Descrição do Parque Temático Molinológico - Oliveira de Azeméis
"O Parque Temático Molinológico de Oliveira de Azeméis pretende ser um «museu vivo» das estruturas da confecção do pão e de moagem de cereais, uma actividade com mais de 200 anos de existência. Além de um lugar agradável e de apetência turística, o parque assume-se como um espaço didáctico e de conhecimento para as crianças e jovens das escolas.
O projecto da autarquia, no valor de 1,25 milhões de euros, tem sido, de forma constante, alvo de visitas de pessoas de todo o país. O espaço é constituído por 11 moinhos de água, a maioria recuperados pela autarquia ao abrigo de uma candidatura ao III Quadro Comunitário de Apoio, e os restantes por promotores privados.
Um dos principais núcleos procura recriar todo o percurso associado às actividades da secagem, moagem de cereais e ao fabrico do pão podendo os visitantes assistir, ao vivo, à moagem dos cereais e às padeiras a confeccionarem o tradicional pão de Ul. A nível museológico há ainda espaço para conhecer as alfaias associadas a este tipo de artes e uma zona multimédia. Um outro núcleo está direccionado para a indústria do descasque de arroz que foi a evolução do declínio da primitiva moagem de cereais.
Um terceiro núcleo, localizado na freguesia de Travanca, aproveita a frente ribeirinha para o desenvolvimento de acções de educação ambiental e de actividades lúdicas e de lazer. O objectivo do parque molinológico é entrar nos circuitos da oferta turística da região numa perspectiva de promoção do município de Oliveira de Azeméis enquanto destino turístico ligado à fruição dos recursos patrimoniais, históricos e paisagísticos."1
O que visitar no Parque Temático Molinológico
"Núcleo da Ponte da Igreja
Localizado à face do rio Ul, no lugar de Ponte da Igreja, da freguesia de Ul, detém a função de núcleo museológico do moinho e do pão.
Os edifícios existentes, no total de 6, apresentam as seguintes funcionalidades:
• Edifício receção/administrativo, no qual se recebem os visitantes e se permite uma visita virtual ao Parque;
• Edifício moinho: espaço onde se demonstra a moagem tradicional nos moinhos característicos do município de Oliveira de Azeméis;
• Edifício expositivo: espaço de exposição permanente de engrenagens e utensílios associados à atividade da moagem, bem como dos seus intervenientes;
• Edifício auditório: espaço polivalente de apresentação de diapositivos e vídeos, acumulando a função de auditório para pequenas palestras;
• Forno tradicional: espaço demonstrativo de confeção do pão equipado com forno tradicional;
• Bar: espaço de apoio para serviço de pequenas refeições, onde se faz a degustação do pão de Ul.
O conjunto do espaço é servido por espaços exteriores para lazer, parque de merendas e espaço de diversão para crianças.
Núcleo de Adães
Este núcleo de moinhos está tradicionalmente associado ao descasque de arroz, razão da fixação das maiores indústrias nacionais de descasque de arroz, no lugar de Adães. Esse núcleo apresenta também uma área de lazer, que proporciona aos visitantes um contacto direto com a natureza envolvente.
Núcleo do Crasto – Dois Rios
Este conjunto de 4 moinhos localiza-se na freguesia de Travanca, na margem esquerda do rio Antuã. O moinho junto à ponte do Crasto, reconhecido com o mesmo nome do lugar, integra um terreno com uma ampla frente ribeirinha, permitindo o desenvolvimento de atividades lúdicas, e de lazer, em articulação com a paisagem natural.
O edifício existente para além de conservar o moinho tem um pequeno anfiteatro permitindo a permanência a pequenos grupos de estudantes ou visitantes. Os outros moinhos existentes neste espaço, num total de três, apresentam múltiplos interesses, nomeadamente o aspeto rústico das construções, com a utilização de pedra no aparelho das paredes exteriores. O espaço interior dos moinhos foi recuperado, mantendo as engrenagens em funcionamento."1
Missão do Parque Temático Molinológico
"O Parque Temático Molinológico localiza-se nas freguesias de Ul e Travanca, a sul da sede do município de Oliveira de Azeméis. Ocupa uma área de 29 hectares, em espaço totalmente aberto, e inclui dois rios, o Antuã e o Ul, seu afluente. O Largo do Souto, na freguesia de Ul, é o principal ponto de referência para se aceder aos diversos espaços que integram o Parque.
