A Forja do Mestre Cuteleiro Toni Pinho Mestre Cuteleiro António Santiago. Ao fundo está representado o monte Fuji no Japão que é muito importante para os Ninjas, porque é a montanha dos Deuses e está relacionada com a espiritualidade e o caminho a seguir.
domingo, 01 novembro 2020 07:57

A Forja do Mestre Cuteleiro Toni Pinho

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Das mãos feridas por cortes, nascem no templo do Mestre, à força da têmpera e bigorna, facas, espadas, catanas e navalhas, que só um cuteleiro sabe forjar. O Ondas foi conhecer em Ovar, um raro homem de sabedoria ancestral, de nome António Santiago, que do bruto metal, imbuído de crenças orientais, faz peças únicas que intimidam só pelo olhar. Nesta entrevista vamos conhecer o Mestre, a sua vida e paixões, como um encontro mágico na infância o levou para a forja, as fases principais duma peça, o segredo da tempera, os acabamentos em couro e clientes como fama internacional.  

Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:

  1. Entrevista ao Mestre Cuteleiro António Santiago
  2. As três fases principais na produção duma peça
  3. Os acabamentos em couro
  4. Um cuteleiro com clientes espalhados pelo mundo
  5. Um trabalho que deixa marcas profundas no corpo e na alma
  6. As aspirações para o futuro
  7. A transmissão da arte da cutelaria de Mestre para discípulo
  8. Final da entrevista com uma visita aos bonsais do Mestre
  9. Contactos da “Cutelaria Toni Pinho”
  10. Vídeo da Cutelaria Toni Pinho
  11. Galeria de fotos da Cutelaria Toni Pinho

Entrevista ao Mestre Cuteleiro António Santiago

Mestre Cuteleiro António Santiago apresentar uma faca pronta

Apresentação do Apresentação do Mestre Cuteleiro António Santiago

No centro de Ovar, num lugar altaneiro de ruas estreias, semeadas de velho casario enrugado pelo tempo, escondendo com azulejos as rugas da sua passagem, há uma ponte para o país do sol nascente. Nós estivemos à conversa na oficina dum Mestre Cuteleiro, conhecidos por feiticeiros na antiguidade, pela magica transformação do rude metal em peças duma beleza que pode aniquilar.

António Santiago, licenciado em engenharia mecânica de moldes, cunhos e cortantes, já numa fase avançada da vida, homem de bom trato, no meio da forja de fogo, para lhe dar o tempero, foi conversando connosco. Nós escutamos as suas palavras ao ritmo das pancadas na bigorna e pulsar dum forte coração sensível, que o tempo já fustigou e deixou no rosto suspensa uma lágrima no canto do olho.

A inspiração para o nome “Cutelaria Toni Pinho”

Mestre António pode apresentar-se aos nossos leitores e dizer-nos o que faz?

O meu nome é António Campinho Santiago, mas sou mais conhecido por Toni Pinho, alcunha que vem dos tempos de crianças e que deu o nome à minha cutelaria. Sou casado e tenho um filho com vinte anos. Eu faço facas e outras peças cortantes de forma personalizada, pelo método da forja antiga.

A arte de um Mestre Cuteleiro e a beleza da têmpera HAMON

Mestre Cuteleiro António Santiago exibir uma faca com tempera HAMON

Pode explicar-nos em que consiste esta arte da cutelaria?

O cuteleiro faz todos os tipos de lâminas de corte, desde machados até facas de cozinha. Faço machados personalizadas para caçadores profissionais e amadores. Na caça são usados pelo matilheiro que anda com os cães e muitas vezes tem que rematar os animais feridos. Estas peças contém um HAMON, que é uma linha de têmpera especifica, que é usada nas catanas japonesas e facas chefe, com modelos ao estilo Japonês Santoku.

E já fiz navalhas para barbeiros, mas antigamente o cuteleiro também fazia tesouras para tosquiar ovelhas.

A profissão de cuteleiro imposta pela vida

Como é que tornou cuteleiro e quem foram os seus Mestres?

Eu desde miúdo que sou um apaixonado pelo mundo oriental, em pequeno via muitos filmes de samurais e ficava com os olhos a brilhar. Ainda hoje ao fim de cinco mil anos, não há nada que chegue ao nível de corte da catana Japonesa, que é a espada do samurai, nem a falcata lusitana, apesar da sua beleza e cabeça de cavalo forjada que tem.

