Rota das Pipas em Açoreira - Torre de Moncorvo
A equipa do Ondas da Serra conheceu a Açoreira quando em 2023 fomos conhecer o seu percurso pedestre, PR14 - Rota das Amendoeiras em flor. Logo pela manhã ao chegarmos à aldeia fomos surpreendidos com uma grande animação e um foguetório a rebentar no magnífico céu azul transmontano. Na praça da encosta montanhosa onde nasceu este casario também crepitava um fogueiro, no largo junto à sede da Associação Recreativa e Cultural da Açoreira. Depressa verificamos com tristeza que estas honrarias não eram para a nossa chegada, mas para a sua grande festa anual Rota das Pipas, com matança tradicional do porco e provas de vinho pelos viticultores locais.
Muitas pessoas se aglomeraram para a festa onde eram animadas pelas gaitas de foles, bombos e concertinas. Logo ali decidimos que no ano seguinte iríamos fazer tudo para participar e documentar esta tradição. Foi assim desta forma que no dia 24 de fevereiro de 2024, pouco depois das 08h30 chegámos a este evento para fazermos a reportagem desta tradição e também beber umas pingas com moderação, mas a coisa ia descambando.
Pode ler esta reportagem na totalidade ou clicar no título abaixo inserido para um assunto específico:
- Rota das Pipas - Açoreira
- Descrição da Rota das Pipas 2024 - Açoreira
- Localização da Rota das Pipas
- Rota das Pipas do comer, beber, dançar e cantar
- História da Rota das Pipas
- Programa da Rota das Pipas 2024
- Cartaz da Rota das Pipas 2024;
- Preço da Rota das Pipas referentes a 2024;
- Contactos para inscrições na Rota das Pipas;
- Ficha técnica da Rota das Pipas
- Matança Tradicional do Porco em Açoreira
- Pequeno-almoço da Rota das Pipas
- Almoço tradicional da Rota das Pipas
- Rota das Pipas - Percurso por 14 viticultores
- Pessoas e grupos na Rota das Pipas 2024
- Associação Recreativa e Cultural da Açoreira - ARC Açoreira
- Caracterização da Aldeia de Açoreira
- Agradecimentos
Rota das Pipas - Açoreira
Descrição da Rota das Pipas 2024 - Açoreira
A Rota das Pipas realiza-se no último sábado de fevereiro durante a tarde, na aldeia de Açoreira - Torre de Moncorvo. Esta festa tradicional consiste num percurso pelas adegas dos vitivinicultores da aldeia para provar o vinho novo duriense, acompanhado com petiscos, grupos musicais com bombos, gaiteiros, concertinas e cantorias.
A Rota das Pipas compreende também a realização de uma matança tradicional do porco, pequeno-almoço e almoço com comidas tradicionais. Durante a tarde os produtores locais de vinho abrem as suas adegas para o povo provar o vinho e participar num concurso onde um reputado enólogo os irá classificar através duma prova cega.
O cortejo sempre muito animado é acompanhado pela carrinha da Maria, com petisco para acompanhar as bebidas e os convivas não caírem para o lado por falta de mantimentos. Toda a festa é acompanhada por bombos, concertinas, gaitas de foles, animação, festejos, foguetes e cantorias. A animação é de arromba e há pessoas que por vezes arremetem freneticamente para o chão afetadas por tantos vapores etílicos.
Localização da Rota das Pipas
A Rota das Pipas é um evento realizado na aldeia da freguesia de Açoreira, município de Torre de Moncorvo, sub-região do Douro, pertencendo à região do Norte e ao distrito de Bragança, sendo organizado pela Associação Recreativa e Cultural da Açoreia.
Rota das Pipas do comer, beber, dançar e cantar
A equipa do Ondas da Serra chegou a Açoreira passava pouco das 08h30 do dia 24 de fevereiro de 2024. No largo em frente da sede da Associação Recreativa e Cultural da Açoreira, três panelas de ferro fundido de três pés, eram alimentadas pelas brasas de um fogueiro. Os primeiros convivas sob o efeito do frio matinal aglomeravam-se perto deste calor e conversavam animadamente. Fomos ali recebidos pelo Presidente Gabriel Teixeira, que nos colocou ao corrente de toda a organização e evoluir do evento.