O Parque é um projecto de desenvolvimento integrado, iniciado em 2000, que incluiu, por um lado, acções imateriais (levantamento das estruturas de moagem e de secagem, acções de sensibilização e de divulgação, edição de livros, realização de filmes) e, por outro, a execução de obra física, nomeadamente, a recuperação de moinhos, açudes, levadas e muros, recuperação de caminhos e pontes, a criação de infra-estruturas turísticas e de equipamentos culturais.
A criação do Parque resulta de uma forte presença neste espaço, bem como em toda a freguesia de Ul, de moinhos de água e respectivas infra-estruturas hidráulicas, açudes e levadas. Estes singulares edifícios traduzem o aproveitamento hídrico do rio, pela população local, para gerar um produto essencial à alimentação, o pão. A moagem de farinhas constitui uma especialização destas gentes, resultando actualmente numa identidade própria da freguesia de Ul.
A intervenção neste espaço assenta numa estratégia de valorização e requalificação das infra-estruturas associadas ao moinho – os açudes e levadas, bem como dos edifícios – os moinhos de água. O núcleo de moinhos, no lugar de Ponte da Igreja, reflecte este conjunto de acções, permitindo também divulgar as características da engrenagem e ofícios relacionados com a moagem, tendo sido recolhidos, para esse efeito, uma colecção de peças e utensílios desses ofícios.
O Parque Temático Molinológico é um espaço que aproveita os moinhos de água existentes nesta região há mais de dois séculos, construções também conhecidas por moinhos de rodízio horizontal e eixo vertical, uma vez que a roda ou conjunto de penas gira na horizontal, e a peça através da qual se transmite o movimento às mós encontra-se na posição vertical.
Muito ligada à sua realidade hidrográfica, dir-se-ia que a abundante água dos rios esteve omnipresente na vida económica de Oliveira de Azeméis, pois com ela se regaram os campos e, tão importante como isso, graças à força das águas, inúmeros moinhos em ambas as margens moeram farinha que, por sua vez, deu «alimento» a outra actividade complementar – a do fabrico do famoso pão de Ul.
Mais tarde, outra actividade que se iniciou também com o aproveitamento dos moinhos de água foi a do descasque do arroz, que progressivamente, se foi modernizando, ganhando importância e primazia até aos dias actuais, traduzindo uma nova geração de actividade económica que tem animado Ul e as freguesias circunvizinhas. Actualmente, o sector de moagem, embora ultrapassado na predominância que outrora gozou, continua a manter aqui grande vitalidade. Também o pão de Ul continua a encher a boca de bom sabor.
No descasque e embalagem de arroz, estão aqui implantadas as maiores indústrias nacionais do género. Este território, após mais de um século de exploração, tornou-se uma zona degradada, sobretudo dos pontos de vista ambiental e paisagístico, marcada por casas abandonadas, caminhos impraticáveis e em que são visíveis os estigmas que sempre são inevitáveis com o abandono de projectos que sustentaram durante muito tempo e em exclusivo o desenvolvimento local.
Felizmente que, no caso em apreço, os antigos proprietários dos moinhos e o Município local uniram esforços para promover nas freguesias de Ul e Travanca uma iniciativa de desenvolvimento integrado, capaz de reabilitar economicamente e socialmente a região e com uma componente cultural, ambiental e turística. Desenvolveram-se acções de limpeza de vegetação permitindo repor uma qualidade ambiental para fruição dos caminhos e trilhos pedestres presentes no parque.
