Conheça 11 escritores de referência do distrito de Aveiro Exposição conjunta itinerante, denominada "Autores da região de Aveiro", realizada na Biblioteca Municipal de Ovar, entre 12 de janeiro e 09 de março de 2024 Ondas da Serra

Conheça 11 escritores de referência do distrito de Aveiro

Classifique este item
(1 Vote)

O poder da palavra escrita aliada ao saber e cultura de pessoas criativas e talentosas serve de farol aos náufragos em mares grossos e revoltosos. Muitos pagaram com a vida a ousadia de pensar diferente e querer ensinar os homens a ver claramente e não se deixarem enganar pelos algozes tirânicos do pensamento e liberdade. Hoje existe uma censura velada a quem ouse colocar em causa os poderes instalados, sejam económicos, políticos, religiosos ou culturais. Não se pode analisar o passado com os olhos do presente. Neste artigo vamos dar a conhecer 11 escritores do distrito de Aveiro, que foram distinguidos na exposição conjunta itinerante, denominada "Autores da região de Aveiro", realizada na Biblioteca Municipal de Ovar, no período compreendido entre 12 de janeiro e 09 de março de 2024. A mesma foi organizada pela Rede de Bibliotecas Municipais da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro a pretexto do seu 10º aniversário - celebrado em dezembro de 2022.

Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:

Exposição conjunta itinerante "Autores da região de Aveiro"

Exposição conjunta itinerante, denominada 'Autores da região de Aveiro', realizada na Biblioteca Municipal de Ovar,  entre 12 de janeiro e 09 de março de 2024

A Exposição conjunta itinerante "Autores da região de Aveiro", foi exposta na Biblioteca Municipal de Ovar, no período compreendido entre 12 de janeiro e 09 de março 2024

"Esta exposição foi organizada pela Rede de Bibliotecas Municipais da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro a pretexto do seu 10º aniversário - celebrado em dezembro de 2022.

Destacando um autor relevante de cada um dos 11 municípios que constituem a Cl, dá a conhecer a importância da escrita, retratando a riqueza da diversidade cultural e do mosaico social inerentes a este território.

Ciente do valor da obra que nos deixou, Ovar fez-se representar através do saudoso historiador Alberto Sousa Lamy (1934-2018)."

Literatura para alcançar a sabedoria e felicidade

"O bom de um livro é que se leia. O mundo está cheio de livros fantásticos que ninguém lê. A biblioteca converte-se, neste sentido, numa aventura. Umberto Eco"

Os livros entraram na nossa vida pela mão dos homens de uma carrinha da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian. Depois da sua morte, em finais da década de 90, foram oferecidas aos municípios. Uma delas apodreceu ao relento, em frente à Biblioteca Municipal de Ovar e foi para a sucada. Uma morte triste por quem tanto fez pela cultura e saber de muitos miúdos e graúdos.

O gosto pela literatura foi semeado pelos nossos progenitores e ainda as nossas vidas cabiam nos dedos das mãos, quando começamos a viver aventuras tendo por companheiro Júlio Verne. Depois de mais de meio século tendo os livros por companheiros, o nosso espírito está apaziguado, já sabemos muitas respostas para as questões fundamentais da natureza humana, viajamos pela história, astrofísica, guerra, paz, homens, animais, realidade e ficção. Tivemos por amigos Eça de Queirós, Almeida Garrett, Saramago, Agatha Christie, Ken Follett e centenas de outros. 

No nosso distrito de Aveiro também temos homens de grande saber e boa escrita. Como somos de Ovar destacamos Alberto Sousa Lamy, em virtude  do nosso trabalho levar-nos frequentemente a consultar os vários volumes da Monografia de Ovar, que foi um dos seus maiores trabalhos ao longo da vida e era constantemente atualizado.

Como disse Alberto Eco, "O mundo está cheio de bons livros que ninguém lê", ler é por isso um meio para combater a ignorância, aumentar o conhecimento, combater a ignorância e diminuir as possibilidades do ser humano ser infeliz. Hoje já nos começa a faltar as vistas, mas o que perdemos em visão ganhamos em evolução e pensamento critico.

Ao fim de todo este tempo começamos a perceber que por muito díspares que sejam os assuntos, tudo está interligado e tudo se harmoniza.

Por tudo isto é que a nossa evolução nos levou a entender plenamente o significado do Salmo do Bom Pastor, que começa assim: “O Senhor é o meu Pastor e nada me falta.” 

Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA)

"A Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), composta pelos municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos, herdeira da Associação de Municípios da Ria (1989), potencia o desenvolvimento do território através da coordenação de projetos e de serviços partilhados.

Estamos a construir novos caminhos de desenvolvimento para esta região onde vivem cerca de 370.000 pessoas, e onde muitas mais trabalham e estudam ou passam algum do seu tempo de lazer e de cultura.

Nesta aposta política de somatório de capacidades para sermos ainda mais capazes, afirmamos uma Região com identidade, dinamismo, coesão, sustentabilidade e geradora de oportunidades."1

Autores da região de Aveiro exposição conjunta 2022-2024

"Apresenta um autor representativo por município e dá a conhecer a importância da escrita, retratando a riqueza da diversidade cultural e do mosaico social, interligada na história e no espaço intermunicipal. Cada autor selecionado para esta primeira exposição coletiva valoriza o conhecimento humano e territorial, transmite o seu saber e inspiração às várias gerações, raiz de identidade comum e janela de criatividade.

A Rede de Bibliotecas da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (RBCIRA), criada em 2012, é constituída pelas suas 11 Bibliotecas Municipais.
Ligar vontades, saberes e recursos; prestar um melhor serviço público; definir prioridades conjuntas; implementar medidas que transformam mentalidades e criar valor social, cultural e económico, são prioridades desta Rede.

Este projeto intermunicipal foi distinguido com o Prémio de Boas Práticas em Bibliotecas Públicas, atribuído pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, em 2014."1

Biblioteca Municipal de Ovar

Biblioteca Municipal de Ovar

"As origens da Biblioteca Municipal de Ovar (BMO) remontam a 1924. A partir de 1997, foi dotada com instalações adequadas aos seus objetivos e às expectativas dos utilizadores.

