali se forma. A queda de água principal, com cerca de 8 metros de desnível, é secundada por outras quedas de menor dimensão, galgando um importante desnível desde o planalto da Freita até ao desaguar no rio Teixeira. Há cerca de 2 milhões de anos, a rede hidrográfica do rio Paraduça desenvolveu um progressivo encaixe no maciço granítico de Junqueira. As fraturas ortogonais, que ocorrem na rocha granítica, estão na origem da fragilidade que proporcionou a progressão da erosão fluvial deste rio."6

Novo passadiço da Cascata do Poço do Linho

Novos passadiços da Cascata do Poço do Linho - Paraduça - Arões - Vale de Cambra

Foram construídos uns novos passadiços junto da Cascata do Poço do Linho, que no futuro deverão ligar esta maravilha natural ao PR6 – Rota dos Moinhos, unindo as atrações desta aldeia da freguesia de Arões – Concelho de Vale de Cambra.

Parece que a obra não foi do agrado de todas as pessoas da região, mas temos que perceber que a mesma foi bem inserida no espaço natural, com um impacto reduzido no enquadramento geral, permitindo às pessoas com mobilidade reduzida acederem ao local e atraindo os visitantes para as terras do interior.

O percurso em madeira, tem início face à estrada principal da aldeia de Paraduça e entra cascata a dentro. A estrutura é composta por plataformas e escadas em madeira, de forma a causar o menor impacto visual possível e preservar os seus elementos naturais.

O projeto da Câmara de Vale de Cambra ainda não está terminado. O passadiço irá estender-se encosta acima, até aos moinhos de Paraduça, que se encontram a poucos metros da Cascata.

O objetivo passa por conduzir os visitantes àquele local emblemático da freguesia de Arões, levá-los a fazer o percurso pedestre que os leva aos moinhos de rodízio, recuperados pela Associação local e que ainda são utilizados pela população. Para além disso, os visitantes podem conhecer o Forno Comunitário da aldeia e a Casa da Broa, onde se coze a tradicional broa de milho branco.

Os presidentes da câmara de Vale de Cambra, da junta de freguesia de Arões e da Associação de Desenvolvimento Turístico e Cultural de Paraduça (ADTCP), José Pinheiro, Arménio Lige e Sérgio Ferreira, respetivamente, consideram que esta obra vai valorizar e preservar o património natural daquela aldeia, mas também da freguesia e do concelho.7

Património religioso de Paraduça

Capela do Espírito Santo - Paraduça

Capela do Espírito Santo - Paraduça

Há informações históricas que esta capela pode ter servido no passado como Igreja de Arões. O altar-mor da capela é ocupado pelo Espírito Santos, ladeado na capela pelo São Paio de Paraduça. Esta capela foi restaurada em 2009. No interior da capela tem dois documentos medievais afixados nas laterais, é pena não haver uma placa informativo a explicar o seu contexto e conteúdo.

Capela do Espírito Santo - Paraduça

No Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de MMIX, sendo Sumo Pontífice S. S. O Papa Bento XVI, Bispo da Diocese D. Ilídio Pinto Leandro, Pároco P. Eurico José Teixeira de Sousa, inaugurou-se o restauro da Igreja de Paraduça. A expensas deste Povo e outras Gentes. Laus Deo Virginique Matri8

Pelourinho de Paraduça

O Pelourinho em granito junto à Capela do Espírito Santos em Paraduça é de construção simples, tem dois três degraus, sendo a coluna terminada com uma forma cilíndrica e uma cruz. 

Festividades de Paraduça

  • Festa da Broa - Abril;
  • Festa em Honra do Espírito Santo – Domingo de Pentecostes. Esta festividade religiosa é  celebrada 50 dias depois do domingo de Páscoa

Pontos de interesse de Paraduça

Forno Comunitário - Paraduça - Arões - Vale de Cambra

  • Aldeia de Paraduça;
  • Casa da Broa;
  • Capela de Paraduça;
  • Capela do Espírito Santo;
  • Hortas de Paraduça;
  • Moinhos de Rodízio;
  • Forno Comunitário;
  • Rio Teixeira;
  • Ribeira de Paraduça;
  • Ribeiro escuro;
  • Vale da Ribeira de Agualva;
  • Cascata do Poço do Linho;
  • Cabeço Redondo;

Montanhas Mágicas

Descrição da marca das Montanhas Mágicas

"Montanhas Mágicas® é a marca turística atribuída ao território enquadrado pelas serras de Montemuro, Arada e Gralheira e Arouca Geopark, o qual abrange os municípios de Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire, Cinfães, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra. Trata-se de um destino emergente no mercado turístico, tendo sido recentemente galardoado com a "Carta Europeia de Turismo Sustentável".

Carta Europeia de Turismo Sustentável das Montanhas Mágicas 

"A CETS das Montanhas Mágicas abrange o território dos concelhos de Arouca, Castelo de Paiva, Cinfães, Castro Daire, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra.

