O passeio do Ondas da Serra de bicicleta na Cicloria e bateira na Ria de Aveiro
Durante o percurso fomos "obrigados" a parar em Pardilhó para saborearmos as deliciosas amoras silvestres que estavam à nossa espera na berma da estrada. Algumas eram enormes (Ver GALERIA). De barriga cheia e cheios de pedalada fomos ouvindo algumas "estórias" pelo caminho, contadas pelos moradores. Uma senhora pedalou alguns metros ao nosso lado e, ao saber que tínhamos andado às amoras, contou-nos que o filho um dia estava aflito e, no meio de uma festa, foi ao mato tratar do seu problema fisiológico. Como não tinha papel à mão, pegou numa das meias e... "Olhem, desenrascou-se como pôde! Aqui tem muito milho, se, de repente, também ficarem aflitos", disse a senhora, de sorriso estampado no rosto. Soltaram-se algumas gargalhadas sonoras. Estava dado o mote para um passeio inolvidável.
O passeio de Bateira no Cais da Boca da Marinha na Ria de Aveiro - Pardilhó - Estarreja
Fomos até ao cais da Boca da Marinha, onde os ciclistas mais temerários foram presenteados com um inesperado passeio de bateira, graças à gentileza do pescador João Oliveira (João Gato, como é conhecido no Bunheiro, Murtosa), que antes de ir ao robalo, com as suas três canas, aceitou satisfazer o desejo de alguns participantes.
O simpático pescador, de 37 anos de idade, disse que trabalhava num matadouro de frangos e que só ao fim de semana é que pega na sua bateira para matar saudades da sua Ria: "É preciso ter força nos braços para impulsionar a bateira com a vara, como eu estou a fazer", adiantou João Gato ao ONDAS DA SERRA, à medida que se afastava da margem em direção à Ponte da Varela, onde costuma pescar. Já apanhou alguns sustos por lá, mas, como leva uma boia, está mais descansado.
Neste cais à moda antiga podemos ver os restos de uma bateira. Segundo nos informou João Gato, a embarcação submersa pertencia a um lavrador chamado Domingos, que a usava para andar ao junco, que depois servia para fazer as camas do gado no curral.
Depois de deixar os inesperados "passageiros" na segurança do cais, o pescador João Gato tirou a camisola (na foto) e saiu dali a "voar" para não perder a maré, demonstrando ser Mestre na arte de navegar com a vara."É um homem de bom coração, não tornou as coisas complicadas", disseram alguns ciclistas, depois de terem presenciado aquele momento digno de figurar numa cena de um filme italiano. Enquanto navegámos pela Veneza de Portugal, o nosso simpático "gondoleiro" foi desfiando alguns episódios da sua vida. Gente boa, a da nossa Ria, não nos cansamos de dizer.
O "Lavadouro da Igreja", a motorizada e os animais do campo
No Bunheiro visitámos também o "Lavadouro da Igreja" (ver GALERIA), que se encontra muito degradado e a necessitar de uma boa limpeza. Em relação à historia deste monumento, conforme se pode ler numa placa (também ela a precisar de trato), não se sabe o ano em que foi construída, mas as suas águas são provenientes da fonte de S. Gonçalo, o que poderá ser uma pista para a sua datação. Uma curiosidade: as mulheres que ali iam lavar a sua roupa, ou das freguesas, tinham que estar com os pés na água.
Para retemperarmos forças, achamos por bem fazer alguma despesa num café daquela localidade. Ali fomos encontrar um senhor montado numa antiga motorizada “EFS”, daquelas que, para trabalhar, temos de colocar a chave da ignição no farolim dianteiro. "Uma verdadeira peça de Museu!", disse a malta das bicicletas, soltando novas e sonoras gargalhadas. Até os locais que se encontravam na esplanada sorriram. Reinava a boa disposição em terras murtoseiras. Partimos, depois, na direção da Capela de São Simão, onde ficámos a par de alguns dos segredos deste templo.
Enquanto pedalávamos, sempre de bem com a vida, íamos avistando alguns animais do campo: um potro a mamar, vacas que nos olhavam com indiferença (talvez por já estarem habituadas à passagem dos ciclistas na ciclovia), dois burros lindíssimos, sem preconceitos (um branco, muito dócil e simpático, e um negro muito senhor de si, um pouco nervoso e agitado com a presença dos forasteiros).
Os restantes episódios vividos pelos ciclistas nessa manhã de agosto ficarão certamente guardados na memória daqueles que tiveram coragem de sair bem cedo de suas casas. Para aqueles que não puderam ir e quiserem viver experiências idênticas a esta, o ONDAS DA SERRA está a pensar organizar brevemente mais uma "viagem na nossa terra". Enquanto aguarda por esse dia, aprecie as fotos que lhe oferecemos. Não têm som, mas possuem o perfume inebriante desta nossa região ribeirinha.
Galeria de fotos do evento Ondas na Ria
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