A Biblioteca Municipal de Ovar (BMO) integra a Rede de Bibliotecas de Ovar (RBO) constituída, também, pelas suas Bibliotecas-Polo e pelas Bibliotecas Escolares do Concelho, nos termos do Protocolo de Colaboração aprovado na reunião da Câmara Municipal, de 02 de julho de 2009.

A Biblioteca Municipal de Ovar integra, ainda, a Rede de Bibliotecas da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, desde 2013, e a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP), desde 1997."2

Livros gigantes para celebrar escritores universais  

Biblioteca Municipal de Ovar

No átrio da Biblioteca Municipal de Ovar, o arquiteto fez uma homenagem aos escritores universais através da representação de livros em formato gigante, em madeira, com os seus nomes impressos abaixo mencionados.

Quem entrar neste templo do saber onde o conhecimento pode ser aprendido por quem dele ansiar elevará o seu olhar para homenagear estes homens que através da palavra escrita usaram mudar o mundo e formas de pensar.

Esta forma de reverenciar é das mais belas que já encontramos, mas apesar do simbolismo poderia ter sido lembrado o escritor Júlio Dinis que residiu em Ovar e onde a sua casa foi convertida em museu.

  • Camões;
  • Garrett;
  • Bocage;
  • Herculano;
  • Pessoa;
  • Rimbaud;
  • Verlaine;
  • Milton;
  • Yeats;
  • Baudelaire;
  • Pascoaes;
  • Goethe;

11 Escritores em destaque do Distrito de Aveiro

Manuel Alegre - Águeda

Escritor Manuel Alegre, vencedor do Prémio Camões 2017

Créditos da foto: expresso.pt

Escritor Manuel Alegre - Nascido em 1936 - Município de Águeda

"Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu em Águeda. Estudou em Lisboa, no Porto e na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi campeão de natação e ator do Teatro Universitário de Coimbra (TEUC). Em 1961 é mobilizado para Angola. Preso pela PIDE, passa seis meses na Fortaleza de S. Paulo, em Luanda, onde escreve grande parte dos poemas do seu primeiro livro, Praça da canção.

Em outubro de 1964 é eleito membro do Comité Nacional da Frente Patriótica de Libertação Nacional e passa a trabalhar em Argel, na emissora Voz da Liberdade. Regressa a Portugal após o 25 de Abril. Dirigente histórico do Partido Socialista desde 1974, foi vice-presidente da Assembleia da República de 1995 a 2009 e membro do Conselho de Estado. A sua vasta obra literária, que inclui o romance, o conto, o ensaio, mas sobretudo a poesia, tem sido amplamente difundida e aclamada.

Foram-lhe atribuídos os mais distintos prémios literários: Grande Prémio de Poesia da APE-CTT, Prémio da Crítica Literária da AICL, Prémio Fernando Namora e Prémio Pessoa, em 1999. Ao seu livro de poemas Doze naus foi atribuído o Prémio Dom Dinis. Em Abril de 2010, a Universidade de Pádua inaugura a Cátedra Manuel Alegre, destinada ao estudo da Língua, Literatura e Cultura Portuguesas e, no ano de 2017, foi doutorado "honoris causa" pela mesma Universidade.

Em 2016, foi distinguido com o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores e com o Prémio de Consagração de Carreira da SPA, e, em 2017, com o Prémio Camões. No ano de 2018 foi doutorado "honoris causa" pela Universidade de Lisboa. Em 2021, recebeu o Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa."1

Fragmentos de literatura de Manuel Alegre

"A minha vida estava em Alma. Ali tinha aprendido tudo: a fala, a escrita, os jogos, a caça, os olhos azuis de Maria Ó, as pernas abertas e as grossas coxas de Virgolina, o Cortiço, o rio, o Largo, Além da Ponte com seu cheiro de fogueiras, carroças e vagabundagem. E o Campo de São Cristóvão, o Beira-Rio, Manuel Tinoco, Zeca Sucateiro, Armandinho Alfaiate, Neca Pereira a sacudir os tomates e Zamora a despir a camisola e a correr pelo campo fora. Gonçalo Pena, com seu nariz adunco e seu beiço caído: por onde andaria ele? Adelaide deitava cartas, mas as cartas não respondiam.
(...)
Parti de camioneta para Lisboa, já no fim de Setembro. Não sei se a manhã estava cinzenta e triste ou se foi assim que ela se gravou na minha memória. Como saber o que é e o que não é, o que se inventa e acrescenta e o que se corta e encurta?

Senti um aperto na garganta ao passar a ponte. Olhei o rio, a nora, os salgueiros, os campos. Alma, dizia eu. Como quando era pequeno e dizia mãe.

Águeda, 11 de Agosto de 1995."1

in Alma

Livros em destaque de Manuel Alegre em destaque

  • Quando
  • Praça da Canção
  • Alma 

António Homem de Albuquerque Pinho - Albergaria-a-Velha

Escritor António Homem de Albuquerque Pinho

Créditos da foto: Exposição conjunta itinerante, denominada "Autores da região de Aveiro", realizada na Biblioteca Municipal de Ovar

António Homem de Albuquerque Pinho - 1921-2002 - Município de Albergaria-a-Velha

"António Homem Correia de Teles de Albuquerque Pinho nasceu em Albergaria-a-Velha. Iniciou os estudos no Colégio Santa Cruz, em Albergaria-a-Velha. Licenciou-se em Ciências Históricas e Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e fez o curso de Ciências Pedagógicas. Obteve diplomas de Professor e Diretor do Ensino Particular, dirigiu um colégio em Portugal e outro em Angola, onde viveu de 1955 a 1961.

Em 1964, fixou-se no Porto, onde foi Professor Coordenador da Área de Ciências Sociais no Instituto Superior de Contabilidade e Administração. Historiador dedicado ao concelho de Albergaria-a-Velha publicou dezenas de trabalhos na imprensa albergariense, sob o título Para a história de Albergaria, nomeadamente no Beira Vouga, no Boletim Municipal e no Jornal de Albergaria, tendo neste último trazido a público uma série de artigos sobre Os nossos antigos hospitais e as Efemérides do concelho.

