"Amigos Bué Cansados" - amantes da bicicleta
A génese do grupo ABC – Amigos Bué Cansados

“O primeiro passeio que fizemos foi à Ribeira da Aldeia, em Pardilhó, no dia 30 de setembro de 2005. Mas quem vai contar como tudo começou é aqui o nosso comandante”, disse José Polónia.
“O meu pai, Fernando Elvas, perguntou-me, um dia, se eu queria dar uma volta de bicicleta com ele, e eu disse-lhe que gostava mais de correr. Estou ligado ao AFIS/ Ovar – Atletas Fim de Semana, e na altura corria todos os dias. Mas depois pensei melhor, e deixei de correr à 6.ª feira para ir pedalar com o meu velhote. Falei com o José Polónia, que tinha saído do Banco BPI, estando como eu, na reforma, e lá fomos os três pela estrada fora. Não foi assim, amigo Zé?”, disse José Tavares Oliveira Elvas, dirigindo-se ao amigo Polónia, que, para além de ser o “2.º comandante” dos Amigos Bué Cansados é o homem que tira as fotografias do grupo e trata da logística.

“Quando passámos a ter meia dúzia de ciclistas, todos reformados, pusemos um nome ao grupo. Arranjei as três letras, ABC, e ficou como está, Amigos Bué Cansados”, explicou José Polónia, apontando para o logotipo bordado nas camisolas que envergam à 6.ª feira. O 1.º símbolo é da autoria de Carlos Rocha, amigo dos fundadores, e o atual logotipo foi idealizado por Raquel Faneco, filha de Manuel “Nené”, da Ribeira de Ovar, também ele ciclista.
Os “Amigos Bué Cansados” tem cerca de 35 membros, e só três ou quatro é que estão no ativo. “O resto da malta está a gozar a reforma”, adiantou José Tavares Elvas.
“Vamos uma vez por ano a São Jacinto, e andamos aqui pelo nosso concelho, ou nas redondezas, pelo Bico da Murtosa, pela Torreira. Já fomos a Espinho... O que custa mais a vencer são as subidas”, revelou José Polónia, gesticulando. “O que vale é que temos os nossos carros de apoio, o amigo Manuel Mendonça, que não nos deixa ficar pelo caminho, mesmo quando temos um furo”.
Os passeios de bicicleta têm uma almoçarada como meta, mas nem sempre foi assim, como explica José Polónia: “Primeiro andávamos só de bicicleta, só depois é que metemos o almoço pelo meio. Na estrada andam só doze ou treze, os outros “pedalam à mesa”.
“Sou eu que trato dos almoços... Fui operado a uma anca, mas um dia destes volto à estrada. Apesar de ainda não termos estatutos, agora decidimos que só entra nos Bué Cansados quem for passear de bicicleta”, adiantou José Tavares Elvas. “Este grupo não é o ABC – Amigos da Bebida e da Comida”, disse José Polónia, rindo.
Passeio pela mata atlântica
De Ovar a Arada não deu sequer para aquecer os selins das bicicletas, e o pelotão, composto por onze homens, só parou no ponto de abastecimento, no café situado junto ao apeadeiro de Carvalheira-Maceda. A mata atlântica, lugar de merendas, aguardava pelos cavaleiros das duas rodas, e “era preciso matar o bicho”, como frisou José Polónia, não fosse ele atacar a meio do percurso. Depois de retemperadas as forças, foram respirar o ar puro da Praia de São Pedro de Maceda [ver foto da capa], seguindo pela ciclovia que acompanha a Avenida da NATO, contigua à Base Aérea. Depois de uma curta passagem pela Praia do Furadouro, os ciclistas rumaram ao Carregal, onde um delicioso repasto os esperava.
Um desejo dos ciclistas vareiros
“Gostávamos de ter uma ciclovia que ligasse o Carregal à Ponte da Varela”, disse José Polónia, “porque dessa ponte à Torreira já tem uma pista para ciclistas. Vamos encostados à nossa direita e, na estrada da ria, costumam passar uns automobilistas cheios de pressa. Até a barraca abana...”
TEXTO e FOTOS: Fernando Pinto