Emerenciano artista plástico volta a expor em Ovar
“O Emerenciano é um homem que tem feito muito pela sua terra. Desde os princípios desta casa que esteve aqui presente. Esta sua exposição honra muito esta casa, que também é sua. Estamos muito gratos por estar aqui connosco”, disse Manuel Cleto, Diretor do Museu de Ovar.
Emerenciano lembrou que “a pedido do seu fundador, José Augusto de Almeida”, realizou em 1967 uma exposição com amigos no Museu, estava ele no início dos estudos na Escola Superior de Belas Artes do Porto, e que teve a ideia de "trazer esta exposição com as máscaras nesta altura por Ovar ser uma terra de Carnaval, mas pretende que “a ideia da máscara ultrapasse a festividade”.
Para este artista vareiro, autor da capa da revista "REIS" de 2017, nós convivemos diariamente com gente que se mascara: “São máscaras de fingimento... É evidente que quem coloca uma máscara esquece-se que um dia ela cai”.
Emerenciano revelou ainda que, como autor, não pode deixar de pensar na Guerra e no sofrimento que ela causa e, por isso, algumas das suas obras refletem o seu estado de espírito: “Vim a perceber que só me salvava através do conhecimento, do saber, tentando resolver alguns problemas interiores e de relação... A minha alma está na escrita, pensando de lá para cá. Penso que esta ideia começa em 1973, quando fiz questão de trazer a vida para dentro da arte."
Na noite de 3 de março, Emerenciano vai estar no “À Palavra”, no Museu de Ovar, a convite do escritor ovarense Carlos Nuno Granja, autor do texto da contracapa da brochura da exposição “A minha alma está na escrita”, do qual transcrevemos estes excertos:
"Para mim, este regresso de Emerenciano à sua cidade, à minha cidade, enche-me de orgulho. (...) Uma mostra que envolve o Homem, que envolve o Artista, que vem envolver os seus conterrâneos, que lhe devem o reconhecimento merecido, pela sua obra vasta e projetada no nosso país. Emerenciano é um Artista de dimensão nacional. Este seu regresso é a nossa homenagem, de todos nós, do Museu de Ovar, e da terra que o viu nascer. (...) Através destas suas pinturas podemos recuperar trajetos perdidos como os pássaros de um bando na floresta ao entardecer, podemos sentir a fluidez do olhar e a robustez dos pensamentos, ainda que possamos ser levados a colocar os dogmas todos em causa (...)."
TEXTO E FOTOS: Fernando Pinto