Para mim a arte de ferreiro sempre me atraiu, o cantar da bigorna e a mistura dos aços têm algo de mágico.

A influencia de um Mestre oriental que lhe ensinou as suas artes

O meu pai foi fragateiro e trabalhou em Lisboa, por esta razão eu passei alguns anos da minha infância na capital. Um dia em Alcântara ouvi o bater da bigorna, seguindo o chamamento fui à procura da sua origem e acabei por conhecer o Mestre oriental de nome Kasu Katsumata, já falecido e que me acolheu e tratou como um filho. Foi este homem que pertencia ao clã Koga que me ensinou as artes de ninja budo taijutsu e ferreiro. Ele era da aldeia de Narusawa, mas as origens do clã são de Koga perto de Nagoia.

Por aquilo que me dizem na Europa sou o único ferreiro a trabalhar pela técnica HADA. Nesta técnica nós trabalhamos com o aço em várias camadas, denominadas suminagashi, sendo um dos mais conhecidos o san mai, que são peças feitas com três camadas de aço, duas de aços moles e uma dura no interior.

As dificuldades da vida na génese da criação da sua cutelaria

Pode agora contar-nos mais em pormenor o nascimento da sua cutelaria?

A minha cutelaria faz seis anos no próximo dia 23 de dezembro. O seu nascimento está relacionado com dificuldades da vida na altura. Eu tinha tido um acidente num braço que ficou paralisado cerca de um ano e por causa disso foi despedido. Eu comecei a forjar com o braço ainda paralisado. Para piorar a situação a minha esposa também não recebia o seu ordenado há três meses. 

Em face destes problemas eu tive que arranjar uma solução para por comida na mesa. Foi então que impulsionado por amigos eu peguei no hobby da minha paixão e transformei-o na minha profissão.

Da forja duma pequena lâmina à concorrida carteira de encomendas

A primeira lâmina que forjei foi muito rústica, mas que me levou num caminho que agora é mais seguro. Incentivado pelos meus amigos criei com muito medo, uma página profissional no facebook, com a foto dessa faca. No dia 24 dezembro, fui à mesma para desejar festas felizes aos meus amigos do estrangeiro e verifiquei que tinha mais de trinta pedidos para ela.

Esse foi um dia marcante, porque tive trinta encomendas e nunca mais parei até hoje. Quem me encomendar hoje uma peça, tem que esperar cerca de quatro a cinco anos para a poder fazer.

Eu comecei a forjar num fogareiro de assar sardinhas, com um secador de cabelo para animar as brasas. Dai passei para uma caixa improvisada com lã cerâmica que atingia os 2500 graus, tendo sido a minha primeira forja a gás. Depois fiz uma forja maior, já em tijolo tradicional, que é onde forjo as espadas. Por fim construí esta forja circular onde trabalho diariamente há cinco anos.

A produção duma peça em aço japonês tamahagane

Pode explicar-nos o trabalho em metal numa peça em aço japonês?

No fabrico duma peça japonesa de raiz, nós temos primeiro que fazer o aço. Neste momento não precisamos, porque felizmente temos aços com um grau de pureza acima dos 90%, mas normalmente nos usamos o tamahagane, que é um aço feito de areia ferrosa japonesa, numa tatara, que é um forno tradicional. O aço ao derreter envolve-se numa bola que faz lembrar um meteorito e fez nascer o mito destas espadas serem feitos a partir dele.

Este aço é trabalhado através de várias técnicas de forjamento, para o separar o mole do rico em carbono. Depois fazemos um empilhamento das peças, que vão ser soldadas no forno a temperaturas superiores a 600 graus, de modo a que haja uma fusão.

Antigamente era usado barro misturado com carvão, hoje é um pó especial, que impede que o oxigénio não entre em contacto com o aço para ele não oxidar. Depois este bloco é dobrado sobre si mesmo, que podem ir das mais simples, 200 às 1200, que são para as famosas katanas hattori hanzo, as melhores do mundo e usadas até pelo seu imperador.

