A caminhada à Ilha dos Amores: da balbúrdia ao silêncio Grupo da Caminha Ilha dos Amores - PR 1 - Castelo de Paiva

A caminhada à Ilha dos Amores: da balbúrdia ao silêncio

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Falcão deu a última ordem de partida para a Ilha dos Amores faltavam 5 minutos para as 14 horas. Num instante, a balbúrdia do cais cedeu ao silêncio. A equipa do Ondas da Serra foi a última a zarpar rumo ao ponto alto da caminhada ‘Em busca do amor’. À nossa espera estava o almoço partilhada entre as 21 pessoas que se aventuraram por Castelo de Paiva este Domingo, 22 de Julho.

Caminhada em Castelo de Paiva e visita à Ilha dos Amores

Ilha dos Amores - Castelo de Paiva

A partida do parque de estacionamento Júlio Dinis, em Ovar, aconteceu às 7 horas e 59 minutos. Tal como previsto, passavam 15 minutos das 9 horas quando chegamos ao Cais do Castelo, em Castelo de Paiva. Antes de começarmos o trilho, Sílvio Dias reuniu o grupo e deu instruções. Às 10 horas, a ordem de partida foi dada! 21 pessoas puseram-se a caminho.

Ovar, Espinho, Vila Nova de Gaia, Porto, Santa Maria da Feira e Beja. Portugal numa caminhada com 8 quilómetros. Familiares de marujos, parentes de atletas e amantes de trilhos estavam prontos para começar. O movimento começou sem timidez.

Pontos de interesse do Trilho Ilha dos Amores - Castelo de Paiva

Ponte sobre o Rio Paiva que divide os distritos de Aveiro e Viseu

Alguns dos principais pontos de interesse visitados:

  • Ponte sobre o Rio Paiva que divide os distritos de Aveiro e Viseu;
  • Aglomerado histórico do lugar do Castelo;
  • Alminhas da Nossa Senhora da Boa Fortuna com data de 1825;
  • Capela de Santo António – Fornos;
  • Velho Cruzeiro de Fornos;
  • Igreja de São Pelágio de Fornos; e
  • Várzea de Fornos.

Foi um Domingo quente, um dia longo de Verão que se tornou numa experiência única para cada uma das pessoas que se embrenharam numa demanda pelo amor. Um amor à natureza, à serenidade e à descoberta. Sobretudo, um amor ao seu próprio desenvolvimento.

A travessia do Rio Douro para a Ilha dos Amores

De regresso à Ilha dos Amores, o almoço partilhado foi também um almoço prolongado. A hora prevista de regresso era às quatro da tarde. Seria uma hora e meia mais tarde, depois da meditação, da declamação dos Cantos IX e X d' Os Lusíadas, de Luís de Camões, de algumas sestas e, claro, muitos mergulhos num local mágico, onde o rio Paiva cruza o Douro.

A Ilha dos Amores é centro das atenções de todos os que visitam a Praia do Castelo, em Castelo de Paiva, distrito de Aveiro.

A lenda, estudada e contada por Rui ao grupo após o almoço, conta a história de amor de um lavrador e de uma fidalga. O pedido da mão da fidalga por um nobre deixou o lavrador destroçado que, num ato de loucura, matou e atirou o pretende ao rio Douro. Temendo ser castigado pela loucura cometida, fugiu para a ilha.

A história por detrás da Ilha dos Amores

A história por detrás da Ilha dos Amores

Longe da sua amada, regressou para lhe pedir que fosse viver com ele para a ilha. A fidalga aceitou e na viagem de barco com destino à sua nova vida a dois formou-se uma tempestade que lhe roubaria a vida. A Ilha, outrora Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo, transformar-se-ia na Ilha dos Amores.

A partir da Ilha é possível observar os concelhos de Marco de Canaveses, Cinfães e Castelo de Paiva. Este pequeno tesouro não foi cantado por Luís de Camões nos Lusíadas, mas é palco privilegiado para odes ao amor.

A experiência terminou às 7 horas da tarde. O Domingo continuava quente e o longo dia de Verão parecia não querer acabar. Quase 10 horas depois, as 21 pessoas que se juntaram para uma caminhada já não eram apenas indivíduos reunidos por um objetivo comum. Eram um grupo com histórias para contar.

A edição da galeria fotográfica é da autoria de Ana Sofia, fundadora do projeto picture.wall

Leia também: Ondas da Serra foi para Castelo de Paiva em “Busca do Amor”

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Autor

Ricardo Grilo

Histórias capazes de entrar em contacto com as emoções de quem as lê justificam a minha paixão pelo jornalismo. Natural de Santa Maria da Feira, acredito no potencial de um concelho em ensaios para escrever a sua autobiografia. Aos 24 anos, e enquanto colaborar do ‘Ondas da Serra’, procuro a beleza em escrever sobre uma terra tão especial.

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