Estes espaços constituem, simultaneamente, locais de passeio e de acesso aos vários núcleos de moinhos dispersos na área do parque, sendo estes denominados pela sua localização: Ponte da Igreja, Adães/Azevilheira, Crasto/Dois Rios."1
Como chegar ao Parque Temático Molinológico
"O Parque Temático Molinológico fica A 30 minutos do Porto. A 5 minutos do nó de Estarreja da A1 e A29. Após sair da auto estrada (A1) tome a variante em direção a Oliveira de Azeméis. Saia para Travanca e siga as indicações do Parque Temático Molinológico. A 10 minutos da saída de Oliveira de Azeméis (A32)."1
Entrevista ao Presidente da Associação do Parque Temático Molinológico
Pode contar-nos um pouco do seu percurso neste parque?
Eu iniciei estes trabalhos em 2012 como Presidente da Associação do Parque que nessa altura eu acumulava com o cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Ul. Os estatutos do parque acabavam de certa forma por envolver os Presidentes das três juntas de freguesia compostas por Ul, Loureiro e Travanca, que correspondem à área geográfica que o parque ocupa.
Em 2013 com agregação de freguesias foi criada a união de freguesias já referida presidida por outro Presidente. Nessa altura vieram falar comigo para ocupar o lugar de coordenador do parque. Eu propus-me durante quatro anos fazer um determinado trabalho e objetivos. Esse projeto faz agora em abril três anos, alguns dos objetivos já foram atingidos e esperamos chegar a 2018 com todos alcançados.
Quais foram então os objetivos atingidos e aqueles que faltam cumprir?
Melhorar e dinamizar o parque, torna-lo o mais sustentável possível, criar uma equipa de trabalho que hoje comigo já conta sete pessoas. A equipa é composta por dois padeiros em rotatividade que asseguram a produção dos produtos artesanais e regionais da nossa freguesia, pão de Ul, regueifa, canolo e o pão com chouriço. Temos duas pessoas a trabalhar no bar de segunda a domingo e duas na receção e visitas.
Uma desta pessoas é um moleiro de profissão que faz a visita guiada desde a zona da receção, passando pelos moinhos, onde explica e demostra a moagem dos diferentes cereais, de seguida desloca-se para o museu onde estão expostos todos os artefactos antigos que equipavam os moinhos e que eram usados antigamente para a moagem dos cereais. Por fim passa para a zona da padaria onde o padeiro faz a demostração da cosedura do pão.
Pode contar-nos um pouco da história deste parque?
Eu cheguei aqui em 2009 e sei que este projeto partiu de alguma boa vontade de pessoas de Ul, nomeadamente duma pessoa natural desta freguesia e que esteve ligada à Câmara Municipal, Pinto Moreira, penso que na altura era vereador e tinha um gosto bastante acentuado pelas tradições da sua terra.
Penso que foi assim que na altura Pinto Moreira propôs ao executivo fazerem um trabalho relacionado com as tradições de Ul envolvendo os moinhos do pão.
No segundo ou no último mandato de AP Assunção, era vereador da cultura o Dr. António Rosa, eu estive um pouco mais próximo dessa área e percebi que ouve uma candidatura ao AGRIS onde foram feitos os primeiros investimentos no núcleo de moinhos principal.
O visitante no vosso parque poderá visitar os moinhos, caminhar pelo vosso percurso pedestre, mas poderá explicar-nos mais pormenorizadamente todas as vossas atividades?
Além das visitas que referir anteriormente, poderá fazer a caminhada “Rota do Moleiro”, com oito quilómetros de extensão. Quatro deles localizam-se a sul do núcleo principal na ponta da Igreja e já estão minimamente restaurados, porque foram alvo duma candidatura do anterior quadro comunitário de apoio o PRODER.
Agora temos em colaboração com a Câmara Municipal um projeto para uma terceira candidatura para concluir os outos 4 quilómetros a norte deste núcleo principal.
Temos outras ofertas que é a visita ao “Castro de UL”, um dos mais antigos do nosso concelho, onde é possível ver escavações. Neste local começa também um percurso pedestre denominado “Rota do Castro”.
Vamos também fazendo algumas atividades dirigidas ao parque temático, nomeadamente o “Há Festa na Aldeia”, porque UL faz parte das “Aldeias de Portugal”, que é uma festa que se realiza sempre no mês de setembro e que envolve todas as associações das 3 freguesias.