Faleceu no Porto, aos 81 anos de idade."1

Livros e estudos de António Homem de Albuquerque Pinho

  • Gente Ilustre em Albergaria-a-Velha, 1994;
  • Angeja - vila do Baixo Vouga, 1997;
  • Memórias de Albergaria-a-Velha - 1 - reação ao Ultimato inglês, 1999;
  • Albergaria-a-Velha - oito séculos do passado ao futuro, 1.a ed. - 2001; 2.a ed.-2002;
  • A chegada do comboio a Albergaria-a-Velha (separata), 1988;
  • Reação emocional ao Ultimatum inglês em Albergaria-a-Velha, (separata), 1990;
  • Gente ilustre em Albergaria-a-Velha, 1994;

Manuel Alves - Anadia

Monumento a Manuel Alves, Poeta Cavador - Anadia

Créditos da foto: culturacentro.gov.pt

Manuel Alves - 1843-1901 - Município de Anadia

"Manuel Alves nasceu no lugar de Vale de Boi, freguesia da Moita, concelho de Anadia. Após uma infância difícil, começou a frequentar as festas e romarias da região, onde se tornou famoso como cantador e poeta repentista, vencendo quem, nessa área, o desafiava. Mesmo não sabendo escrever, é considerado uma das três referências importantes da cultura em Anadia, ao lado de Fausto Sampaio e de Rodrigues Lapa. Devido ao caráter cáustico e erótico de alguns dos seus poemas foi perseguido e teve contra si editais, padres e o estado.

Viveu toda a vida na pobreza, sustentando-se, e a vários familiares, com o trabalho agrícola e da forja. Poeta popular, privou de perto com algumas personalidades literárias da época, como Tomás da Fonseca e Guerra Junqueiro. Foi Tomás da Fonseca que o projetou no país ao recolher, organizar, prefaciar e publicar os poemas na obra Versos d'um cavador, que nos dão a imagem de uma época, de uma região e de um povo.

Manuel Alves, Poeta Cavador - Anadia

Créditos da Foto: Manuel Alves (terceiro a contar da esquerda), rodeado de amigos. Tomás da Fonseca encontra-se à esquerda do poeta. Versos d'um cavador, 7. ed. Exposição conjunta itinerante, denominada "Autores da região de Aveiro", realizada na Biblioteca Municipal de Ovar. 

Para melhorar o nível de vida emigrou para o Brasil, onde apenas encontrou a dor, o abandono, a solidão, as paisagens inóspitas e os trabalhos infernais. Regressou a Portugal pobre e doente, mas continuou a dedicar-se à poesia. No dia do enterro foi chorado por uma multidão como fenómeno social que era. Em 1957, foi inaugurado, na Moita, o busto em bronze de Manuel Alves, de autoria de Raul Xavier."1

"Origem humilde

(...)
Eu nasci na gruta escura, Junto à urze fui criado; Sempre de pão acanhado, Sem ter a esperança futura,
Não segui a literatura
Por viver sempre tão pobre... Não tendo pão que me sobre
Pra sustentar minha mãe,
Vou ganhando algum vintém

Saudades da pátria

(...)
Vem, ó Deus, ser meu barqueiro,
Leva-me à minha Lisboa
Ver de perto a alma boa
D'um povo que é marinheiro.
Ao convento de Belém,
Leva-me, ó Deus, mais além,
Ao norte de Portugal,
A minha terra natal,
A casa da minha mãe!...
Com trabalho, que é tão nobre (...)

in Saudades da pátria"1

Verso na sepultura de Manuel Alves

AQUI FINDAM AS VAIDADES
COM QUEO MUNDO NOS SEDUZ
AQUI HA PAZ E ABRIGO
A SOMBRA DA ETERNA CRUZ

MANUEL ALVES
15-10-1843 24-7-1901


Quadra do autor na sua sepultura. Replicada
à entrada de vários cemitérios portugueses.

Bibliografia em destaque de Manuel Alves

  • Versos d'um cavador, 7. ed.;

Monumento a Manuel Alves, Poeta Cavador3

Monumento a Manuel Alves, Poeta Cavador - Anadia

Créditos da foto: cm-anadia.pt

  • Designação/Título: Monumento a Manuel Alves, Poeta Cavador;
  • Autor: Raul Xavier (1894-1964);
  • Morada: Rua Alto da Feira, freguesia da Moita, concelho de Anadia;
  • Coordenadas GPS: 40.441908, -8.412883;
  • Data de Inauguração: 1957;
  • Promotor: Materiais da Peça: Busto: bronze; Pedestal: pedra;
  • Dimensões/Medidas: Descrição/Tema: Busto moldado em bronze que assenta sobre um pedestal paralelepipédico de pedra clara, contendo na face frontal uma inscrição de homenagem em letras em bronze “ "A Manuel Alves, “Poeta Cavador” e datado de 1957"
  • Historial: Manuel Alves (1845-1901) nasceu e morreu em Vale do Boi, freguesia da Moita. Repentista e analfabeto, ficou conhecido por “Poeta Cavador”, cognome que lhe foi atribuído por Tomás da Fonseca, também responsável pela compilação dos seus versos – “Versos dum Cavador”. No lugar da Moita, na década de 50 do séc. XX, foi erigido um Busto, em bronze, em homenagem a Manuel Alves, O Poeta Cavador;

Mário Sacramento - Aveiro

Escritor Mário Sacramento

Créditos da foto: Mário Sacramento no uso da palavra no I Congresso Republicano, realizado em Aveiro, em Outubro de 1957. Créditos/Jorge Seabra, no site abril.pt.