A Carta Europeia de Turismo Sustentável - CETS é uma iniciativa da Federação EUROPARC - Federação da Parques Naturais e Nacionais da Europa, que tem como objetivo global promover o desenvolvimento do turismo de uma forma sustentável nas Áreas Protegidas e Classificadas da Europa."3

Percursos pedestres e cicláveis

PR6 – Rota dos Moinhos de Paraduça

"O percurso pedestre, PR6 – Rota dos Moinhos, fica localizado em Paraduça – Vale de Cambra. O seu trajeto é caracterizado pela passagem por esta aldeia, marcadamente rural, por cinco moinhos de rodízio recuperados. A maior parte deles ainda trabalha moendo o milho para a laboração da sua conhecida broa, dinamizado pela Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça. Esta terra é rodeada de altas montanhas, rios e ribeiras naturais que lhe conferem grande beleza."

Rota da Água e da Pedra

"A Rota da Água e da Pedra (RAP) foi inaugurada em Vale de Cambra no dia 19 de março de 2016. A Rota da Água e da Pedra é um projeto das Montanhas Mágicas e o Município integra três dessas linhas, são elas: a linha do Arestal (T); Caima (C) e Freita (F).

A descoberta das Montanhas Mágicas® é feita através de uma espécie de linha de metro, com paragens constituídas por locais a visitar, na imensidão das serranias compreendidas entre o Douro e o Vouga. Essa linha condutora é A Rota da Água e da Pedra® (RAP), em que, de sul para norte, as linhas do Vouga (V), Arestal (T), Arada (A), Freita (F), Caima (C), Paiva (P), Montemuro (M), Bestança (B) e Douro (D) sucedem-se, constituindo na totalidade 114 pontos de visitação obrigatória."10

Linha F – Freita - Rota da Água e da Pedra - Montanhas mágicas

GR60 – Grande Rota das Montanhas Mágicas

"A GR60 – Grande Rota das Montanhas Mágicas – é um percurso circular que se divide em 14 etapas pedestres e 8 etapas de BTT, todas elas devidamente sinalizadas de acordo com os regulamentos da FCMP – Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal e da  FPC – Federação Portuguesa de Ciclismo."12

De Paraduça partem etapas desta rota para Manhouce (13,6) e Sever do Vouga (25,8 km), podendo ser feita de bicicleta ou a caminhar, sendo dadas indicações em painéis colocados pelo percurso e alternativas para tornar mais fácil e menor o caminho para estes últimos.

Freita vertical

Descrição da Freita Vertical

"Um desafio para os adeptos do SkyRunning, numa subida com 850D+ até ao topo do Pico do Gralheiro. Com uma falsa partida na aldeia de Paraduça, depois de 2km numa marcha ou corrida de aquecimento, o KM zero fica na aldeia abandonada da Berlenga. Depois de passar a ponte de ferro, o relógio está a contar e só pára no topo da serra, junto ao Radar Meteorológico."11

Pontos de Interesse da Freita Vertical

  • Aldeia da Paraduça;
  • Miradouro do Cabeço do Gralheiro;
  • Centro Interpretativo da Serra da Freita (CISF);
  • Parque de Merendas;
  • Torre de Vigia;
  • Radar Meteorológico;

Ficha Técnica da Freita Vertical

  • Distância: 4 km;
  • Tipologia: Linear;
  • Duração estimada: 2h;
  • Altitude máx/min: 246/1048 m;
  • Desnível acumulado: 850m;
  • Grau de dificuldade: Alta, nível 4; 

Aldeias vizinhas de Paraduça

Em redor do vale de Paraduça podem ser avistada nas encostas dos montes as aldeias vizinhas do Cercal, que pertence à freguesia de São João da Serra, concelho de Oliveira de Frades distrito de Viseu, Carregal, freguesia de Manhouce, concelho de São Pedro do Sul, distrito de Viseu, Agualva de Arões, freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, distrito de Aveiro.

Os aspetos a melhorar em Paraduça

Um dos aspetos a melhorar em Paraduça está relacionado com o PR6 - Trilho dos Moinhos e uma sucata que se encontra numa das suas florestas, como todo o tipo de detritos.

Em redor de Paraduça floresce um exército de eucaliptos que está a avançar a grande velocidade. Nós comparamos as fotos que tiramos há cerca de três anos e houve claramente um retrocesso e que foi agravado por um incêndio que parece que deflagrou no local. Os terrenos são privados, mas deveriam existir mecanismos de controle e cotas de plantação que não deveriam ser ultrapassadas. No entanto, nesta terra este problema é minorado pela mancha de pinheiro bravo e outras árvores autóctones que os Baldios de Paraduça plantam e fazer a sua gestão.