Depois desta fase deixa-se de trabalhar em HADA, ou seja, deixamos de purificar o aço e passamos a fazer a técnica san mai, colocando o núcleo macio, a alma da espada e por fim acrescentar a parte cortante que é o aço mais duro. Depois é esticada a lâmina que é reta, a forma arqueada é criada no momento da têmpera.

Por último temos a fase de acabamentos e polimentos, o exemplo que dei para a catana, é o mesmo para a faca, desde que seja feita com tamahagane e o suminagashi que é o aço depois de pronto.

As três fases principais na produção duma peça

Pode explicar aos nossos leitores as fases principais na produção duma faca normal?

O trabalho do aço na forja

Mestre Cuteleiro António Santiago a forjar faca no forno

Neste caso estamos a falar de facas de aço único em inox. Para começar coloco uma barra dentro do forno, que é batida até se formar 90% da lâmina. Depois de ter quase a forma delineada, vamos desbastar a marcas do martelo, voltando depois para dentro do forno, onde é acrescentado o cunho.

A têmpera o segredo dos cuteleiros

A fase seguinte é dar a têmpera consoante o aço, podendo usar-se água, água com sais, cera de abelha ou outras técnicas. Aqui o Mestre ferreiro tem que aplicar os seus conhecimentos, porque há aços que em contacto com a água estilhaçam, partem ou ficam mais quebradiços que o vidro.

Por outro lado, há aços que não ganham têmpera, então nós temos que conjugar a quantidade de moléculas de carbono que tem, com o material usado para fazer a têmpera. A têmpera é o maior segredo da cutelaria, por esta razão não se deve transmitir estes conhecimentos a quem não temos a certeza de ir fazer uma boa peça.

Os acabamentos em couro

Mestre Cuteleiro António Santiago a fazer acabamentos em couro para o cabo de uma faca

Depois da têmpera, volta-se novamente a polir a lâmina, fazemos a montagem dos cabos e acabamento com latões, para lhe dar uma forma ergonómica para se adaptar à mão.  Em certas facas faz-se também uma bainha de proteção para a lâmina em couro. Os bordados gravados no couro, são feitos com martelo, punção e cozidos à mão. No final é dada a cor à bainha, retoque finais no cabo e um último polimento da lâmina antes da entregar ao cliente.   

 A inspiração para os modelos das peças e os diferentes materiais usados

Como é que surge a inspiração para as peças personalizadas e que materiais é que usa?

O cliente por vezes fornece um esboço da sua ideia e os dois em conjunto tentamos chegar a um consenso. Claro que nem sempre sai exatamente o previsto, porque estas peças não são feitas em moldes, mas tentámos sempre chegar aquilo que ele tinha pedido. O material depende do pedido, eu uso desde inox a aços de carbono, que é o mais tradicional.

Os acabamentos no caso das facas, vão desde latão, bronze, prata, prata esterlina, ouro de 24 quilates, madeiras exóticas para os cabos, osso, marfim, hastes, cornos de animais africanos desde impalas a búfalo.

A nível de bainhas para as facas, que é a proteção da lâmina, eu uso couros bovinos naturais e peles exóticas. No caso das catanas japonesas, a envoltura do cabo é feita com fita traçada ito, em seda natural, por baixo leva também pele de raia ou tubarão, para dar a dureza ao cabo. Faço muitas bainhas em madeira, com raiz de oliveira que é muito bonita, pau santo, jacarandás, pau ferro ou pau rosa africano que tem um veio lindíssimo.

Por vezes quando me pedem, também trabalho com materiais sintéticos.

Um cuteleiro com clientes espalhados pelo mundo

Mestre Cuteleiro António Santiago com o Chefe de Cozinha Ljubomir Stanisic

Sabemos que o seu trabalho já ultrapassou fronteiras e que tem alguns clientes muito conhecidos, pode falar-nos de algum em particular?

Um dos meus clientes é o Ljubomir Stanisic, conhecido Chefe do programa, “Pesadelo na Cozinha”. Acho que somos parecidos no feitio, ríspidos, mas honestos. Eu também sou muito critico comigo próprio e com quem vem para aqui trabalhar.

A forma como eu entrei em contacto com ele foi uma sugestão de amizade enviada pelo facebook.  Eu enviei-lhe uma mensagem e para meu espanto a resposta veio passado pouco tempo, dizendo que me queria conhecer.