Mário Sacramento - 1920-1969 - Município de Aveiro

"Mário Emílio de Morais Sacramento viveu entre a medicina e a política, mas a sua foi no campo literário, designadamente no âmbito da crítica literária, que teorizou paixão foi a literatura.
Aluno do Liceu José Estêvão, enquanto presidente da Academia do Liceu, presidiu ao jornal dos alunos Voz Académica e promoveu diversas homenagens, nomeadamente a Homem Cristo e a Agostinho da Silva.

Foi, sucessivamente, aluno das Faculdades de Medicina de Coimbra, Porto e Lisboa. Depois de concluído o curso, exerceu medicina em Ílhavo e Aveiro, onde fixou residência. Em 1957 tornou-se secretário-geral do primeiro congresso republicano e, posteriormente, mentor do segundo congresso da Oposição Democrática em Aveiro. Em 1965, representou a Sociedade Portuguesa de Escritores, em Itália, no Congresso dos Escritores Europeus. Em 1967 redigiu o seu testamento político.

Foi no campo literário, designadamente no âmbito da crítica literária, que teorizou o movimento neorrealista português, destacando-se obras como Ensaios de domingo, Fernando Pessoa - poeta da hora absurda ou Há uma estética Neo-Realista?. Dos livros que prefaciou, salientam-se Horas vivas, de Natália Correia, e Praça da canção, de Manuel Alegre. Colaborou em diversas revistas como a Seara Nova e Vértice, e ainda na secção de crítica literária de O Comércio do Porto, do Diário de Lisboa e do Litoral.

Dá nome a uma rua e a uma escola de Aveiro, tendo o seu rosto sido desenhado, esculpido e perpetuado por pintores e medalhistas. Em 2021 foi condecorado com a Ordem da Liberdade, entregue à família pelas mãos de Sua Excelência, o Presidente da República."1

Bibliografia de Mário Sacramento

  • 1943 A criança nas relações com o adulto;
  • 1944 Retrato de Eça de Queirós;
  • 1945 Eça de Queirós uma estética da ironia;
  • 1959 Fernando Pessoa, poeta da hora absurda;
  • 1959 Lírica e dialéctica em Cesário Verde;
  • 1959 Ensaios de domingo-1;
  • 1959 Teatro anatómico;
  • 1967 Fernando Namora: o homem e a obra;
  • 1968 Há uma estética Neo-Realista?;
  • 1969 031 de janeiro: (1891-1969)

Publicações póstumas de Mário Sacramento

  • 1970 Frátria, diálogo com os católicos (ou talvez não);
  • 1971 Diálogos com os católicos ou talvez não;
  • 1973 Carta-testamento;
  • 1974 Ensaios de domingo-I;
  • 1975 Diário;
  • 1990 Ensaios de domingo-III

Fragmento de escrita de Mário Sacramento

"Não veremos o que quisemos, mas quisemos o que vimos.
E este querer é um imperativo histórico. Há milhões de mortos
a dizer-vos: avante!
Para a Mulher, um abraço, simples e esquivo como eu sempre fui. Para os Filhos, um beijo, frio e recalcado como
eu sempre lhes dei. Para todos, um afecto. Quem tinha tão pouco que dar a tantos, teve de ser avaro... Mas morre convencido de que não guardou nada para si. Ou de que
teve, pelo menos, essa intenção.
Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!"1

in Carta-testamento, 1973, p.6

Painel de azulejos do escritor na Escola Secundária Dr. Mário Sacramento4

Painel de azulejos do escritor na Escola Secundária Dr. Mário Sacramento

Créditos da foto: studentsoftheworld.info/sites/arts/marcos-muge.php

Em 2003, o artista plástico vareiro Marcos Muge, foi solicitado a pintar o painel de azulejo identificativo da Escola Secundária que se designava nº 1 e passou a designar-se Dr. Mário Sacramento em Aveiro.

Joaquim Lagoeiro - Estarreja

Escritor Joaquim Lagoeiro

Créditos da foto: facebook.com/bmestarreja

Joaquim Lagoeiro - 1918-2011 - Município de Estarreja

"Joaquim Lagoeiro, de seu nome próprio Joaquim Henriques Pereira, nasceu no lugar das Olas, em Veiros, e faleceu aos 92 anos. Nas terras marinhoas de Estarreja passou a meninice e a juventude. Ingressara, entretanto, no seminário, donde lhe provieram as primeiras influências literárias, associadas também ao facto de ter nascido e crescido em terra de emigrantes. Após os estudos foi para Lisboa, onde trabalhou na Caixa Geral de Depósitos.

Como complemento desta atividade bancária e na qual se tornaria muito mais conhecido, dedicou anos e anos ao cultivo das letras, publicando com êxito muitos romances, com destaque para Viúvas de vivos, a sua obra inaugural, retratando a dor de quem fica aguardando quem partiu em busca de vida melhor. Nunca esquecendo a sua terra, muito pelo contrário, Joaquim Lagoeiro tornou-se escritor de tempo inteiro. Vinha sempre que podia e, sobretudo, mantinha contínua relação escrita com os periódicos locais.

Em 2010 publicou duas obras: Erótica e satírica e O baile, que razões de saúde impediram de lançar em janeiro de 2011, na celebração da Elevação de Estarreja a Cidade. Já hospitalizado, nesse mesmo ano, tinha acabado de rever Português sem mestre III, a sua assumida última criação. Declarou, tão à sua maneira, que estava mais leve, já podia voar... Julião Quintinha, Artur Portela, Tomás de Figueiredo, Urbano Tavares Rodrigues e Baptista-Bastos consideram-no um dos grandes valores do romance português da segunda metade do séc. XX.

Medalha de Mérito Municipal de Estarreja em 2006, o texto base da atribuição o citou: Também eu, falando da nossa terra, de mim falei. Porque a nossa terra é a minha obra. Se a boca de cada um fala do que lhe vai na alma - pois bem, aqui vo-la deixo."1

Fragmento de escrita de Joaquim Lagoeiro

"Nenhum remédio senão voltar-se, de braços cruzados, logo descidos por via do nó, um nó que nem à unha e que lhe acabava nos dentes. Abrira-se-lhe a ele a cara num sorriso de satisfação: por tudo, inclusive por aqueles seios escapos ao colete e ali dançar-lhe sobre os joelhos.

