Frecha da Mizarela
Esta é uma das maiores fraturas geológicas existentes na Península Ibérica, a sua grandiosidade pode ser contemplada do miradouro das aldeias da Mizarela e Castanheira, no lado oposto da encosta. Esta última mais conhecida pelas pedras parideiras, fenómeno assaz curioso onde as pedras parem pedras, para perpetuarem geração.
Esta é uma das maiores quedas de água do distrito de Aveiro, com 60 metros de altura, nós também já visitamos a da Cabreia situada em Sever do Vouga, com 25 metros. Ambas têm a sua beleza e personalidade, uma mais quente, austera e serrana outra fria, verde e luxuriante. Agora falta-nos ir conhecer a cascata das Aguieiras em Alvarenga, com um conjunto de desníveis que totalizam cerca de 160 metros.
Leia também: Parque da Cabreia
Os mais destemidos e em boa forma física, podem descer pela encosta até ao vale profundo, devidamente equipados com calçado e roupa apropriada. O trilho fica localizado perto do miradouro da Mizarela. É curioso vermos descer pelo difícil percurso, pessoas de todas as idades, sexos e vontades, sem cuidados ou equipados. Por vezes paramos a contemplar namoradas a tomar a dianteira e convencer os seus rapazes para descerem até ao fundo. Eles de calças modernas e ar citadino armam um “Ainda falta muito, mas se tu queres”, e continuam pé ante pé, com cara de caso, tempos modernos.
O esforço compensa os aventureiros que têm à sua espera no fundo do vale uma vista soberba sobre as grossas águas que caem do firmamento e uma pequena cascata de águas temperadas no verão para se refrescarem.
O nosso leitor Manuel Serôdio partilhou connosco uma memória da avó, Ana Rosa Marques, também conhecida por "tia Barnabé", (nome do avô), que viveu no lugar da Espinheira - Oliveira de Azeméis. Em temos ela ensinou-lhe uma canção sobre este local que a mãe perpetuou, e que ainda hoje conhece:
“A água da Mizarela, alta está ela, deixem-na estar... que os fidalgotes do Porto, por ela ser boa querem-na encanar. A água lhes respondeu, cá nestas alturas quem manda sou eu, e nem tinheis tanto esforço para me encanarem daqui para o Porto.”
Biodiversidade da Serra da Freita*
Este vale é um refugio para a biodiversidade, lar do loendro, espécie endémica muito rara e de aves de rapina, que se elevam no ar com correntes ascendentes e com sorte você poderá ver o falcão-peregrino, águia-de-Bonelli, bufo-real, tartaranhão-caçador, milhafre-preto, peneireiro-comum, águia-cobreira, coruja-do-mato ou o mocho-galego.
Segredos duma queda de água*
Os rios desgastam as rochas escavando vales. Aqui, o rio Caima passa de um leito granítico para um xistento. Porque o granito resiste melhor ao desgaste provocado pelas águas do que os micaxistos mantém-se a um nível topográfico mais elevado. Além disso, esta região é afetada por um conjunto de falhas que facilitam a erosão contribuindo também para o desnível verificado na paisagem onde ocorre esta queda de água.
Serra da Freita*
Do alto dos seus mais de 1000 metros, a serra da Freita oferece um colorido raro, povoado por vacas. As aldeias da Mizarela, Albergaria da Serra, Cabaços e Castanheira, típicas aldeias serranas, localizadas a mais de 900 metros de altitude, marcam a paisagem. A importância da Frecha da Mizarela reflete-se ainda no património cultural imaterial local, com um belo canto polifónico a três vozes a celebrar as suas águas e a sua altura.
*Fonte: Arouca Geopark
Leia também: Viagem à Pré-História e fragrâncias da Serra da Freita
- Ver Tudo
- Frecha
- Aldeias
- Serra da freita
Frecha da Mizarela
Frecha da Mizarela - Vista a partir da aldeia da Castanheira
Frecha da Mizarela
Albergaria da Serra
Castanheira
Serra da Freita
Serra da Freita
Serra da Freita
Serra da Freita