Pedras Boroas do Junqueiro | As côdeas do povo
Nesta terra as amplitudes térmicas, metereóloga, composição das rochas e quem sabe inteligência destes seres que se dizem inertes, criaram-lhes uma curiosa textura que depressa “enganou” o povo, já que parecem côdeas de boroas, daquelas saborosas de milho, que desde tempos imemoriais saciou a sua fome.
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Seja como for nem umas dão à luz nem outras matam a fome, contudo apesar de mentirosas, não deixam de ser bonitas, excêntricas e dotadas de personalidade.
Pedras Boroas do Junqueiro fazem lembrar broas de milho
"Em pleno coração do planalto da Serra da Freita, esculpiram-se pedras que mais parecem broas de milho. Falamos das Pedras Boroas, dois blocos graníticos gigantes, localizadas no Junqueiro, a este de Albergaria da Serra. Repare no seu formato em côdea de milho. Ele é o resultado da ação dos maiores escultores naturais de sempre – a água e o vento – que, juntamente com as mudanças de temperatura e a química dos elementos, deram origem a este encanto da natureza.
Como chegar às Pedras Boroas do Junqueiro
Rodeadas de turfeira, urze e tojo, estas broas gigantes podem ser visitadas de forma simples e acessível. Para as encontrar bastará estacionar o carro junto à estrada e percorrer um pequeno passadiço de madeira que o levará diretamente ao local. Aproveite para observar o lindo planalto da Freita, com os seus fios de água a brotar da terra que, juntamente com a vegetação, são o alimento dos rebanhos que por aqui habitam."1
Pedras Boroas do Junqueiro são o resultado da erosão
"As Pedras Boroas são o resultado da erosão diferencial que o granito sofreu e que pós em evidência a sua estrutura base. Este fenómeno dá origem à formação de uma rede de fissuras poligonais nas partes da rocha mais erodidas que, à vista desarmada, lembra a superfície de uma boroa, pelo que a rocha foi assim batizada. As Pedras Boroas do Junqueiro são um importante geossítio do Arouca Geopark que se enquadra num relevo residual de granito da serra da Freita, aflorante no planalto de Albergaria da Serra. A erosão que origina este padrão resultou do clima agreste com grandes amplitudes térmicas que se faz sentir no cimo da serra. Este planalto é marcado por uma paisagem deslumbrante, onde as pastagens e urzais alternam com as turfeiras (habitat muito raro e protegido), que se formam nas imediações das linhas de água que alimentam o rio Caima.
As pedras boroas do Junqueiro enquadram-se num dos relevos residuais graníticos do planalto da serra da Freita. Neste geossítio merecem particular relevância dois blocos de granito, um dos quais se apresenta deslocado da sua posição original, exibem uma fissuração poligonal bem expressiva. As fissuras poligonais encontram-se bem individualizadas e estendem-se por toda a superfície verticalizada destes blocos. Apresentam geralmente 5 a 6 lados não regulares e apenas alguns centímetros de profundidade.
De acordo com os geomorfólogos a génese e evolução destas geoformas envolve a associação de processos sub-superficiais e sub-aéreos. Este tipo de modelado terá tido início sub-superficialmente e com uma relação direta com a estrutura da rocha, conforme se pode observar nas fissuras já bem definidas desenvolvidas em fraturas verticais deste relevo residual, reforçando a importância deste geossítio. Esta rede de fraturas/fissuras permite a circulação de água, que propicia a ocorrência de processos físico-químicos, e a progressão da meteorização e erosão, que tem continuidade com a exposição sub-aérea dos blocos." 2
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Localização das Pedras Boroas do Junqueiro
Localização: Junqueiro, União de Freguesias de Albergaria da Serra e Cabreiros;
Altitude: 970 m;
Coordenadas GPS: 40,520269 | -8,154115;
Turfeiras da Serra da Freita - Montanhas Mágicas
"As turfeiras são um dos habitats mais raros e diversos das nossas montanhas. Relíquias vivas dos tempos dos glaciares, estas são hoje refúgio de muitas espécies de plantas e animais que aqui prosperam. Localizadas no planalto da Freita, entre os 950 e os 1050 metros de altitude, algumas foram constituídas microreservas pela Quercus. Ao longo de todo o planalto da Freita este raro habitat desenvolve-se junto às linhas de água, juncando de verde as ribeiras que serpenteiam entre os maciços graníticos. O esfagno, musgo que constitui os alicerces das turfeiras, forma tapetes almofadados capazes de uma enorme retenção de água nos seus tecidos. Junto à casa florestal, um imponente filão de quartzo de mais de 3 metros de largo rasga a montanha no sentido NW-SE, testemunhando os fenómenos orogénicos que ergueram a serra da Freita." 2
Rio Caima nasce na Serra da Freita
Próximo deste geossítio das Pedras Boroas do Junqueiro passa o pequeno riacho do Rio Caima, que irá crescer e se tornar homem e despedir-se no Rio Vouga. "No planalto da Serra da Freita, as águas de vários riachos vão recortando, ao de leve, a paisagem, até confluírem num só.
O Rio Caima. Serpenteando por terrenos graníticos, o Caima «explode» na Frecha da Mizarela, ao aproximar-se dos xistos que, ali, começam a surgir. Primeiro, faz correr as suas águas em terrenos com altitudes mais elevadas. Depois, espraia-se por terrenos mais planos, à medida que vai chegando aos concelhos vizinhos de Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis, até desaguar no Rio Vouga." 2
Créditos e Fontes pesquisadas
Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - visitarouca.pt/atracoes/pedras-boroas-do-junqueiro/
2 - aroucageopark.pt/pt/conhecer/geodiversidade/geossitios/pedras-boroas-do-junqueiro/