Enfiara-se ele primeiro nas mantas. Deitado, aguardara. Logo, numa pressa para não ser observada, ela atirara as saias para os pés da cama e enrolara- se-lhe ao lado, de joelhos na barriga e calcanhares nas sodras. De mãos sob a nuca, de papo para o ar, ele, ordenando:

-Apaga a luz!"1

in Madre antiga

Bibliografia em destaque de Joaquim Lagoeiro

  • Madre Antiga;
  • Viúvas de vivos;

Carlos Paião - Ílhavo

Artista Carlos Paião

Créditos da foto: facebook.com/casamuseucarlospaiao

Carlos Paião - 1957-1988 - Município de Ílhavo

"Carlos Manuel Marques Paião nasceu em Coimbra. Filho de Carlos Manuel Teles Paião, piloto da Barra e Ofélia Maria Machado Marques Paião. A sua infância foi passada em Ílhavo, até que aos nove anos a família mudou a residência para Oeiras, devido ao emprego do pai. Terminou a licenciatura em Medicina, no ano de 1983, na Universidade de Lisboa. Apesar da sua formação em Medicina, dedicou-se em exclusivo à vida artística.

O seu reconhecimento como artista chegou quando se apresentou com duas canções no Festival da Canção do Illiabum Club em 1978. Neste certame arrecadou o primeiro prémio, com Canto de guerra, e o quarto lugar, com "Eu quero cantar a vida". Além do prémio de melhor intérprete, assinou um contrato de exclusividade com a editora Valentim de Carvalho. No ano de 1981, com a canção Play back venceu o Festival RTP da Canção, representando assim Portugal no Eurofestival da Canção, em Dublin. Em 1984 tornou a apresentar-se no Festival RTP da Canção, arrecadando um segundo lugar, com a canção Trocas e baldrocas.

Carlos Paião foi compositor, intérprete, instrumentista e produtor. Fez mais de meio milhar de cantigas, sendo as músicas e as letras todas da sua autoria. Autor de muitos temas de sucesso, ainda hoje trauteadas, como Cinderela, Pó de arroz, Discoteca, Senhor extraterrestre e A canção do beijinho. As suas letras foram cantadas por vários artistas consagrados, como Amália Rodrigues, Fafá de Belém, Nicolau Breyner, Raul Solnado, Florbela Queiroz, Herman José, Joel Branco e Lenita Gentil. Editou treze singles e dois LP, entre 1981 e 1988.

Faleceu vítima de um acidente de viação, em Rio Maior, quando se dirigia para a realização de um espetáculo em Penalva do Castelo."1

Poema de Carlos Paião

Eu não sou poeta
Quem me dera saber
Fazer versos, rimar... Para um dia escrever
Que tu és a mulher Que eu quero amar!
Quem me dera fazer poesia
Inspirada na minha paixão!
Inventar sofrimento, agonia,
Um amor de Platão!...
Quem me dera chamar-te de Musa
Em sonetos e coisas que tais...
Numa escrita solene e confusa,
Com palavras a mais!
Refrão - Eu não sou poeta,
Não, não sou poeta,
Nunca fui um grande sofredor...
Eu não sou poeta,
Não, não sou poeta,
Não te sei falar de amor!
Mas seu eu fosse poeta dotado
Ou se, ao menos, julgasse que sim,
Falaria com um ar afectado Aprenderia Latim!...
Só faria canções eruditas
E, se as ditas ninguém entendesse
Rematava com frases bonitas.
P'ra o que desse e viesse... Refrão


in Perfil de Carlos Paião

Bibliografia em destaque de Carlos Paião

  • Inspirada na minha Paixão, Carlos Paião 1957-1988;
  • Intervalo, Nuno Gonçalo da Paula, Âncora;

Estátua do artista Carlos Paião - Ílhavo

Estátua do artista Carlos Paião - Ílhavo

Créditos da foto: Fotografia dos pais de Carlos Paião junto à estátua do seu filho, no dia em que esta foi inaugurada em Ílhavo, em 4 de julho de 2021. Notícia e foto publicadas em carlos-paiao.blogspot.com/2021/07/estatua-de-homenagem-carlos-paiao.html

Na Calçada Carlos Paião em Ílhavo encontra-se uma estátua para homenagear este artista de autoria de Albano Martins.

Pinho Neno - Murtosa

Escritor Pinho Neno

Créditos da foto: regiaodeaveiro.pt

Pinho Neno - 1934 - Murtosa

"José Augusto de Pinho Neno nasceu na Murtosa. É diplomado pela Escola do Magistério de Évora, licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e mestre em Ciências da Educação pela Universidade de Aveiro. Tirou ainda os cursos de Ensino Especial, de Orientação Profissional e de Auditor de Defesa Nacional.

Membro de algumas associações de natureza cultural, científica, pedagógica e social, proferiu várias comunicações no âmbito da respetiva atividade e publicou diversos artigos em revistas da especialidade, tais como A Nossa Escola, Educação & Liberdade, A Escola Cultural, Revista ESES e Cidadania e Defesa, entre outras.

Dedicado à educação e ao ensino, além de ter exercido a docência em vários Tem várias obras publicadas em prosa e em poesia. níveis e modalidades, foi diretor do Colégio Pina Manique, da Casa Pia de Lisboa;

Chefe de Divisão no Instituto de Apoio à Emigração e às Comunidades Portuguesas; Adjunto do Gabinete do Ministro da Educação; Coordenador do Gabinete Jurídico do Instituto de Inovação Educacional; Subdirector-Geral do Ensino Superior e Secretário Relator da Comissão de Avaliação do Ensino Superior na área da Educação."1

Bibliografia em destaque de Pinho Neto

  • Algumas notas sobre o insucesso escolar no ensino básico;
  • Causas de insucesso escolar no ensino secundário;
  • Morrer no Brasil;
  • Pedagogia musical - uma necessidade do sistema educativo;
  • Educação musical no 1.o ciclo do ensino básico - ordenamento jurídico e realidade educativa;
  • Escândalo na Casa Pia - o meu testemunho;
  • Princípios e valores na génese da Associação Nacional de Professores;
  • Professor de meninos - entre a lei e a pedagogia;
  • O preço da noiva-história da emigração;
  • Solos de harpa;
  • Chão português;
  • À procura de mim;
  • Ele venceu;
  • Raízes;
  • Amar não é pecado;
  • Espaço de angústia e de esperança;
  • Jesus de Nazaré e as fábulas do cristianismo;
  • Brados sem eco;
  • Acorda, Portugal;
  • Em Belém no pós troika;
  • O castigo;

Poemas de Pinho Neto

Pequeno paraíso

Naquela tarde cálida, promessa,
Toda feita de anelo e de loucura,
Imolou-se um passado de amargura
A ridente futuro que começa.