Ali próximo um porco com o focinho procurava algo para comer na verde erva de um caminho, sem saber que iria participar involuntariamente na mesma. Dezenas de mulheres e homens da associação afadigavam-se nas cozinhas a preparar o almoço cortando carnes, cebolas, batatas e alhos. No entanto também trabalhavam em todo o tipo de tarefas de forma a que tudo corresse bem e os participantes fossem bem servidos.
No meio da praça, três panelas de ferro fundido, encardidas pelo fogo milenar, eram alimentadas pelas chamas vorazes de madeira de amendoeira, que as cozinheiras disseram ter bom fogo e não deitar cheiro, permitindo cozinhar sem plantar na comida odores desagradáveis. Efetivamente quem for de modos ligeiros e dadas a achaques deve ponderar estar presente neste tipo de festa.
O forte povo secular que trabalha a terra, bebe do sol e se refresca na chuva está habituado a estas emoções fortes com odores impregnados na terra de sangue, suor, fumo e comida a confecionar. Para aqueles que desconhecem e querem saber como vivia o povo no passado devem passar por esta cerimonia de entronização porque se agora é fácil tudo se comprar num qualquer hipermercado só recentemente o homem quebrou os laços com a sua mãe terrena.
O Presidente da ARC da Açoreira, Gabriel Teixeira apresentou-nos a Veterinária Municipal, Drª Isabel Lameira, que nos explicou as suas funções e de que forma iria trabalhar para que o animal não sofresse e que as suas carnes pudessem ser confecionadas para a alimentação humana.
O porco foi morto obedecendo a todos os condicionalismos legais e depois transportado para um anexo da associação onde iria estar a sangrar até ao dia seguinte, altura em que seria desmanchado.
Tomamos o pequeno-almoço à moda desta terra, torrando grandes fatias de pão na brasa e pincelando-as com azeite e alho. Para acompanhar bebemos café que aquecia por cima do mesmo braseiro.
A meio da manhã já tinham chegado mais pessoas e logo se dirigiam para a entrada da sede associativa para comprar a pulseira e a canequinha em ferro alusiva à Rota das Pipas 2024. Foi por esta altura que chegaram também dois grupos musicais, de terras dos arredores, para animar a festa, os "Gaiteiros Roleses", de Urros - Mogadouro e o "Grupo de Concertinas de Valpereiro", Valpereiro - Alfândega da Fé, pela primeira vez neste evento, os quais tocaram intercalados.
Depressa mais mulheres do que homens fizeram uma roda, onde até o Presidente da associação foi dar um passinho de dança. As voltas da roda eram tão alegres e perfeitas que até faziam admirar certos grupos folclóricos pela arte de bailar.
Uma das músicas mais tocadas e cantadas foi, "De beber eu não posso deixar." Se há festa onde o espírito desta música pode ser encontrado efetivamente é na Rota das Pipas. De tanto repetirmos o refrão até nós o decorámos, aqui fica esta lembrança:
De beber, de beber
De beber eu não posso deixar
Se o vinho é que alegra a gente
Eu fico contente por me emborrachar
Fosse vinho, cerveja ou portinho, de tudo havia para bebericar, como reais amantes das provas também os fomos provar. No entanto ainda era bem cedo, estava a festa a começar, por sentirmos a cabeça a rodar, pensamos que seria melhor parar, não fossemos emborrachar. Por fim o largo e a sede encheram-se com povo a abarrotar, todos queriam cantar e beber para animar.
Estava na hora do almoço e ao som das concertinas e gaita de fole no pavilhão todos se foram sentar. As finas carnes e os odoríferos vinhos foram servidos, ninguém passou fome ou sede e a todos pareceu agradar.
Nós rezamos em agradecimentos, mas também fizemos a nossa libação aos Deuses, pelo porco que foi morto e alimentação servida. Quem ouse criticar esta matança está no seu direito, mas que pense que o mundo evoluiu para os homens poderem ter várias opções de alimentação, com e sem carne ou até só fruta.
No passado onde grassava a fome e faltava comer, o povo tinha que se socorrer dos animais domésticos para sobreviver e alimentar a sua prole. Numa época de radicalismos tudo serve para atacar, mas no mundo de tolerância todos podem caber e da sua justiça divagar.
