Seja em Arouca, Ovar, Vale de Cambra ou Sever do Vouga, se a floresta não está queimada está ocupada ou a ser substituída pelos eucaliptos. Cada vez são menores as manchas de floresta autóctone. Em Arouca dos 14 percursos pedestres que haviam, depois dos incêndios do ano passado, restam somente dois em boas condições e que ainda não foram afetados pelas chamas, o PR1 na Serra de Montemuro e o PR10 de Vila Cova a Espiunca. Este último foi alvo duma reportagem especial por nós efetuada depois dos incêndios que calhou em sorte o ano transato a este concelho. Já percorremos ambos onde falamos com pastores, agricultores, idosos, respiramos os ares da montanha e vimos as suas magníficas vistas. Por vezes ouvimos o cuco, no litoral esse canto já raramente se ouve.
É uma constante nas nossas caminhadas vermos a floresta diversificada ser destruída para dar lugar à monocultura do eucalipto. Numa dessas incursões ao caminharmos pelo PR1 Varandas da Felgueira – Vale de Cambra, encontramos um ancião em Vilar que se movia com dificuldade com ajuda de dois paus. Nesse vale as encostas apresentavam-se cinzentas e queimadas dos incêndios, o velho homem disse-nos revoltado que era um regalo antigamente ver as encostas cheias de árvores e cobertas de vegetação, os animais a pastar, os campos todos cultivados de milho e outras culturas e as crianças a brincar.
Nesta mesma caminhada o conversámos com o pastor José Augusto Tavares (José das Ovelhas), de 71 anos de idade, de Felgueira - Vale de Cambra, que alertou: "Antigamente, as cabras limpavam os terrenos... Como podem ver, está tudo cheio de silvas, de mato, e os lobos descem às aldeias". No final deste artigo está o link para o artigo completo se o desejar ler na totalidade "Varandas da Felgueira – Vale de Cambra".
O interior está desertificado, os homens foram-se embora porque ninguém lhes deu condições para ficar, como consequência as matas deixaram de ser limpas para fertilizar, cozinhar, aquecer, matar a fome ao gado ou fazer as camas das vacas nos currais. Muitos dos nossos leitores com alguns anos e habitantes das aldeias ainda se recordaram dos carros de bois cheios de tojo e os presentes que deixam quando se aliviavam nos caminhos e estradas.
A cada calamidade voltam as promessas, agora é que vai ser mas a lengalenga parece a “estoria” do “Pedro e o lobo”.
A floresta encerra em si muita energia, biodiversidade, frescura, verde, até quando vamos esperar por exigir dos responsáveis que ajam. Muitas vezes não é preciso ir para o meio da serra para ver isto acontecer. Em Ovar na Rua Dr. António Manarte já está a crescer um grande eucaliptal, com pinheiros ali perto, escolas e a zona residencial da Habitovar, esperamos não aconteça um desde dias uma tragédia.
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Eucaliptal em Ovar
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Incêndios em Arouca 2016
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