Castro de Ovil é um antigo povoado da Idade do Ferro Estação Arqueológica – Castro de Ovil Ondas da Serra
segunda, 19 março 2018 20:32

Castro de Ovil é um antigo povoado da Idade do Ferro

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A Estação Arqueológica – Castro de Ovil foi identificada em fevereiro de 1981, no sítio conhecido por Castelo, lugar do Monte, freguesia de Paramos, concelho de Espinho. As escavações aqui realizadas permitiram descobrir as ruínas arqueológicas de uma aldeia do séc. IV a III a. C. Nesta aldeia dos nossos ancestrais foram localizadas treze estruturas em xisto com planta circular, algumas delas com átrio e que comunicam em alguns casos para pátios lajeados comuns, tudo indicando que cada uma correspondia a um núcleo familiar. Os trabalhos realizados puseram a descoberto antigos utensílios em cerâmica, moagem, pesca, olaria, metalurgia, objetos para adorno pessoal e vestígios de armamento.

Conhecer a Estação Arqueológica – Castro de Ovil

Estação Arqueológica – Castro de Ovil

Os acessos ao local andam a ser melhorados pelo Município de Espinho, pelo que o trabalho ainda não está totalmente concluído. Nós fomos forçados a deixar o carro antes das obras e a caminhar em paralelo com a linha de caminho de ferro do Vale do Vouga, no regresso ainda vimos um comboio a gasóleo, mais conhecido pelo "Vouginha", no sentido Espinho – Aveiro.

No local fizemos a nossa reportagem fotográfica e imaginemo-nos há muitos séculos, num mundo perdido e lembramo-nos de algo que Carl Sagan disse no século passado, em termos cósmicos, séculos e milênios não são nada, por isso quem quer que tivesse vivido naquele local, está mais próximo de nós do que imaginamos, foi ontem, são nossos parentes.

A Estação Arqueológica – Castro de Ovil merece ter mais visibilidade

Estação Arqueológica – Castro de Ovil

O local merece mais, começando pelas placas identificativas, com informação de aproximação da Estação Arqueológica, limpeza, há ervas a crescer por todo o lado, o que não deve ajudar na sua preservação, delimitação do perímetro, enquadramento envolvente e quadros com informação. Infelizmente sabemos que isto é um pau de dois bicos, porque algumas pessoas ao visitá-lo podem consciente ou inconscientemente danificá-lo, mas vamos acreditar no potencial do ser humano. Os Espinhenses têm que ter orgulho neste vislumbre do passado e lutar pela sua preservação.

História da Estação Arqueológica – Castro de Ovil1

Estação Arqueológica – Castro de Ovil

"Alguns séculos antes do nascimento de Cristo, as populações do Noroeste da Península Ibérica desenvolveram formas de vida caracterizadas, entre outros aspetos, por um tipo de povoado: os castros. Os castros mais não eram que aldeias fortificadas, implantadas em colinas proeminentes e com ampla dominância visual. Essas preocupações defensivas eram normalmente complementadas com a construção de muralhas de pedra e/ou profundos fossos para dificultar o acesso ao povoado.

O Castro de Ovil foi identificado em Fevereiro de 1981, num local conhecido por Castelo, lugar do Monte, freguesia de Paramos, concelho de Espinho. O povoado situa-se numa pequena colina que dispõe, no entanto, de boas condições de defesa: a ribeira de Paramos a Sul e SO. e um profundo fosso a Norte e NE.

Os trabalhos arqueológicos foram iniciados nos começos dos anos 80. As intervenções foram retomadas em 1994, no âmbito da ação do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Espinho.

As escavações no Castro de Ovil permitiram detetar as ruínas arqueológicas de uma aldeia do Sé. III/II A.C., sendo de mencionar os núcleos habitacionais dos sectores B e E. Treze estruturas em xisto com planta circular, parte delas com átrio, e que confluem em alguns casos para pátios lajeados comuns, parecendo cada um deles corresponder a um núcleo familiar.

O espólio recolhido é essencialmente constituído por cerâmicas indígenas, lisas ou com decoração típica dos contextos castrejos, permitindo a reconstituição de potes, panelas, talhas, vasos de suspensão e alguidares. Exumaram-se abundantes vestígios de atividades domésticas e artesanais relacionadas com a moagem (mós de vaivém e giratórias), a fiação (cossoiros), a tecelagem (pesos de tear), a pesca (pesos de rede), a olaria (pedaços de barro) e a metalurgia (escórias de fundição).

Encontramos ainda testemunhos de adorno pessoal, tais como contas de colar em pasta vítrea ou fíbulas em bronze. Relativamente ao armamento podemos referir uma ponta de lança em liga de ferro. De salientar a quase total ausência de vestígios romanos, patentes até ao momento apenas em alguns fragmentos de ânfora, que permitem supor o abandono do povoado durante o século I."

