Sara a responsável pelo Gabinete Psicossocial da Junta de Freguesia de Esmoriz
“Quando era criança queria ser educadora de infância, mas as coisas acabaram por se alterar. Gosto muito de pessoas e a psicologia exige que estejamos em contacto permanente com pessoas. O facto de trabalhar com a comunidade em que nasci, cresci e vivi, ainda vivo, aumentou a relação com as pessoas e hoje é como se estivesse quase em família”, explica Sara.
“As pessoas são apaixonantes. Acho as emoções e os comportamentos extremamente interessantes de observar e a psicologia permite-me estudar e trabalhar estes aspetos”, conclui.
De facto, Sara nunca quis ser psicóloga até descobrir a psicologia no 9.º ano. A partir daí, ficou claro qual seria a sua área profissional. Queria trabalhar sobretudo com crianças. Estudou na Universidade do Porto e especializou-se em educação. No entanto, quando surgiu a oportunidade de trabalhar na Junta não pensou duas vezes.
“Podem pedir aos médicos de família para as encaminhar ou vir cá diretamente e tratamos de tudo na Junta. Estamos abertos de Segunda a Sexta-feira, das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30.
O Gabinete Psicossocial da Junta de Freguesia de Esmoriz está aberto á comunidade
O Gabinete Psicossocial da Junta de Freguesia de Esmoriz possui um âmbito de atuação alargado. Dirige-se a qualquer pessoa da comunidade, por excelência, mas não exclui pessoas fora da cidade de Esmoriz ou do próprio concelho de Ovar. De acordo com Sara, o gabinete conta neste momento com pessoas de todas as faixas etárias, desde os 10 anos aos 60.
“Por ano, temos há volta de 60 a 70 pessoas a passar por cá, sendo que apenas contabilizamos as que têm um contacto prolongado com o gabinete psicossocial”, refere. “Apesar de ser da Junta de Freguesia de Esmoriz, temos pacientes de Ovar, Espinho, Maceda, Cortegaça, Arada, entre outros. A maior das juntas não tem apoio e as pessoas vêm porque são referenciadas ou ouviram falar. Acolhemos todos, mesmo que não sejam do nosso município. Não negamos este apoio porque sabemos que o acesso à psicologia pode não ser fácil e a nossa missão é ajudar.”
As pessoas não devem procurar ajuda só em casos extremos
“Normalmente, as pessoas vêm quando já não conseguem lidar sozinhas com a situação. Ainda há um enorme estigma relativamente à psicologia e por isso tendem a procurar-me em cenários extremos. Os casos mais intensos são os traumas de infância e que são muito difíceis de lidar.”
A força da “menina que cresceu”, como é conhecida, deve-se também ao apoio da família: “Nunca me disse que eu não era capaz. Aliás, a minha família sempre me deu e exigiu autonomia. Isso fez com que eu quisesse seguir os estudos e procurar meios para ser independente.”
Uma visão sempre cor-de-rosa do mundo
Aos 25 anos, a psicóloga de Esmoriz preservou a visão cor-de-rosa do mundo: “Acredito muito nas pessoas e procuro sempre ver o lado bom delas. Acredito que todos nós podemos contribuir para um bem maior e isto está muito relacionado com o que eu faço enquanto psicóloga, mas que ultrapassa a Sara psicóloga em muito.”
O objetivo é contribuir para o bem-estar e a saúde da comunidade de Esmoriz, mas também de todos os que procuram a Sara e que não vivem na cidade. A intervenção junto das famílias, de idosos, crianças, adolescentes e adultos faz de Sara uma profissional verdadeiramente comprometida em trabalhar a capacitação da comunidade com benefícios inquestionáveis.
O contacto próximo com outras entidades locais, como o Gabinete de Inserção Profissional de Esmoriz, o Centro Comunitário e a Câmara Municipal, permite um trabalho multidisciplinar e que se traduz num acompanhamento rigoroso e saudável de todos os utentes.