A história vareira de Ovar está profundamente enredada na pesca artesanal, onde grossos mares reclamaram tantas vidas. As suas varinas saindo de canastra à cabeça, vergadas pelo jugo do peso, caminhando descalças muitas léguas sem fraquejar ou reclamar, apregoavam com rouca marítima voz, “Sardinha do nosso mar”, pelos cantos recônditos do nosso distrito e arredores, levando o seu vozeirão até à longínqua Régua. As companhas de pesca às centenas, pescando cegamente com Arte Xávega, foram morrendo e hoje neste concelho são menos que os dedos da mão. Um destes dias ainda com noite fechada, arremetemos pelo formoso mar, navegando com os pescadores da “Companha Jovem”, a única sobrevivente da praia do Furadouro. É esta história que vamos contar, as vivências destes robustos pescadores, com as suas glórias e angústias, últimos representantes duma arte tradicional que merecia mais atenção, para não deixar morrer a nossa memória, porque nem tudo são cantigas ou distribuição anárquica de subsídios.
Ondas da Serra esteve por estes dias à tarde na praia de Cortegaça, onde andamos à fisga de “estórias” de pescadores, que encontramos naquela tarde cinzenta, povoada de chuviscos aqui e além. Junto ao paredão frontal da avenida principal, fomos encontrar alguns homens que se entretinham a pescar. O mar encontrava-se revolto, segundo a opinião bom para uns e mau para outros.
Filho de Manuel de Oliveira Pinto e de Rosa de Oliveira Ascensão, o Alberto “Pescador”, como é conhecido em Ovar, seu torrão natal, nasceu em 26 de outubro de 1941. Atualmente, ocupa o tempo a consertar redes, é figurante no Rancho Folclórico “As Morenitas” do Torrão do Lameiro, e ainda dá um ar da sua graça na Confraria Gastronómica de Ovar, onde é um afamado tocador de búzio.