Quem olha para as serras de Arouca está longe de imaginar que há muitos milhares de anos esta zona estava submersa por um mar pouco profundo e há riquezas ocultas por detrás dos penedos. Neste ambiente marinho viveram pequenos seres, como as trilobites, que deixaram o seus rastos sulcados no leito arenoso. Estas provas do passado foram preservadas no Geossítio G37 - Iconfósseis de Cabanas Longas, localizado perto da Aldeia de Portugal da Paradinha - Alvarenga - Arouca. A abundância destes antigos registos geológicos fez nascer o Arouca Geopark e colocou este concelho como referência internacional para o estudo da evolução da fauna, flora e geologia da terra. Neste artigo vamos descrever as suas características, aspetos técnicos, biodiversidade em redor, pontos de interesse e apresentar as suas fotos mais representativas.

Quem gosta de montanhas, geologia e história caótica da terra regressa com frequência ao Arouca Geopark, para descobrirmos a nossa odisseia a bordo de caravelas do tamanho de continentes. Nestas serras cada pedra sussurra o passado se a soubermos interpretar ou ouvirmos os homens que as estudam. Navegamos numa jornada pela caminhada interpretada do "Vale do Paiva", onde ficamos a conhecer melhor a “Pedreira do Valério”, onde nas lousas ganham vidas gigantescos fósseis de trilobites e escalamos a Gralheira d'Água, onde romanos extraíram ouro de antigas minas mouras. No seu miradouro saboreamos as paisagens longínquas de Alvarenga e Cinfães e conhecemos a lenda do rego do boi.

Quem sobe para a Serra da Freita em Arouca, está longe de imaginar que no seu planalto irá encontrar tantas maravilhas de Portugal, abertas paisagens, gado de raça caprina e bovina apascentar livremente pelas serranias, um rico património natural e geológico e as suas aldeias serranas de Albergaria da Serra, Cabaços, Merujal e Castanheira, onde até as inférteis pedras dão à luz e são chamadas parideiras. Este fenómeno das pedras parideiras, apesar de haver outros casos relatados, com estas características minerais, segundo apuramos, é único no mundo. Reza a lenda que as mulheres colocavam estas pedras à noite debaixo do travesseiro para ajudarem quando queriam ter filhos

A Falha da Espiunca, é o geossítio G32 do Arouca Geopark, sendo considerada uma falha normal, com deslocamento dos blocos de 1,70 metros. Esta falha pode ser vista numa parede rochosa situada junto à estrada municipal 505 e Ponte da Espiunca, sobre o rio Paiva, numa das extremidades da entrada dos Passadiços do Paiva. Esta falha geológica ocorre no talude da estrada nas rochas mais antigas desta região, que se formaram há mais de 500 milhões de anos nas profundezas de um antigo mar, onde se foram depositando sedimentos, cujos estratos quartzíticos se encontram aqui bem perceptíveis.

O Centro de Interpretação Geológica de Canelas, fica localizado em Arouca, sendo popularmente conhecida como a "Pedreira do Valério", que é explorada comercialmente e de onde são extraídas ardósias, desde meados do século XX. Neste local que outrora foi um leito marinho com pouca profundidade viveram muitos seres vivos, como as trilobites, que morreram e fossilizaram nos sedimentos do leito arenoso. Os trabalhos neste local puseram à vista estes fósseis e a visão do seu explorador Manuel Valério, depressa identificou a sua importância, riqueza e lutou pela sua preservação, que culminou com a construção deste museu. Neste artigo conhecemos este homem que nos contou a história deste projeto e lembramos com saudade em virtude de ter  partido prematuramente.