Testemunhas presentes foram dessa
Ventura inolvidável a frescura,
Da serra, os passarinhos, a candura
De mil beijos que a sede não recessa.


Foram também as folhas sobre os lagos
De nenúfar, os teus doces afagos,
O meigo olhar, o enlevo do sorriso,
Os lírios, as cascatas, a ramagem,
As pedras e a certeza da mensagem
Que nos veio do pequeno Paraíso.
in Amar não é pecado

Amar não é pecado

Quem foi o infeliz, o desgraçado,
Que ruminando raivas, frustrações,
Inventou preconceitos, convenções
E descobriu que amar não é pecado?


Que ser humano assim desnaturado
Fundamentou a tese em tais razões,
Que a adoptaram severas confissões?
Que ao menos Deus lhe tenha perdoado...


Amar é sempre um dom da Divindade
Que deu ao Homem plena liberdade
De se dar por inteiro ao semelhante.


Nunca houve amor proibido ou clandestino;
Amor apenas tem um figurino
E Cristo, também ele, foi amante.
in Amar não é pecado

Bibliografia em destaque de Pinho Neto

  • Pedaços de História;
  • Professor de Meninos;

António de Cértima - Oliveira do Bairro

Escritor António de Cértima

Créditos da foto: blogs.ua.pt

António de Cértima - 1894-1983 - Município de Oliveira do Bairro

"António Augusto Gomes Cruzeiro, escritor, jornalista e diplomata, nasceu no lugar da Giesta, freguesia de Oiã, mas cedo adotou o pseudónimo de António de Cértima. Filho de António Francisco Cruzeiro e de Thereza Pereira Gomes, frequentou a escola primária na sua terra natal, seguindo depois para o Liceu de Aveiro. Cedo inicia a sua carreira como escritor, com participações em jornais e com apenas 20 anos publica o seu primeiro livro Marília (1914), uma peça de teatro assinada ainda com o seu nome de batismo.

Em 1918, integra a Pléiade Bairradina, fundada pelo amigo padre Acúrcio Correia da Silva, participa ativamente nas atividades do grupo, que começou a promover sessões de poesia, palestras, exposições de arte, espetáculos teatrais e musicais, chegando mesmo a ter, em 1919/1920, como seu órgão, o jornal Gente Nova, que teve sede em Oliveira do Bairro e do qual António de Cértima foi redator.

Em 1919, publica a obra de poesia Bodas de vinho com dedicatória à Bairrada, que reedita em 1943 com o título Bodas helénicas, cuja dedicatória desaparece. Em 1922, mudou-se para Lisboa para exercer jornalismo, conhecendo grande sucesso. Termina o curso de Direito e em 1926 envereda pela carreira diplomática e é então nomeado vice-cônsul no Suez (Egito). Em 1927, é nomeado Cônsul de Portugal em Dakar, onde permaneceu até à sua transferência para o consulado português de Sevilha em 1932.

A sua estadia em Sevilha coincidiu com o período da Guerra Civil Espanhola, onde foi notável o seu grande humanismo e ao nível internacional foi considerado como um grande embaixador da cultura portuguesa e um diplomata de reconhecido valor.

Casou aos 54 anos, com D. Maria Arminda de Castro Lacerda, natural do Caramulo. Em 1949, nasceu a filha do casal Maria de Fátima Lacerda de Cértima. Em 1970, publicou as suas últimas três obras, o romance Não quero ser herói e dois livros de poesia Soldado, volta! e Epístola a Job. Faleceu com 89 anos, no Caramulo, deixando uma vasta e diversificada obra literária."1

Louvores e Condecorações de António Cértima

  • 1918 Medalha por "Bons Serviços" e promovido a 2.o Sargento no Regimento de Infantaria 28, em Moçambique;
  • 1928 Cavaleiro da Ordem L'étoile Noire du Benin, atribuída pelo Governo Francês;
  • 1951 Comenda Afonso Xo Sábio, atribuída pelo Governo Espanhol;
  • Comenda do Rei Carol II da Roménia, atribuída pelo Monarca exilado em Portugal;
  • 1963 Ordem Militar de Cristo, Grau de Cavaleiro, atribuída pelo Presidente da República;
  • 1968 Medalha pela Academia del Mediterraneo;
  • 1969 Comenda de Isabel, a Católica, atribuída pelo Governo Espanhol;

Bibliografia de António Cértima

  • 1914 Marília: quadro dramático;
  • 1919 Bodas de vinho;
  • 1920 O fado das capas: serenata de amor;
  • 1924 Epopeia maldita: o drama da guerra de África;
  • 1924 Volúpia do mar;
  • 1925 Legenda dolorosa do soldado desconhecido de África;
  • 1927 O ditador;
  • 1927 Alma encantadora do Chiado;
  • 1928 Jardim das carícias;
  • 1935 Discurso à geração lusitana;
  • 1936 Caminho de Siegfried;
  • 1938 Canção das estradas no estio;
  • 1943 Bodas helénicas
    1944 Itinerário sentimental de los portugueses em Sevilha;
  • 1945 Vida voluptuosa;
  • 1947 Sortilégio senegalės;
  • 1949 Baladas de Sevilla en primavera 1949 Trópico de Cancer;
  • 1951 Colóquio com a morte;
  • 1955 Notícias de Anto e de Purinha:
    António Nobre ou a poesia sob o signo da morte e do amor;
  • 1956 Trajectória sem fim;
  • 1960 Primeiro dia do homem fora do paraíso;
  • 1963 Sevilha: noiva de Portugal: 2000 anos de história e de emoção;
  • 1963 Doce França;
  • 1966 Escandalosamente pura;
  • 1966 Nono, não desejar a mulher do próximo;
  • 1967 O carisma de Fátima e a teologia islâmica;
  • 1969 Soldado, volta!;
  • 1970 Não quero ser herói;
  • 1970 Epístola a Job;
  • 1946 Tu e o teu corpo