Temos depois muitas parcerias com entidades e associações para desenvolver várias atividades como o Yoga, Pilatos Clinico, várias atividades desportivas relacionadas com a natureza como o BTT. No dia 25 de março irá realizar-se aqui penso que a “4 edição da Rota do Moleiro”, uma prova nacional de BTT de resistência.
Temos também a vertente de lazer, há um parque onde existem mesas e as pessoas normalmente veem fazer os seus piqueniques principalmente durante os fins-de-semana com a família, desfrutando da paisagem que é bastante bonita. Não deixa, contudo, de ter alguns inconvenientes, o nosso rio Ul e mesmo o Antuã têm alguma poluição e aguardamos que as entidades responsáveis façam alguma coisa.
O que têm sido feito em concreto para resolverem este problema?
O Sr. Presidente da União de Freguesias há duas semanas atrás fez chegar as entidades responsáveis o resultado dum acontecimento que ouve cá há dois anos, durante o “Há Festa na Aldeia”, que foi uma descarga poluente durante os festejos, o que foi uma vergonha para o concelho e município.
Nesse seguimento ouve uma serie de diligência que foram feitas junto das ETARs, empresas, a própria Assembleia de união de freguesias andou a tentar perceber junto das entidades o que é que estava a funcionar bem e quais os motivos.
Há duas semanas atrás foi enviado para várias entidades, mesmo o Ministério do Ambiente, um documento redigido para ver se conseguimos melhorias e resolver este problema que já tem muitos anos.
Quais são os produtos regionais que têm para o visitante ver, saborear e levar consigo para recordar a sua visita?
Temos o pão de Ul, regueifa tradicional, o canoco que é feito com a farinha mais pura, menos peneirada e no seu estado mais bruto, o pão co chouriço que é feito usando a mesma massa acrescida do chouriço para o tornar mais apetecível.
Quantos moinhos que recuperaram até ao momento?
Pela Câmara Municipal foram recuperados os dois moinhos que existem no núcleo principal, englobando um moinho funcional e respetivas casas de apoio, no núcleo da Azevinheira foram recuperados três e no núcleo do Castro foi recuperado um. Depois há aqui também alguns projetos de particulares, um no núcleo principal, dois na Azevinheira, dois nos nossos rios e um no Castro.
Tem ideia de quantas pessoas visitaram o parque no ano passado?
Creio que ultrapassaram as 25 mil visitas, de vários países, mas a grande maioria são Portugueses. Temos visitas de muitas escolas principalmente alunos do primeiro ciclo e visitas de seniores. Hoje percebesse que há instituições de solidariedade social (IPSS) que organizam passeios para estas pessoas e procuram este tipo de espaços para eles também reviverem um bocadinho do seu passado e das suas memórias.
Quais são os vossos problemas mais prementes atualmente?
Aquele que nós queremos mesmo resolver é como foi já dito é a poluição das águas dos rios, quer do Ul quer do Antuã.
Que projetos têm para o futuro?
Os projetos do parque é melhorar sempre a sua qualidade a nível natural, fazer o controle de plantas invasoras, como o eucalipto, todo o que são árvores infestantes e fazermos do mesmo um bosque com árvores autóctones.
A nossa próxima pergunta era mesmo essa, em que medida o parque protege e promove a defesa da nossa floresta autóctone?
Nos fazemos todos os meses de janeiro a dezembro uma ação de voluntariado quando não são duas, dependendo da altura do ano e da sua necessidade. Fazemos nestas ações o corte e controle das plantas invasoras e reflorestação.
Ondas da Serra agradece atenção e tempo despendido e desejamos que o parque continue a ter sucesso e a dar a sua contribuição na manutenção das tradições e defesa do património natural e arquitetónico.
Obrigada.
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Rota do Moleiro trilho do Parque Temático Molinológico
O segredo do fabrico do pão e regueifas de Ul
Créditos e Fontes pesquisadas
Texto: Ondas da Serra com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - cm-oaz.pt
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