Através deste contacto ele acabou por encomendar cem facas de mesa personalizadas para o seu restaurante, “Bistro - 100 Maneiras”, em Lisboa, que já ganhou o prémio de melhor do mundo. Neste trabalho ele fez o desenho da lâmina e colocamos os nossos cunhos na lâmina.

Tenho outros clientes que não posso divulgar a identidade, mas que estão ou já estiveram ligados ao governo angolano, grandes facas eu fiz para eles. Fiz cerca de mil facas para um tropa especial dum país europeu. Também já fiz peças para clientes que vivem nos alpes suíços. Em suma atualmente em tenho peças espalhadas por quase todos os cantos do mundo, menos no pólo norte e pólo sul (risos).

Um trabalho que deixa marcas profundas no corpo e na alma

Quais são as maiores dificuldades no seu trabalho?

Eu costumo dizer que todas as facas gostam de me deixar a sua marca nas mãos, por isso corto-me e queimo-me muitas vezes. Tenho as mãos assim calejadas com muito orgulho, das facas e pancadas na bigorna, porque é daqui que retiro o sustento da minha família e paguei os estudos do meu filho. Cheguei até aqui sem ajudas do estado, com muito pulso e coragem.

As aspirações para o futuro

Quais são as suas aspirações para melhor as condições de trabalho?

Quero ver se faço uma forja nova, um martelo mecânico, que eu já desenhei e fiz com ajuda de um amigo, mas que está lá fora para uns pequenos ajustes, uma prensa hidráulica que estou a construir com sucata. Todo este material é caríssimo e nos temos que improvisar.

A transmissão da arte da cutelaria de Mestre para discípulo

Esta sua arte vai partir consigo ou tem algum discípulo para passar os ensinamentos?

A arte dos ferreiros japoneses é muito fechada e só passam o conhecimento de pais para filhos, sendo precisos décadas para aprender a aperfeiçoar a arte. Eu gostava de a passar ao meu filho, porque é uma tristeza a arte de ferreiro estar acabar. É uma arte bonita, porque não é fácil trabalhar com esta caneta de escritório com dois quilos (exibindo um pesado martelo na mão).

Não é fácil trabalhar com o calor que a forja emana, entre 500/600 graus, para o aço se tornar maleável. Em certos casos temos que o elevar até aos 900 graus, para fazer aços como suminagashi ou o damasco, que são dos mais bonitos que existem. Há quem pense que o cuteleiro enriquece, mas apenas dá para pagar as contas e vive-se sem grandes extravagâncias.

Foi o amor à arte que me levou a escolher esta profissão. Eu tenho alguns problemas de saúde, que me fazem doer o corpo, mas há uma força que me impele a vir para dentro da oficina.

Já tentei ensinar algumas pessoas, mas rapidamente desistem, porque estão habituados à cutelaria mecânica, ou seja, carrega-se no botão e do outro lado sai a faca quase feita. A minha cutelaria por não ser mecânica, tem a qualidade que tem.

O meu braço direito e a minha força são a minha esposa e o meu filho.

Final da entrevista com uma visita aos bonsais do Mestre

Mestre Cuteleiro António Santiago visita aos seus bonsais

Tendo acabado a nossa entrevista, fomos convidados a conhecer alguns dos bonsais moldados pelo Mestre e desvendar alguns dos seus segredos. Afinal estamos em presença dum feiticeiro, tudo o que toca transforma, o metal é submetido e o ser vivo conduzido, as formas são esculpidas à força da criação do espírito. Esta é uma grande lição, para aqueles que apenas se deixam conduzir pela matéria, nunca a vão entender nem poder dominar.

Contactos da “Cutelaria Toni Pinho”

Facebook: Página

Telefone: 919 264 678 

Vídeo da Cutelaria Toni Pinho

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Galeria de fotos da Cutelaria Toni Pinho 

O Mestre trabalhando na oficina

As diferentes peças de corte criadas

Apresentação do modelo de faca Ljubomir Stanisic, feito pela Cutelaria Toni Pinho

Lida 11096 vezes Modificado em domingo, 07 janeiro 2024 16:50

Autor

Ondas da Serra

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