Descrição da Estação Arqueológica – Castro de Ovil2

Estação Arqueológica – Castro de Ovil

"Alguns séculos antes do nascimento de Cristo, as populações do Noroeste da Península Ibérica desenvolveram formas de vida caracterizadas, entre outros aspetos, por um tipo de povoado: os castros. Os castros mais não eram que aldeias fortificadas, implantadas em colinas proeminentes e com ampla dominância visual. Essas preocupações defensivas eram normalmente complementadas com a construção de muralhas de pedra e/ou profundos fossos para dificultar o acesso ao povoado.

O Castro de Ovil foi identificado em Fevereiro de 1981 num local conhecido por Castelo, lugar do Monte, freguesia de Paramos, concelho de Espinho. O povoado situa-se numa pequena colina que dispõe, no entanto, de boas condições de defesa: a Ribeira de Paramos a sul e a sudoeste e um profundo fosso a norte e nordeste. Os trabalhos arqueológicos foram iniciados no começo dos anos 80. As intervenções foram retomadas em 1994 no âmbito da ação do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Espinho.

As escavações do Castro de Ovil permitiram detetar as ruínas arqueológicas de uma aldeia do séc. IV a III a. C., sendo de mencionar os núcleos habitacionais dos setores B e E. Treze estruturas em xisto com planta circular, parte delas com átrio e que confluem em alguns casos para pátios lajeados comuns, parecendo cada uma delas corresponder a um núcleo familiar. O espólio recolhido é essencialmente constituído por cerâmicas indígenas, lisas ou com decoração típica dos contextos castrejos, permitindo a reconstituição de potes, panelas, talhas, vasos de suspensão e alguidares.

Exumaram-se abundantes vestígios de atividades domésticas e artesanais relacionadas com a moagem (mós de vaivém e giratórias), a fiação (cossoiros), a tecelagem (pesos de tear), a pesca (pesos de rede), a olaria (pedaços de barro) e a metalurgia (escórias de fundição). Encontramos, ainda, testemunhos de adorno pessoal, tais como contas de colar em pasta vítrea ou fíbulas em bronze. Relativamente ao armamento, podemos referir uma ponta de lança em liga de ferro.

De salientar a ausência quase total de vestígios romanos patentes, até ao momento, apenas em alguns fragmentos de ânfora que permitem supor o abandono do povoado durante o século I d. C."2

Primeiros trabalhos trabalhos arqueológicos no castro de Ovil

"Os primeiros trabalhos arqueológicos no castro de Ovil (Espinho) realizaram-se nos começos da década de 1980 (Ferreira & Silva 1981, 1982, 1983), retomando- -se o projecto de investigação a partir de 1992 (Salvador 1992; A.M.S. Silva 1993, 1994, 2005; Salvador & Silva 2000, 2004, 2010; Sárria et al. 2003; Salvador et al. 2005a, 2005b; Silva & Salvador 2008). O povoado, que ocupa uma superfície próxima dos 2 hectares, implanta-se numa colina aplanada à cota máxima de 53 metros, distando do mar 2,4 km. A Sul e a Oeste o recinto é limitado pela ribeira de Riomaior; a Norte e a Este do povoado, o menor declive do terreno obrigou à construção de um sistema defensivo constituído por um profundo fosso, com cerca de quinze metros de desnível e uma largura que ronda os oito metros, e que ocorre duplicado em parte da sua extensão, sistema defensivo que não parece ter sido complementado por qualquer amuralhamento pétreo ou talude em terra (Salvador & Silva 2010)." (Silva, 2010), página 194

Localização e acessos da Estação Arqueológica – Castro de Ovil

Localização: Lugar do Monte - Paramos - Espinhos
Acessos: Acesso pela A29, saída em Espinho ou Esmoriz, conforme venha do norte ou do sul, depois irá deslocar-se pela Estrada Nacional 109. Pode também viajar de comboio, linha suburbana Aveiro - Porto, tendo em atenção ao facto que o comboio faça paragem no apeadeiro de Paramos. Neste caso prepare-se para caminhar um pouco ou usar a bicicleta porque a Estação Arqueológica de Castro de Ovil, fica situada a cerca de 3 quilômetros.
Coordenadas GPS: 40°58'45.9"N 8°37'15.3"W

Créditos e Fontes pesquisadas

Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - Câmara Municipal de Espinho
2 - visit.espinho.pt/pt/turismo/estacao-arqueologica-castro-de-ovil/

Bibliografia consultada

Silva, A. M. S. P., & Pereira, G. R. (2010). Povoamento Proto-histórico na fachada atlántica do Entre Douro e Vouga. Paleoambientes e dinámica cultural. Variações paleoambientais e evolução antrópica, Braga, 189-203.

Galeria de fotos da  Estação Arqueológica – Castro de Ovil

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Autor

Ondas da Serra

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