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Estarreja

O Concelho de Estarreja, pertence administrativamente ao distrito de Aveiro (Beira Litoral), localiza-se na sub-região do Baixo Vouga e integra-se numa individualidade regional - a Ria; caracteriza-se pela existência de esteiros e canais em todas as freguesias, esta influência marinha constitui nela e ao seu redor, uma diversidade de biótopos (águas livres, ilhas com vegetação, vasas e lodos, sapais, salinas e campos agrícolas), com grande importância do ponto de vista ecológico.

Todo o concelho é bastante recortado por linhas de água, sendo o mais importante o rio Antuã, caracterizado por margens bem protegidas onde se registam por vezes declives superiores a 25%, ao mesmo tempo que imprime à paisagem um encanto surpreendente e bucólico, pelas represas e azenhas ao longo do seu curso.

Pela sua situação geográfica integra-se na faixa dos climas temperados (T.M.A. - 14ºC) de influência mediterrânea. É limitado pelos concelhos de Ovar, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Murtosa, sendo servido por uma importante rede viária.

A ocupação humana deste território - outrora junto ao mar e após à ria - remonta, de acordo com os estudos arqueológicos realizados, ao Neolítico (séculos V a III a.C.), existindo alguns artefactos deste período. Há provas também de comunidades ao longo do Megalitismo, da Idade do Ferro, da época Romana e da Idade Média. Fonte CM Estarreja

No âmbito do evento “Descobrir e Experienciar a Ria”, realizado pelo município de Estarreja, conhecemos o biólogo Rafael Marques. O mesmo foi o nosso cicerone numa visita guiada entre a Ribeira do Mourão em Avanca e a Ribeira do Telhadouro em Pardilhó, onde identificou e caracterizou os ambientes de transição e flora dos sapais da Ria de Aveiro. Rafael Marques é coautor do “Guia de Flora do Baixo Vouga Lagunar" que foi utilizado como auxiliar na identificação das plantas que encontramos neste percurso e nos deu a conhecer as suas propriedades medicinais, comestíveis ou decorativas. Foi também salientada a importância dos sapais para a biodiversidade, depuração das águas e proteção contra as alterações climáticas.

Pardilhó ocupa um lugar especial no coração do Ondas da Serra, por isso certo dia fomos à procura da sua história e encontramos um livro com as memórias dum Pardilhoense que tinha vivido no Brasil, Mário de Oliveira Saleiro, “O Almocreve da Ti Rendeira | Esboço da História Contemporânea de Pardilhó”. Através das suas palavras ficamos a conhecer melhor a história desta terra, profundamente ligada à Ria de Aveiro, pesca, construção naval, terras marinhoas, famílias, pedreiros e tempos onde o homem estaria mais conectado à mãe terra.

Em outros tempos a Ria de Aveiro era sulcada por moliceiros, mercantéis, bateiras e outras embarcações em madeira que o tempo foi apagando. Estes homens que lhes davam forma com a sua arte e engenho, munidos apenas com ferramentas rudimentares, onde o machado com arte devastava o pinho para as moldar, eram conhecidos por "Mestres do Machado". Neste artigo vamos conhecer o Mestre Felisberto Amador, de Pardilhó - Estarreja, um dos últimos seus últimos artífices, carpinteiro naval que usa a sua arte para não os deixar morrer e as suas velas possam continuar a enfornar com beleza a ria dos mil esteiros. Estas embarcações podem também ser apreciadas nos canais de Aveiro com turistas a passear, sendo muitas vezes reparadas na sua oficina e que descansam ao sol na Ribeira do Nacinho.

O caminhante ao percorrer o Percurso das Ribeiras de Pardilhó, compreende que o Criador deveria estar de bom humor, quando fez tão bonita obra. As terras são baixas e de altitude quase constante, conhecidas por Marinhoas. Estes lugares perto do mar e da ria, formados por terrenos arenosos e aluviões, conferiram uma acentuada identidade regional a Pardilhó, Bunheiro, Murtosa, Monte, Veiros, Torreira e pedaços de Estarreja e Ovar. Neste trilho vamos percorrer sete ribeiras, junto da Ria de Aveiro, que tão bem representam a riqueza lagunar, tradições e caráter deste povo.

Pardilhó é uma vila do concelho de Estarreja, nascida junto das margens da Ria de Aveiro, repleta de belezas e que encantam o visitante. Esta terra possui uma atmosfera especial, um tempo peculiar e gentes afáveis e trabalhadoras. Enclausurada no meio de grandes cidades urbanas e estradas repletas de tráfego, a influência das águas, dá-lhe calma e muito sossego. Por ser plana por aqui a bicicleta ou carroça são rainhas e como é muito fértil, pasta o gado e cava o homem. Na ria as ribeiras foram requalificadas e lutam apesar da idade e menor tráfego, pela sua beleza, quando os visitantes percorrem o seu trilho. Ainda há alguns mestres do machado a fazer moliceiros que navegam para Aveiro para os turistas visitarem os canais. Na Fonte da Samaritana lembramo-nos que todos somos humanos e não devemos julgar os outros pelas suas diferenças.

O Percurso do Rio Gonde começa no interior da Casa-Museu Egas Moniz, em Avanca - Estarreja e deve o seu nome ao rio que o acompanha e desagua na Ria de Aveiro. O mesmo tem como principais atrativos este museu, onde viveu o médico, que ganhou um prémio nobel, os seus belos jardins, o Rio Gonde, Moinho das Meias e a requalificada Ribeira do Mourão, uma das mais bonitas, tranquilas e rica na fauna e flora, da ria ex-libris deste distrito.

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