A tasca da Maria Macedo que já tem 90 anos
A tasca é da Maria Adelaide Macedo, tem 90 anos e está viúva desde 2005, nasceu nesta terra e não tem filhos, mas soubemos que tem um reputado sobrinho. É uma tasca simples, como se fosse uma cápsula do tempo, onde como a dona diz “As garrafas expostas já têm tantos anos como o estabelecimento”. Pelas paredes estão espalhados azulejos com a sabedoria popular;
“Seja branco ou seja tinto
Não importa a cor que tem
Bebido nesta casa
Todo ele me sabe bem”
Há muitas semelhanças entre esta tasca e uma outra que visitamos em Estarreja, as donas têm mais de 90 anos, são viúvas e o negócio já conheceu melhores dias, tendo ambas agora as portas abertas mais por carolice.
A história de vida da Maria Macedo
A Maria Macedo, esteve quase dez anos emigrada no Brasil e quando regressou em 1976, foi a primeira a montar ali um negócio, com ajuda do falecido marido, já lá vão mais de 40 anos. No tempo em que a mina laborava tinha muitos fregueses, vendia mercearia, vinhos e petiscos. Quando ela fechou as pessoas emigraram e ela perdeu os seus clientes e hoje "quase só vende bebidas a reformados" (risos) . Só abre o negócio à tarde, inclusive aos fins-de-semana, mas só partir das 13h00, porque pela manhã anda na fisioterapia e à noite vai dormir ao lar.
Antigamente a sua tasca fazia muitos petiscos, “Cozinhava às arrobas de ameijoas, bacalhau frito e moelas”. Naquele tempo andavam por aí muitos vendedores que lhes telefonavam de muitos sítios para ela lhes preparar os comeres, “Eles sabiam que gosto das coisas bem-feitas e temperadas. Mesmo o bucho do porco é preciso saber preparar. A pessoa que cozinha e come o que sobra é porque está bem feito.”
Esta senhora à medida que ia desfiando a sua vida ia surpreendendo-nos com o facto de ter sido também Professora e Catequista, mas vamos aos pormenores.
Na educação formou-se em Aveiro e foi Regente Escolar do 1 ciclo. Nas minas do Pegão existia uma escola e quando o anterior regime instituiu uma politica de alfabetização, ela foi ensinar os mineiros, “Ensinei muitos para irem para a policia, eles queriam tirar a 4 classe”. No final foi convidada a dar aulas a crianças de Pedorido, Oliveira do Arda, Raiva e Gondarém, onde permaneceu durante 15 anos, antes de ir para o Brasil. Por vezes aparecem por lá os seus antigos alunos, “Tenho alguns que vem cá e pedem-me para lhes dar um abraço, não sei quem são, eram meninos e agora já são de idade”.
Há sua paixão pela educação juntou a religião, tendo sido catequista durante 60 anos e só abandonou a atividade há cerca de 10 anos quando o teve que dar mais apoio ao seu marido doente.
A Maria Macedo está debilitada fisicamente, sendo ajudada pelo António Rodrigues, que está aposentado e encontrou ali há cerca de dois anos uma forma de passar o tempo. É também um habitante da terra, tem 76 anos e trabalhou no exterior das minas do Pegão durante 40 anos, até ao seu encerramento. A mina naqueles tempos trabalhava sem parar, com três turnos diários. Nessa altura a tasca abria pelas cinco da madrugada e fechava perto da meia-noite, porque estavam sempre pessoas a passar.
Os clientes fieis da tasca
Durante a nossa visita entraram e saíram alguns clientes, entre eles encontrava-se o José Alcino, com 76 anos e residente em Oliveira do Arda, que fica a poucos quilómetros de Pedorido. Depois de enviúva voltou a casar, tem três filhos, aproveitando para ir à tasca “beber uma cervejita e ver os amigos”.
O José trabalhou como soldador dezanove anos no Porto e em 1975 foi trabalhar para as oficinas das minas, onde laborou igual número de anos. Foi aqui que conheceu o seu amigo António Rodrigues. O fecho das minas também afetou Oliveira do Arda, Raiva, São Pedro do Paraíso e toda a zona do Couto Mineiro. As minas produziam carvão para a industria e uso domestico. Depois disse com pena o pessoal abalou.
Não saímos da tasca sem comprar por indicação do António Rodrigues um bom vinho verde da região, da última safra “Montes de Paiva”, que por sinal “escorrega bem”.
Galeria de fotos da tasca da Maria Macedo
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