Tanoaria Farramenta - JOSAFER - Esmoriz
Filipe Octávio Fernandes, um dos filhos do atual sócio gerente, José António Fernandes, começou por explicar o porquê do nome “Farramenta”, alcunha pela qual também é conhecida esta tanoaria centenária: “O meu avô Joaquim Dias Ferreira era conhecido em Esmoriz por Farramenta. Antigamente os tanoeiros tinham nas suas praças, no local onde se faziam os barris, uma caixa para guardar a ferramenta depois de um dia de trabalho. O meu avô achava que não valia a pena estar a arrumar a ferramenta toda e deixava-a pousada na praça dele. Então, os colegas, por brincadeira, escondiam-lhe os utensílios de tanoeiro. De manhã, o meu avô perguntava aos colegas quem é que lhe tinha roubado a farramenta. Ficou a alcunha. Em 1962, por questões comerciais, alterámos o nome para JOSAFER, que é João António Fernandes, o nome do meu pai”.
A primeira tanoaria Farramenta foi fundada em 1912
A primeira tanoaria foi fundada em 1912 numa garagem, por Manuel Dias Ferreira, bisavô de Filipe Fernandes. São várias gerações a trabalhar neste tipo de indústria familiar, que tem passado por altos e baixos. Existiam mais de 40 tanoarias em Esmoriz. Agora são duas: esta e a tanoaria Ramalho, que fica ali bem perto, na Rua Abade Pinheiro. Alguns tanoeiros reformados trabalham em casa, em garagens, mas são processos muito artesanais.
“Isto que está aqui a ver é madeira de castanho português e carvalho francês e americano, acácia ou austrália portuguesa. O castanho compramos nas zonas altas de Portugal, na Serra da Estrela, na Guarda, Gouveia e Manteigas. Vêm para cá em toro e nós serramos a madeira e fazemos estas aduelas. Depois é engradada de forma que esteja a secar e a apanhar vento”, diz Filipe Fernandes, apontando para as torres de madeira [na foto].
Segundo alguns entendidos na matéria, esta zona é especial para o tratamento da madeira, porque o mar está muito próximo das tanoarias e a aragem ajuda a tratá-la, mas tem de estar a secar no estaleiro durante 24 meses. “Aquela ali, a escura, já está seca, em condições de ser levada ali para dentro da fábrica. Cinquenta por cento do nosso mercado são barris novos, e os outros cinquenta são barris usados”, refere o jovem empresário, enquanto nos dirigimos para o interior da tanoaria. “Fazemos todos os tipos de barris, mas hoje estamos a fazer charutos. São pipos, mas com um formato diferente, de 150 litros. Antigamente, estes charutos eram muito usados nas tascas de Lisboa, porque, como não havia muito espaço, eram colocados ao alto”, esclarece.
Esmoriz é a capital da Tanoaria
Esmoriz é a capital da Tanoaria, mas este setor, para poder vingar, tem de se modernizar e de apostar na formação de jovens tanoeiros. A tanoaria "Farramenta" alcançou o mercado indiano: "Vender para a Índia era uma meta que tínhamos”, conta Filipe Fernandes, com os olhos a brilhar, como se, por instantes, um fogacho lhe acendesse a alma.
Núcleo Museológico da Tanoaria Farramenta
O Núcleo Museológico da Tanoaria “Farramenta” está aberto de segunda a sábado, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Encerra aos domingos e feriados.
Localização e contactos da Tanoaria JOSAFER
TANOARIA JOSAFER, LDA
Av. 29 de Março 779 - Esmoriz, Portugal
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facebook.com/tanoariajosafer
Telefone +351 256 752 565
Saiba mais sobre esta tanoaria do concelho de Ovar, em http://tanoariajosafer.com/
TEXTO e FOTOS: Fernando Pinto