Alberto Sousa Lamy - Ovar

Escritor Alberto Sousa Lamy

Créditos da foto: facebook.com/psovar

Alberto Sousa Lamy - 1934-2018 - Município de Ovar

"Alberto Sousa Lamy nasceu em Ovar. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1958, foi um advogado conceituado e com uma longa carreira. Fez parte do Conselho Geral e do Conselho Superior da Ordem dos Advogados. Em conciliação com a vida profissional, foi um prestigiado investigador e historiador local e regional, tendo publicado obra de grande envergadura, além de colaborar regularmente na imprensa local. Publicou, ainda, monografias sobre a história da Academia de Coimbra e da Ordem dos Advogados, entre outras.

Frequentemente, era convidado para eventos culturais e institucionais - palestras, tertúlias, apresentação de livros, atos solenes comemorativos - nunca negando o seu contributo em prol das temáticas que tão bem conhecia. Pela sua dedicação e divulgação da história local, em 25 de julho de 1994, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal | Grau Ouro. Bibliófilo de grande erudição, constituiu, ao longo dos anos, uma biblioteca particular de referência na área do Direito, da Literatura e da Banda Desenhada internacional.

O seu súbito falecimento, na sequência de um aparatoso acidente de automóvel, provocou grande consternação na cidade de Ovar."1

Bibliografia de Alberto Sousa Lamy 

Escritor Alberto Sousa Lamy

Créditos da foto: Exposição conjunta itinerante, denominada "Autores da região de Aveiro", realizada na Biblioteca Municipal de Ovar.

  • 1983 Centenário da imprensa ovarense, ed. Sem Margem;
  • 1984 Advogados, elogio e crítica, ed. Almedina;
  • 1984 A Ordem dos Advogados Portugueses, ed. OA;
  • 1984 História da Santa Casa da Misericórdia de Ovar, ed. SCMO, com segunda ed. revista e aumentada em 2010;
  • 1987 O Visconde de Ovar, ed. Rotary Club de Ovar;
  • 1987 Monografia de Refojos: freguesia do concelho de Santo Tirso, ed. de autor;
  • 1990 A Academia de Coimbra:1537-1990..., ed. Rei dos Livros;
  • 1996 História da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários;
  • de Ovar, ed. BVO;
  • 1996 Notícia histórica da freguesia de São João de Ovar..., ed. Junta de Freguesia de São João;
  • 1997 Monografia de Ovar, ed. da CMO;
  • 2001 Furadouro, uma terra com passado e com futuro, ed. da Comissão de Melhoramentos do Furadouro;
  • 2001 Advogados e juízes na literatura e na sabedoria popular, ed. Ordem dos Advogados;
  • 2001 Monografia de Ovar, ed. revista e aumentada, CMO 2005 Datas da história de Ovar, ed. CMO;
  • 2009 Dicionário da história de Ovar, com vol. IV, de atualização, ed. CMO, 2018;
  • 2011 Monografia de Refojos de Riba de Ave..., ed. de autor;

Fernando Pinto do Amaral - Sever do Vouga

Escritor Fernando Pinto do Amaral

Créditos da foto: publico.pt

Fernando Pinto do Amaral - 1960 - Município de Sever do Vouga

"Fernando Pinto do Amaral, filho de António Pinto do Amaral (raiz severense) e Maria Eugénia (atriz Menina da Rádio), nasceu em Lisboa. Frequentou a Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso, vindo a licenciar-se em Línguas e Literaturas Modernas, concluindo o Mestrado e o Doutoramento em Literatura Portuguesa. É professor do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa e ex-Comissário do Plano Nacional de Leitura.

Publicou uma dezena de livros de poesia e muitos outros de diversos géneros literários. Para além de uma reputação de grande competência como crítico e ensaísta literário, que se pode apreciar em títulos como o Mosaico fluído e Na órbita de Saturno, bem como na variada colaboração dispersa por publicações como as revistas Ler, A Phala, Colóquio - Letras e o jornal Público.

Com uma poesia de tonalidade melancólica e outonal, que assume uma tradição romântica e simbolista de ressonâncias baudelairianas, pode dizer-se que toda a obra de Fernando Pinto do Amaral, como poeta, ensaísta e tradutor, gira em torno da melancolia que rodeia as vivências finisseculares, modulada, neste final de século em concreto, pela noção de pós-modernidade, que marca de forma particular o discurso do autor.

Fernando Pinto do Amaral é uma das mais importantes revelações poéticas da década de noventa em Portugal.Em 2008 recebeu, em Madrid, o Prémio Goya, na categoria de Melhor Canção Original pelo seu Fado da saudade, interpretado por Carlos do Carmo no filme Fados, de Carlos Saura."1

Poema de Fernando Pinto do Amaral

Sever do Vouga

Era sempre de noite que chegávamos
como num sonho antigo, erva crescendo
entre faróis acesos e a lua.


Todos sorriem nesse calendário
de páginas iguais umas às outras
e a solidão dos anos traz
ainda a este pátio as vozes esquecidas:
primos que nunca soube de onde vinham,
almoços e jantares e um fumo alegre
subindo na penumbra da cozinha.