Acabado o almoço começou a Rota das Pipas 2024, que se atrasou, mas que a ninguém afetou, porque as cubas de vinho não fogem apesar das ganas de vontade de beber.
A tropa já bem treinada nestes combates depressa subiu e acomodou-se da melhor forma possível nas caixas de carga das carrinhas. Sem sabermos como demos por nós numa delas, com muita juventude e dificuldade do caraças para sabermos onde colocar as mãos nas curvas para não cairmos abaixo.
Durante a viagem, mais especialmente nas curvas apertadas, percebemos porque tantos jovens aqui afluem e gostam de ir assim bem juntinhos, como forma de segurança rodoviária, porque depressa escapa a mão e vai buscar apertos em áreas de agradar, desde que os pais das moças não estejam de atalaia.
A castiça procissão partiu então para o primeiro produtor de vinho duriense, que por ser o mais afastado, nos arrabaldes da terra, tinham todos que ir de rodinhas. Os grandes cães de gado transmontano pouco habituados a tamanha algazarra arremeteram atrás dos carros e carrinhas a correr e ladrar freneticamente.
Depois do primeiro discurso o Presidente Gabriel Teixeira, deu aberta a primeira pipa e lá foram todos com a canequinha pendurada ao pescoço para provar o vinho. A todos os produtores era entregue uma pequena lembrança. O mesmo avisava por vezes no discurso que o objetivo era que os participantes chegassem alegres ao fim da festa e não fossem desqualificados por terem sido vencidos pelas borracheiras ou como infelizmente foi um dos casos dessem uma forte queda e fosse preciso assistência hospitalar.
Segundo nos foi dito houve um ano que um ébrio adormeceu numa adega, sem ninguém dar por isso e só muitas horas depois foram dar com o homem, que deveria pensar estar no céu e talvez tivesse ficado contrariado de o terem acordado de tão belo sonho.
Numa das carrinhas de caixa aberta, com muitos petiscos, ia a conhecida Maria, a cortar e a fazer sandes de presunto e queijo para almofadar o estômago e fazer com que muita daquela gente não entrasse em colapso.
E assim continuou pela noite dentro, discursos, provas de vinhos, petiscos, músicas, cantorias, danças e foguetes. Nós somos fraquitos e infelizmente uma contingência física levou-nos com pena a ficar pelo quinto produtor vinícola.
Na retina ficou-nos a resistência de certos homens e mulheres de grande veia transmontana, que tiveram energia para durante todo o dia e noite caminharem, beberem, dançarem e cantarem, lá diz o ditado, "Quem não é para comer e beber não é para trabalhar." Com pena nossa fomos mais cedo embora, mas havemos de regressar para tentar fazer todo o percurso.
História da Rota das Pipas
O Presidente Gabriel Teixeira contou-nos a história por detrás da Rota das Pipas. Quando este homem era um rapaz novo por vezes encontrava-se com os amigos no café ou festas, principalmente aos sábados ou domingos à tarde. Era habitual naquele tempo estes grupos irem depois em romaria provar o vinho às adegas de cada um de forma a passarem algumas horas a conviver, petiscar e beber.
Já era ele responsável por esta associação quando se lembrou de recriar um evento que envolvesse toda a população local e onde se voltasse a fazer estas visitas às adegas para provar os vinhos, mantendo vivas estas tradições e memórias.
