De Ovar a Aveiro de Bicicleta, junto da Ria de Aveiro
Quando chegamos a adultos, o rápido torna-se ainda mais rápido e rapidamente se fica sem tempo para programas que exijam, curiosamente, tempo. É importante referir nome a nome aqueles que participaram neste devaneio saudável não por gabarolice, mas por orgulho.
A saída foi um pretexto para reunir a equipa, estar com amigos e usufruir da Natureza. De Ovar a Aveiro, ficam as paragens para ver os corvos marinhos, os silêncios para não assustar as cegonhas, o encantamento pela beleza que Portugal oferece sem cobrar nada.
Passavam alguns minutos das 08h30 quando saímos de Ovar. Uns com bicicletas prontas para o que vinha, outros, mais inexperientes, com o equipamento que arranjaram para se desenrascar. Todos com o objetivo de aproveitar cada oportunidade, até ao momento em que o cansaço seria tanto que já não se sentia ou reparava em rigorosamente nada. Apenas se suspirava pela estação de comboios e, mais tarde, por descanso.
Ovar, Pardilhó, Murtosa, Estarreja e Aveiro foram os pontos mais centrais por onde passamos, sempre envolvidos pelo manto apaziguador de uma Ria a que não se consegue ficar indiferente quando se escuta atentamente.
Um imprevisto no caminho obrigou-nos a pegar nas bicicletas, depois de horas a pedalar, e a atravessar uma pequena muralha de pedras escorregadia entre silvas, musgo e muito suor. O paredão, com um ligeiro declive, serve para travar o mar ou o rio de galgar as margens, pelo menos com facilidade. Neste Sábado, dia 16 de fevereiro de 2019, já muito perto do pôr-do-sol, serviu para contornarmos um boi e algumas vacas. Livres no caminho que deveria ser o nosso, obrigaram-nos a encontrar uma alternativa que não fosse voltar para trás. Fizemo-lo, demoramos o dobro do tempo, eu acabei com os pés raptados por lama ainda não havia passado 30 segundo do início da aventura, e conseguimos contornar o obstáculo numa metáfora poética do que é o projeto Ondas da Serra.
De Ovar a Aveiro, atravessamos passadiços confiantes, ouvimos a Natureza, tiramos fotografias, estivemos connosco e rimos. Muito. Partilhamos o tempo que tantas vezes temos dificuldade em encontrar para simplesmente estarmos. É a importância do tempo que resume este percurso, na sua forma mais simples. Nós, o Sílvio, o Rui e eu, teremos irremediavelmente este tempo para nós e para o Ondas, mesmo que nunca mais se repita (o que não irá acontecer, naturalmente!).
Ricardo Grilo
Pedalar por trilhos escondidos junto da Ria de Aveiro
Por mais que se tente e mesmo o maior dos poetas, não consegue por vezes levar os outros a sentir o que vive, porque a grandeza da natureza quer companhia e não partilha os seus amores com devaneios linguísticos, metáforas ou hipérboles bem delineadas. Esta aventura foi vivida num paradoxo temporal próprio do Ondas (quem já nos acompanhou sabe a que nos referimos), com amigos que partilham convicções e tentam com as Serras e as Ondas, tornar o mundo melhor. Mesmo assim as palavras versejadas ainda se vão aproximando do que queremos transmitir, por isso misturei umas poucas sobre o que senti com este passeio com os meus amigos.
O universo foi criado
Das trevas fez-se luz
O homem foi moldado
Do sopro da vida insuflado
As ondas da existência
Devem alcançar o mar
Não temos que navegar
Num barco para afundar
Andamos no mar
Andarmos na serra
Andamos na ria
Andamos na floresta
Queremos aprender
Conhecimentos partilhar
Não fazer seres sofrer
Ensinar homens amar
Nossa missão tem temor
Obstáculos a contornar
A Terra grita de dor
Vamos ajuda a salvar
Nossa comunidade floresce
Muitos querem participar
O nosso Aveiro merece
Tem muito para mostrar
Percurso: Ovar, Pardilhó, Ribeira do Mourão - percurso das Ribeiras (artigo no Ondas), Bunheiro, Ponte Varela (lado nascente), Bestida, Murtosa, Ribeira de Pardelhas, Cais do Bico, Ribeiras de Veiros, Esteiro de Estarreja, Rio Antuã (nova ponte, vídeo no facebook do Ondas), Bioria, Percurso de Canelas, Comportas de Canelas - seguir para poente, passar uma comporta (atenção que aqui tem campos com vacas e touros, pode encontrar o portão fechado para os animais não saírem destes terrenos), virar na primeira estrada de terra batida que encontrar à esquerda em direção a sul, ponte Sarrazola (vídeo no facebook do Ondas), Rio Vouga - para poente, Vilarinho (junto à ponte caída)- entrar nos novos passadiços para Aveiro que vão até ao Cais de São Roque, estação da CP de Aveiro. Distância: 70 quilômetros sensivelmente.
Ao longo dos anos tempos vindo a explorar as melhores ciclovias, ecopistas e ecovias a Norte de Portugal, por isso visite este artigo e fique a conhecer os melhores percursos desta região.
Sílvio Dias
Vídeo de Ovar a Aveiro de bicicleta
Galeira de fotos de Ovar a Aveiro de bicicleta
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