Hoje o outono desce lento e frio
sobre ruínas de alma e alguns prédios
construídos agora na encosta.
Que silêncio é este? Que palavras
resistem ao murmúrio desta morte?
Um cão que ladra sob um céu de infância,
as sombras de ninguém longe de mim.
in Poesia reunida 1990-2000

Livro em destaque de de Fernando Pinto do Amaral

  • Manual de Cardiologia

João Grave - Vagos

Escritor João Grave

Créditos da foto: vagos.pt. "Em 27 de março 2021, depois de alguns anos em paradeiro incerto, o quadro com a imagem de João Grave pintado por alunos do concelho de Vagos, foi encontrado, resgatado e devolvido ao Município."4

João Grave - 1934 - Município de Vagos

"João José Grave nasceu em Vagos. Filho de trabalhadores rurais, fez a instrução primária em Vagos e o liceu em Aveiro. Tirou o curso de Farmácia na Escola Médi- ca do Porto e chegou a abrir uma botica em Calvão (freguesia do concelho de Vagos), mas acabou por se dedicar ao jornalismo que havia iniciado ainda estudante no jornal Província. Foi chefe de redação do Jornal da Tarde, colaborando, entretanto, no Século, no Diário de Notícias e na imprensa brasileira. Dirigiu a primeira edição do dicionário enciclopédico Lello Universal, da casa Editora Lello & Irmão. Foi também sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.

Diretor da Biblioteca Pública Municipal do Porto, desde 1915 até ao seu falecimento, durante dezanove anos deixou uma vasta obra de biblioteconomia, catálogos, reprodução e interpretação de manuscritos inéditos e estudos como A ourivesaria em Portugal: as pratas da Casa Reis, 1917.

Foi autor de inúmeras obras literárias, de onde se podem destacar, entre outros, títulos como A eterna mentira, Livro de sonhos, Gente pobre, Os sacrificados e Gleba. Em sua homenagem, a Câmara Municipal instalou a Biblioteca Municipal na antiga Escola Preparatória João Grave, mantendo a fachada original e o nome de João Grave como patrono da mesma. Foram reeditadas várias obras do autor e mais recentemente foi oferecido, ao município, um quadro de João Grave, pintado por um grupo de antigos alunos, da década de 70. Anualmente, é realizado o Concurso Literário João Grave, promovido pela Câmara Municipal e pela Rede de Bibliotecas de Vagos."1

Fragmento de prosa de João Grave

"Jacinto era um homem entre os quarenta e cinco anos, enxuto de carnes, magro, mirrado como sarmento, mas saudável e forte. A resistência vinha-lhe da frugalidade, e da ordem, do método da sua lida. Saía de casa matinalmente, com o pedaço de boroa e duas sardinhas, passadas na brasa, dentro da saca para o seu almoço, nas terras, quando as cotovias, ébrias de luz, voavam para o alto cantando jovialmente, ficando a pairar no espaço, sobre os ervilhais em flor, num nervoso peneirar de asas.(...) No dizer dos camponeses, Jacinto arrastava uma vida canina, remexendo incessantemente a gleba para a tornar mais fecunda, numa insaciável avidez de lucro. Não solicitava favores de ninguém, mas também os não fazia. Mãos implorativas e desgraçadas que batessem à sua porta, seriam inexoravelmente repelidas por ele." in Gleba

Bibliografia em destaque de João Grave

  • Gleba, Câmara Municipal de Vagos;
  • Gente Pobre, Lello Editores;

Créditos e fontes pesquisadas 

Texto: Ondas da Serra, com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.

Fotos: Ondas da Serra, com exceção das que estão referenciadas

1 - Exposição conjunta itinerante "Autores da região de Aveiro", foi exposta na Biblioteca Municipal de Ovar, no período compreendido entre 12 de janeiro e 09 de março de 2024. Esta exposição foi organizada pela Rede de Bibliotecas Municipais da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro a pretexto do seu 10º aniversário - celebrado em dezembro de 2022.
2 - biblioteca.cm-ovar.pt/A-Biblioteca/Sobre-a-Biblioteca
3 - culturacentro.gov.pt/pt/museus/museu-virtual-de-arte-publica/aveiro/anadia/monumento-a-manuel-alves-poeta-cavador/ 
4 - vagos.pt/pages/757?news_id=570

Lida 861 vezes

Autor

Ondas da Serra

Ondas da Serra® é uma marca registada e um Órgão de Comunicação Social periódico inscrito na ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com um jornal online. O nosso projeto visa através da publicação das nossas reportagens exclusivas e originais promover a divulgação e defesa do património natural, arquitetónico, pessoas, animais e tradições do distrito de Aveiro e de outras regiões de Portugal. Recorreremos à justiça para defendermos os nossos direitos de autor se detetarmos a utilização do nosso material, texto e fotos sem consentimento e de forma ilegal.     

Itens relacionados

Histórias de Pardilhó que o tempo apagou por Mário Saleiro

Pardilhó ocupa um lugar especial no coração do Ondas da Serra, por isso certo dia fomos à procura da sua história e encontramos um livro com as memórias dum Pardilhoense que tinha vivido no Brasil, Mário de Oliveira Saleiro, “O Almocreve da Ti Rendeira | Esboço da História Contemporânea de Pardilhó”. Através das suas palavras ficamos a conhecer melhor a história desta terra, profundamente ligada à Ria de Aveiro, pesca, construção naval, terras marinhoas, famílias, pedreiros e tempos onde o homem estaria mais conectado à mãe terra.

"Mar e outros poemas", de Fernando Pinto

"MAR E OUTROS POEMAS – POESIA E HUMANIDADE" - Crónica de Jacinto Guimarães sobre o livro do jornalista Fernando Manuel Oliveira Pinto.

Elsa Lé – Escritora e ilustradora ovarense

A escritora e ilustradora Elsa Maria Costa Lé, autora de "Um milhão de beijinhos", nasceu em Ovar. É neta de Maria Lé, antiga parteira que ajudou a trazer ao mundo muitos vareiros. Entrevistada no Porto pelo jornalista Fernando Pinto, seu conterrâneo, na frescura do jardim da Cooperativa Árvore, partilhou algumas das memórias que guarda dos seus tempos de menina.