“As pessoas no começo diziam que eu era maluco, porque eu faço um edital que coloco nos cafés da aldeia para que os proprietários se inscrevam para o concurso. As pessoas diziam que eu era maluco porque além de lhes pedir para darem o vinho, ainda os obrigava a inscreverem-se. No primeiro evento da Rota das Pipas ainda tive algumas dificuldades em convencer os produtores a participar e até cheguei a pagar-lhes o valor da inscrição.” Gabriel Teixeira
Programa da Rota das Pipas 2024
O programa da Rota das Pipas abaixo apresentado pode ser exemplificativo para outras edições e engloba os seguintes momentos:
- 08:30: Tradicional Matança do Porco;
- 10:00: Pequeno Almoço;
- 11:00: Atuação do Grupo de "Gaiteiros Roleses" e do grupo de "Grupo de Concertinas Valpereiro";
- 12:30: Almoço:
- Sopas, Batatas com Soventre, Migas de Sarrabulho, Feijoada e Menu de Crianças;
- 14:30: Início da Rota das Pipas;
- Percurso:
- Petiscos ao longo de todo o percurso, na carrinha da Maria;
- Animação com os "Gaiteiros Roleses" e "Grupo de Concertinas de Valpereiro";
- 22:30: Caldo Verde;
- Final: Entrega de prémios;
Cartaz da Rota das Pipas 2024
Preço da Rota das Pipas referentes a 2024
- Pequeno Almoço e Almoço: 15€ - sócios | 20€ - não sócios;
- Rota das Pipas: 15€- sócios | 20€ - não sócios;
- Dia Completo: 30€- sócios | 40€- não sócios;
- Dos 7 aos 10 anos: Metade do Preço;
Contactos para inscrições na Rota das Pipas
- Email: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
- Facebook: "Arc Açoreira"
- Instagram: "arcacoreira"
Ficha técnica da Rota das Pipas
- Nome do evento: Rota das Pipas;
- Número de eventos: 12 edição;
- Realização: Último sábado de fevereiro;
- Localização:
- Região do Norte;
- Freguesia de Açoreira;
- Câmara Municipal de Torre de Moncorvo;
- Distrito de Bragança;
- Trás-os-Montes e Alto Douro, Sub-região do Douro superior;
- Pagamento de pulseira: Sim, para todo o evento ou só para o almoço;
- Programa geral completo:
- Matança do Porco;
- Pequeno almoço;
- Almoço;
- Rota das Pipas;
- Caldo verde no final da noite;
- Animação com cantorias, bombos, concertinas e gaitas de foles por grupos locais;
- Matança do Porco:
- Veterinária Municipal responsável: Drª Isabel Lameira. A mesma garante e fiscaliza que todos os procedimento legais estão em conformidade, nomeadamente o uso do atordoador para matar o animal e que a carne pode ser consumida na alimentação humana;
- Autoridades policiais: GNR de Torre de Moncorvo esteve no local;
- Atordoador: O uso do atordoador é obrigatório para abater o porco de forma a diminuir o sofrimento do animal, sendo o seu uso obrigatório, inclusive para a matança doméstica;
- Matador: Júlio Nunes, Açoreira;
- Documentação legal para a matança:
- Processo de licenciamento da matança é muito burocrático, sendo necessário muitos documentos, conforme foi detalhado num ponto desta reportagem;
- Coordenadas GPS da matança;
- Porco: O porco abatido em 2024, era um macho e pesava cerca de 167 kg;
- Produtores de vinho em concurso: Entre 12 a 14;
- Enólogo: Adalberto Covas;
- Classificação dos produtores de vinho premiados:
- Pipa 9 - Gabriel José Leonardo;
- Pipa 5 - Adriano Brites;
- Pipa 4 - Gabriel Eduardo Leonardo;
- Contactos para inscrições na Rota das Pipas
- Email: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
- Facebook: "Arc Açoreira"
- Instagram: "arcacoreira"
- Organização: Associação Recreativa e Cultural da Açoreira;
- Presidente da ARC Açoreira: Gabriel Teixeira;
- Apoios:
- Câmara Municipal de Torre de Moncorvo;
- Junta de Freguesia de Açoreira;
- Outros Eventos relacionados:
- Entre 9 a 30 de março 2024 decorre a Rota das Amendoeiras em Flor de Torre de Moncorvo;
- PR14 - Rota das Amendoeiras em flor;
- Aldeia de Maçores - Terra do São Martinho
Matança Tradicional do Porco em Açoreira
Descrição da Matança Tradicional do Porco em Açoreira
O porco não pode ser morto no dia da viagem para o local de abate. Quando o animal chegar ao destino tem que ficar bem acomodado por causa do stress. O porco era um macho, com 167 kg, tendo ficado guardado desde o dia anterior nas instalações da associação.
