Encontrar camarinhas em Ovar
Os colaboradores do ONDAS DA SERRA gostam de andar de bicicleta, meio de transporte não poluente que nos leva para todo o lado, até mesmo para o interior da mata. Num dos nossos passeios, fomos encontrar uma família a apanhar camarinhas, um pequeno fruto que ainda é desconhecido de muitos portugueses. Os recipientes depressa ficaram cheios. Nós, como não tínhamos uma folha de papel para fazermos um cartucho, comemos as camarinhas no local.
A CAMARINHA
A CAMARINHA (Corema album) é o fruto da camarinheira, um arbusto parecido com o alecrim. Esta pequena baga, de cor branca, é comestível. Pode ser encontrada nas dunas da costa atlântica da Península Ibérica, entre julho e agosto, e é usada em sobremesas, saladas ou compotas. A geleia de camarinha costuma estar à venda nas lojas de produtos gourmet. Segundo os entendidos, este fruto possui "propriedades remineralizantes, antelmínticas e febrífugas".
"LÁGRIMAS DA RAINHA SANTA ISABEL"
Segundo reza a lenda, as camarinhas são as lágrimas de Santa Isabel. A rainha encontrou um dia o rei, sem marido, o poeta D. Dinis, nos braços de uma amante, e começou a chorar, um pranto que deu "frutos": "(...) Mas cristalizou-se o pranto/ Em muitas bagas branquinhas/ E transformou-se num manto/ De brilhantes camarinhas!..."
Aqueles que estiverem perto do mar, se puderem, deem um passeio com a família até ao pinhal mais próximo, pois "IR ÀS CAMARINHAS", como dizem na televisão, "é o melhor remédio" para o stress, para relaxar e aliviar a tensão. Um conselho: comam uma mão cheia destas bagas deliciosas, apanhadas pelas vossas próprias mãos, enquanto leem os suculentos versos que nas próximas linhas partilhamos... Vão saber a mel, acreditem!
AS CAMARINHAS
Dizem que Santa Isabel,
Rainha de Portugal,
Montando branco corcel,
Percorria o seu pinhal!
– "Ai do meu Esposo! Dizei!
Dizei-me, robles* reais!
Meu Dinis! Senhor meu Rei!
Em que braços suspirais?!...
Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos
– Não sei!...
E o pranto da Rainha
Nas suas faces rolava,
Regando a erva daninha
No pobre chão que pisava!
– "Ó meu Pinhal sonhador
Que o meu Rei semeou!
Dizei-me do meu Amor
E se por aqui passou..."
Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos:
– Não sei!...
Mas cristalizou-se o pranto
Em muitas bagas branquinhas
E transformou-se num manto
De brilhantes camarinhas!...
Eis que repara a Rainha
Numa casa iluminada...
– "Quem vela nesta casinha
Numa hora adiantada ?!..."
Os robles silenciosos,
Tão tristes que nem eu sei,
Responderam receosos:
– O Rei!...
(Poema de autor desconhecido)
(*) robles= carvalho
Fotos: Fernando Pinto