A respeito deste problema o Presidente da associação local mostrou-se preocupado com esta situação, "Nós somos contra e aqui na aldeia existe uma Associação de Baldios, que não tem eucaliptos na sua zona. No resto os terrenos são particulares e nós somos contra, mas nada podemos fazer. Tem havido, no entanto a preocupação de manter a limpeza nos caminhos e zonas de corta-fogo.” Sérgio Ferreira

Informações úteis para visitar Paraduça


Onde comer em Paraduça

Onde dormir em Paraduça

Contactos úteis

Agradecimentos

Agradecemos à Associação de Desenvolvimento Turístico e Promoção Cultural de Paraduça, na pessoa do seu Presidente Sérgio Ferreira o tempo que nos dispensou para a entrevista e aos seus associados que durante a Festa da Broa nos prestaram toda a ajuda e informação solicitadas. Agradecemos também ao Conselho Diretivo dos Baldios de Paraduça, na pessoa do seu Vice-Presidente Pedro Ferreira, toda ajuda e esclarecimentos prestados. Agradecemos também ao povo de Paraduça que nos tem recebido sempre bem.

Natividade Portinha - Moinhos das Bouças - Paraduça

Por último há uma pessoa que encontramos sempre que vamos a Paraduça e está sempre presente para ajudar a sua comunidade, chama-se Natividade Portinha, que ou está a trabalhar no Moinho das Bouças, ajudar a cozer a broa de milho ou atarefada com os seus trabalhos domésticos ou agrícolas.

Créditos e Fontes pesquisadas

Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra, com exceção das que estão devidamente referenciadas.  

1 - Flyer do percurso PR6 - Rota dos Moinhos
2 - Cartaz colocado na Aldeia da Paraduça, junto à Casa da Broa de Paraduça, da GR60 - Grande Rota das Montanhas Mágicas
3 - Montanhas Mágicas - montanhasmagicas.pt;
4 - diariocoimbra.pt/noticia/69126
5 - granderota.riadeaveiro.pt/pois/rio-teixeira/
6 - Cartaz colocado junto da Cascata Poço do Linho - Paraduça - Rota da Água e das Pedras - Montanhas Mágicas
7 - avozdecambra.pt/?p=5491
8 - Placa afixada no interior da Capela de Paraduça
9 - ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-origem-de-paraduca/18810
10 - Câmara Municipal de Vale de Cambra
11 - Cartaz colocado na Aldeia da Paraduça
12 - gr.montanhasmagicas.pt/

Lida 2498 vezes

Autor

Ondas da Serra

Ondas da Serra® é uma marca registada e um Órgão de Comunicação Social periódico inscrito na ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com um jornal online. O nosso projeto visa através da publicação das nossas reportagens exclusivas e originais promover a divulgação e defesa do património natural, arquitetónico, pessoas, animais e tradições do distrito de Aveiro e de outras regiões de Portugal. Recorreremos à justiça para defendermos os nossos direitos de autor se detetarmos a utilização do nosso material, texto e fotos sem consentimento e de forma ilegal.     

Itens relacionados

Cascata do poço do linho em Paraduça ganhou passadiços

A Cascata do Poço do Linho fica localizada na aldeia de Paraduça, freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, no distrito de Aveiro. Esta maravilha é caracterizada pela sua beleza e enquadramento natural. A mesma tem boas condições para no verão se poder passar uma tarde agradável a nadar ou dar mergulhos em altura nas suas profundas águas. Ao contrário de outras, a mesma fica bem acessível, junto a uma estrada e dotada agora de modernos passadiços. Ali perto fica localizada a aldeia de Paraduça, onde pode visitar a sua Casa da Broa e provar esta e outras iguarias regionais. Pode também conhecer o seu núcleo de moinhos de rodízio recuperados e se tiver vontade fazer o seu percurso pedestre. Por estas terras não faltam motivos de interesse que pode conhecer ao ler este artigo e aproveitar os dias quentes para visitar estas terras do interior. 

Conheça as três aldeias rurais mais belas de Vale de Cambra

O município de Vale de Cambra alberga no seu reino três belas aldeias, que embrenhadas nas serras poderá conquistar, Trebilhadouro, Felgueira e Lomba. As duas primeiras ostentam a marca de qualidade “Aldeias de Portugal”, mas todas estão inseridas nas “Montanhas Mágicas”. Estas terras partilham a ruralidade, autenticidade, tradições, natureza, ribeiros e serras. Neste artigo vamos caminhar por este concelho, visitar estas aldeias e perceber algumas das razões que levam ao seu declínio e desertificação. Estudamos também que medidas foram implementadas para as revitalizar sem as descaracterizar.

Vereda do pastor percurso pedestre na Serra da Freita

Pelo percurso pedestre do PR3 – Vereda do Pastor - Arões - Vale de Cambra, o Ondas da Serra foi conhecer as aldeias mais icónicas da encosta sul da Serra da Freita, Covô, Agualva e Lomba. Nesta caminhada ainda passamos por duas povoações já abandonadas de Porqueiras e Berlengas. Este trilho é muito rico em termos arquitetónicos, naturais, fauna e flora, onde podemos apreciar um núcleo composto por 15 canastros ou espigueiros, duas bonitas cascatas, luxuriantes ribeiros e belíssimas paisagens de montanha. Do alto das suas serranias pode-se observar a linha costeira que é coberta ao raiar da aurora e crepúsculo por uma envolvente neblina que é suplantada pela altitude, escondendo as riquezas dos horizontes e fundos dos vales.