No dia do abate esteve no local a veterinária municipal Drª Isabel Lameira, que acompanhou todo o processo de forma a fiscalizar se o animal estava acomodado nas melhores condições, se era abatido com o uso do atordoador para minorar o sofrimento e se a carne estava em condições sanitárias para a alimentação humana.
Durante o abate é feita a sangria do animal, de forma a aproveitar o sangue para um dos pratos que a associação prepara para o almoço que é as migas de sarrabulho. Embora, como nos disse o Presidente, o sangue deste porco não era suficiente para todas as pessoas que iriam almoçar, tendo ele necessidade de comprar mais 30 litros de sangue.
Depois é queimado os pelos do animal com palha, com ajuda de um maçarico, menos tradicional, para agilizar. A palha ideal para o fazer seria a centeio, por ser cumprida, mas não o poderão fazer porque têm cada vez mais dificuldade em a obter.
Depois a carcaça é lavada e esfregada com umas pedras, a pele raspada com facas e aberto. O corpo do animal é deixado a escorrer até ao dia seguinte e só então é desmanchado. No próprio dia só lhe tiram o servente, que é a parte da barriga, para fazerem um outro prato tradicional, que é acompanhado com batatas cozidas.
Regras para a Matança Tradicional do Porco em Açoreira
A Veterinária municipal Drª Isabel Lameira, acompanhou a matança tradicional do porco de forma a garantir que todos os procedimentos fossem realizados de acordo com a legislação legal. As suas maiores preocupações que teria de analisar seriam verificar se o animal era morto sem lhe causar sofrimento excessivo e a carne podia ser consumida e estava em boas condições sanitárias.
A mesma elucidou-nos que é usado um aparelho denominado atordoador, para minorar o sofrimento do animal durante o seu abate. Esta veterinária disse-nos que quando veio trabalhar para a autarquia de Torre de Moncorvo fez a proposta de aquisição deste aparelho, de forma a diminuir o sofrimento do animal quando é abatido, o que por sua vez torna as carnes com menos stresse, ficando mais saborosas e com mais qualidade.
Por outro lado, este processo facilita os homens envolvidos na matança a manipular o animal, já que não têm que estar a segura-lo vários minutos até morrer, evitando que se magoem.
Em relação ao uso do atordoador contou-nos um facto curioso da sua experiência pessoal porque a família também mata porcos. Um dia resolveu levar o este aparelho para facilitar os procedimentos, embora tenha corrido tudo bem, os primos disseram no final que assim não tinha piada nenhuma e que gostavam de ver o porco berrar.
Documentação para a Matança Tradicional do Porco em Açoreira
O Presidente Gabriel Teixeira explicou-nos que o procedimento para a matança é muito burocrático. Esta é a 12ª edição da Rota das Pipas, onde está incluída a matança tradicional do porco, que é feita de forma legal desde o 5 ou 6 evento. Ao longo dos anos foram caminhando para atualmente terem todas as autorizações e procedimentos legais para cumprirem esta tradição, porque houve um ano que tiveram problemas com uma denúncia para a proteção animal e não puderam cumprir a tradição.
Como não é homem para desistir e queria continuar com esta tradição bonita telefonou para a DGAV - Direção Geral de Alimentação e Veterinária, que é a entidade reguladora, de forma a saber todos os procedimentos legais, que são os seguintes:
- Declaração do Presidente a responsabilizar-se pela matança;
- Dados pessoais de identificação do Presidente e desta associação;
- Uma declaração emitida pela Drª Isabel, Veterinária Municipal, que se compromete a acompanhar o abate e os cumprimentos dos requisitos legais para o animal não sofrer e que a carne está em bom estado para o consumo humano;
- Análises do animal à doença de Aujeszky, que não pode ter mais que dez dias:
- “A Doença de Aujeszky (DA) ou Pseudo-Raiva é uma doença infectocontagiosa causada por um herpes vírus (SHV-1), que infeta designadamente o sistema nervoso central dos suínos e outros mamíferos, com exceção do homem. O porco doméstico e o javali são reservatórios naturais da doença, sendo que na forma da doença subclínica, eliminam o vírus.”3
- Declaração do evento;
- Localização GPS. O Presidente teve que mandar uma fotografia aérea com o local exato onde o porco foi morto, com as coordenadas GPS incluídas;
Depois de todas estas matanças de forma legal, com todas estas dificuldades burocráticas, o Presidente já se considera um perito no assunto. O porco abatido era um macho com o peso de 167 kg. O animal foi criado pelo produtor conhecido por José Inácio, de Sandim, onde trabalha quase a tempo inteiro um veterinário, que agiliza as análises e torna as mesmas mais económicas.
