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Ir às camarinhas Camarinhas de Ovar
segunda, 14 agosto 2017 23:33

Ir às camarinhas

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Quem é que nunca comeu camarinhas? O ONDAS DA SERRA foi até à mata atlântica do Furadouro, Ovar, apanhar e provar algumas destas bagas que mais parecem pérolas. Já agora, estavam uma delícia! Conheça a "Lenda das Camarinhas" e mais algumas curiosidades sobre este fruto.

Encontrar camarinhas em Ovar

Os colaboradores do ONDAS DA SERRA gostam de andar de bicicleta, meio de transporte não poluente que nos leva para todo o lado, até mesmo para o interior da mata. Num dos nossos passeios, fomos encontrar uma família a apanhar camarinhas, um pequeno fruto que ainda é desconhecido de muitos portugueses. Os recipientes depressa ficaram cheios. Nós, como não tínhamos uma folha de papel para fazermos um cartucho, comemos as camarinhas no local.

A CAMARINHA

A CAMARINHA (Corema album) é o fruto da camarinheira, um arbusto parecido com o alecrim. Esta pequena baga, de cor branca, é comestível. Pode ser encontrada nas dunas da costa atlântica da Península Ibérica, entre julho e agosto, e é usada em sobremesas, saladas ou compotas. A geleia de camarinha costuma estar à venda nas lojas de produtos gourmet. Segundo os entendidos, este fruto possui "propriedades remineralizantes, antelmínticas e febrífugas".

"LÁGRIMAS DA RAINHA SANTA ISABEL"

Segundo reza a lenda, as camarinhas são as lágrimas de Santa Isabel. A rainha encontrou um dia o rei, sem marido, o poeta D. Dinis, nos braços de uma amante, e começou a chorar, um pranto que deu "frutos": "(...) Mas cristalizou-se o pranto/ Em muitas bagas branquinhas/ E transformou-se num manto/ De brilhantes camarinhas!..."

Aqueles que estiverem perto do mar, se puderem, deem um passeio com a família até ao pinhal mais próximo, pois "IR ÀS CAMARINHAS", como dizem na televisão, "é o melhor remédio" para o stress, para relaxar e aliviar a tensão. Um conselho: comam uma mão cheia destas bagas deliciosas, apanhadas pelas vossas próprias mãos, enquanto leem os suculentos versos que nas próximas linhas partilhamos... Vão saber a mel, acreditem! 

 

AS CAMARINHAS


Dizem que Santa Isabel,
Rainha de Portugal,
Montando branco corcel,
Percorria o seu pinhal!

– "Ai do meu Esposo! Dizei!
Dizei-me, robles* reais!
Meu Dinis! Senhor meu Rei!
Em que braços suspirais?!...

Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos
– Não sei!...

E o pranto da Rainha
Nas suas faces rolava,
Regando a erva daninha
No pobre chão que pisava!

– "Ó meu Pinhal sonhador
Que o meu Rei semeou!
Dizei-me do meu Amor
E se por aqui passou..."

Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos:
– Não sei!...

Mas cristalizou-se o pranto
Em muitas bagas branquinhas
E transformou-se num manto
De brilhantes camarinhas!...

Eis que repara a Rainha
Numa casa iluminada...
– "Quem vela nesta casinha
Numa hora adiantada ?!..."

Os robles silenciosos,
Tão tristes que nem eu sei,
Responderam receosos:
– O Rei!...

(Poema de autor desconhecido)

(*) robles= carvalho

Fotos: Fernando Pinto

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Autor

Fernando Pinto

Fernando Manuel Oliveira Pinto nasceu no dia 28 de junho de 1970, em Ovar. Jornalista profissional, fotógrafo e realizador de curtas-metragens de vídeo. Escreve poesia e contos. A pintura é outra das suas paixões. Colaborador do "Ondas da Serra".

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