Pequeno-almoço da Rota das Pipas
O pequeno-almoço tradicional inserido na Rota das Pipas é servido num espaço do anexo do forno comunitário e cozinha tradicional. Um braseiro aquece uma panela com café e as grades são usadas para torrar grandes fatias de pão.
O pão torrado é depois à moda tradicional pincelado com azeite e esfregado com cabeças de alho. Outras pessoas preferiram barrar o pão com mel, manteiga, queijo ou compota. Quem quiser matar o bicho pode tomar também vinho do porto porque as boxes aparecem sempre trazidas pelos seus produtores que comparecem na festa ou postas à disposição pela associação, que até tinha cerveja de pressão à disposição, quem não tiver juizinho vai de vela num instantinho.
Almoço tradicional da Rota das Pipas
Pessoas presentes no almoço inserido na Rota das Pipas
Estiveram presentes no almoço inserido na Rota das Pipas, mais de trezentas pessoas. Outras preferiram apenas participar na Rota das Pipas da parte de tarde, no entanto a maioria participou nos dois eventos. O Presidente Gabriel Teixeira disse-nos que passaram neste evento da Rota das Pipas 2024 mais de 400 pessoas.
Neste evento estiveram presentes o representante da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, José Menezes e a Presidente da Junta de Freguesia de Açoreira, Maria Emília Gonçalves Rego Lopes.
Ementa do almoço inserido na Rota das Pipas
O almoço da Rota das Pipas 2024, foi composto por sopa, batatas com soventre, migas de sarrabulho, feijoada, sobremesa de fruta, vinho duriense, café e as crianças têm direito a um menu especial mais barato.
Rota das Pipas - Percurso por 14 viticultores
Descrição da Rota das Pipas percurso pelos 14 viticultores
A Rota das Pipas de Açoreira é um evento organizado pela Associação Recreativa e Cultural da Açoreira, no último sábado de fevereiro. Pela manhã é feita uma matança tradicional do porco, pequeno-almoço e almoço.
No começo da tarde começa o percurso pela Rota das Pipas, que no ano de 2024, teve 14 produtores no concurso. O presidente Gabriel Teixeira, disse-nos que o objetivo deste evento é manter viva esta tradição e aumentar a qualidade do vinho.
Com exceção do primeiro produtor, o cortejo com os visitantes percorre a caminhar as ruas de Açoreira, sendo animados por grupos da terra ou imediações com cantorias, bombos, concertinas e gaitas de foles.
Em cada um dos produtores é feito um discurso oficial pelo presidente da associação, onde são entregues lembranças e declarada aberta a pipa. As pessoas fazem fila para com a sua canequinha oficial provarem os néctares a concurso.
Os convivas da Rota das Pipas podem bebericar as vezes que quiserem e por vezes além do vinho oficial ainda é possível provar outros tintos, brancos ou até saboroso vinho do porto do lavrador, muito diferente das garrafas que compramos nos estabelecimentos. Uma das nossas boas fraquezas é este tipo de remédio que por muito pouco que tivéssemos bebido, porque estávamos a trabalhar, depressa nos afetou o discernimento e tivemos pesarosos de parar.
Aqui reina a confiança e na quarta pipa, o proprietário Gabriel Eduardo Lourenço, como estava em Lisboa, confiou a abertura da casa e da pipa ao Presidente ARC Açoreira. Neste concurso há sempre um enólogo oficial, que faz uma prova cega e atribui prémios aos três melhores classificados. Por brincadeira é também atribuído prémios ao maior bêbado e maior bêbada, às pessoas que melhor encarnem o espírito deste evento, onde os seus responsáveis estão sempre avisar para não beberem até cair.
Quem quiser percorrer estes caminhos e visitar estes produtores têm que ter uma grande rodagem nas pernas e estômago, porque a festa é grandiosa, os vinhos grandiosos que ajudam a música bater forte na cabeça pela sua forte força etílica.
Aconselha-se todos os que façam esta rota cultural gastronómica a visitarem por vezes a carrinha da Maria, que segue no cortejo, onde duas mulheres sentadas em fardos de palha, qual ambulância de serviço, vão servindo os participantes com sandes de queijo, presunto e outros petiscos. Estas pessoas se apenas beberem sem comer depressa encostam às boxes ou dão grandes cabeçadas no empedrado da rua.
Mapa dos 14 viticultores concorrentes na Rota das Pipas
Nesta 12 edição da Rota das Pipas 2024, concorreram à eleição do melhor vinho 14 viticultores de Açoreira - Torre de Moncorvo. Este percurso passa por estas adegas onde o vinho é provado pelos participantes devidamente inscritos e avaliado por um reputado enólogo. Com exceção do produtor n. 1 Joaquim Portela, que fica um pouco retirado do centro da aldeia, todos os outros estão aglomerados nas suas ruas perto do núcleo central da aldeia e permite que o cortejo siga a caminhar, sem necessidade de transporte automóvel.
O cortejo é sempre alegrado pelos grupos contratados com cantorias e música popular, sendo servido vinhos e petiscos na carrinha da Maria ou nas adegas participantes, o difícil é escolher o que comer e beber. Acontece que os grandes cães de pastoreio também gostam de festa e juntam-se à comitiva para ladrar e correr à passagem do cortejo, os animais pouco habituados a tanta confusão não entendem o que se passa e ficam totalmente frenéticos com vontade de verem de onde vem o "perigo".
Na foto de cima pode ser consultado um mapa com a localização dos 14 viticultores e no capítulo seguinte as suas identificações.
Produtores de vinho concorrentes da Rota das Pipas
- Joaquim Portela;
- Tapado do Mourinho;
- João Lourenço;
- Gabriel Eduardo Leonardo;
- Armando Brites;
- Chico Velhote;
- Adriano e Netos;
- Horácio Brites;
- Gabriel José Leonardo;
- Ernesto Andrade;
- Pedro Andrade;
- Andreia e Paulo;
- Luís Pinto;
- Quinta do Porral;
Prémios da Rota das Pipas 2024
Os vinhos em concurso são recolhidos antecipadamente, sendo atribuído um código sem identificação do produtor, de forma a ser feita posteriormente uma prova cega com toda a imparcialidade. Este ano bem como os anteriores as provas foram feitas pelo enólogo Adalberto Covas. Este especialista é um profissional numa grande adega de Freixo de Espada à Cinta. As castas principais destes vinhos em concurso são a tinta roriz, touriga franca e touriga nacional. Também podem ser encontradas algumas castas das vinhas velhas, com 40 e 50 anos, que segundo os enólogos estão cada vez com maior qualidade e a subir na hierarquia dos vinhos. Os três vitivinicultores premiados na Rota das Pipa 2024 foram os seguintes:
- Pipa 9 - Gabriel José Leonardo;
- Pipa 5 - Adriano Brites;
- Pipa 4 - Gabriel Eduardo Leonardo;
O Ondas da Serra terminou a Rota das Pipas 2024 na 5 Pipa, do produtor Armando Brites, por impossibilidades físicas.
Pessoas e grupos na Rota das Pipas 2024
Equipa de cozinheiras/os da Rota das Pipas 2024
No final do almoço o Presidente Gabriel Teixeira, conseguiu a nosso pedido reunir todo o grupo de trabalho envolvido na preparação do almoço:
Ernesto Andrade, Adelaide Rodrigues, Maria Teixeira, Cândida Leonardo, Olimpia Oliveira, Maria Cabeleira, Dulce Vieira, Deolinda Rego, Teresa Brites, Aida Rego, Presidente Gabriel Teixeira e Maria Lopes.
Júlio Nunes, matador de porcos
O matador oficial do porco da Rota das Pipas, já há muitas edições é Júlio Nunes, com 62 anos, morador nesta aldeia da Açoreira. Este homem vive da agricultura onde faz todo o tipo de trabalhos, desde a recolha de cortiça até a apanha da azeitona.
Ninguém pode dizer ao observar este homem alto, olhar franco e modos despreocupados que tem uma perícia letal com a faca de remate para fazer este tipo de serviço, que executa com mestria desde pequeno e lhe foi ensinado pelo pai.
Os seus progenitores tinham um talho na Açoreira e por isso sempre esteve ligado a esta área da alimentação humana. Atualmente já mata poucos porcos porque já quase ninguém os cria em casa, sendo uma tradição que está a acabar. No passado só fazia este serviço no concelho de Vila Nova de Foz Côa, depois do irmão falecer começou também a fazê-lo neste de Torre de Moncorvo.
Homens da matança do porco
Neste evento da Rota das Pipas 2024 os homens que ajudaram na matança do porco foram os seguintes: Artur Fernandes, Bino Morais, Flávio Garcia e Júlio Nunes. Todos eles depois da tarefa concluída foram tomar banho e vestir roupas condignas para merecidamente participarem na restante festa.
Cozinheiras da Rota das Pipas
No interior da cozinha tradicional da Associação Cultural e Recreativa da Açoreira, fomos encontrar a cozinheira Aida Rego, com a ajudante Cândida Leonardo (foto de cima), a preparar as carnes do porco para o almoço, nomeadamente o sangue, fígado, rojões, sem esquecer o feijão para a feijoada e as batatas.
Na outras cozinha mais pequena improvisada na sede da associação trabalhavam outros sócios que ajudam nestas ocasiões: Maria Cabeleira, Deolinda Rego, Adelaide Rodrigues, Maria Teixeira e Ernesto Andrade.
Carrinha dos petiscos
No evento Rota das Pipas segue sempre no cortejo uma carrinha de caixa aberta, conhecida pela "Carrinha da Maria", cheia de petiscos e vinho para os convivas irem consumindo pelo caminho. Ali sentadas em fardos de palha, Maria Lopes e Aida Rego iam fazendo sandes de queijo ou presunto e distribuindo por homens e mulheres, novos e velhos. Afixada na carrinha um cartaz exibia a sua missão:
"Quem é que nos vai valer? A Maria. É claro."
Seca Pipas - Grupo de amigos de Açoreira
Nesta Rota das Pipas 2024 fomos encontrar um animado grupo de jovens, todos com o mesmo casaco, tendo a curiosidade nos levado a ir falar com o Tiago Lopes (na foto segundo a contar da esquerda na última fila), para saber mais a seu respeito.
Este rapaz contou-nos que faz parte deste grupo de amigos de Açoreira, denominado “Seca Pipas”. Estes homens bem-humorados disseram-nos que se juntam em festas para beber umas pingas, conforme a sua missão, impressa nas costas do casaco, “Consumidor habitual de vinho para qualquer ocasião”.
Ás de copo - Grupo feminino
Quem pense que este evento é reservado a homens está redondamente enganado porque a percentagem é similar. Neste evento também participaram bonitas raparigas, como o grupo denominado “Ás de copo”, onde todas vestiam uma camisola cor-de-rosa. As mulheres também gostam de provar o vinho dos produtores e até ouvimos duas, depois de aberta uma pipa a discursar seriamente sobre as suas qualidades e defeitos, o que nos colocou um sorriso no rosto.
A rapaziada é tramada porque logo os grupos de rapazes e raparigas quiserem tirar uma foto em conjunto. Foi bonito porque muitas crianças correram para também ficarem no grupo e não resistiram a fazer as mais engraçadas caretas, para divertimento dos pais que ou estavam no grupo ou acenavam ao longo.
Cartazes divertidos "Ó Con* da mãe"
Na sede da associação foi colocado à disposição dos participantes cartazes com as mais divertidas expressões, para cada participante escolher aquele que melhor descrevesse o seu estado de espírito, como aquela que fala da “Con* da mãe” ou "Mãezinha tira-me daqui".
Amigas loucas da Açoreira
O grupo das "Amigas Loucas da Açoreira", caracterizava-se por todas vestirem casacos cor-de-rosa e cumprirem o seu leme de divertimento inscrito na vestimenta:
“Quem tem amigas loucas, tem a memória cheia de bons momentos.”
Homem do serrão
Flávio Garcia, é um homem alto, esguio na casa dos 30 anos, que passeava por este evento exibindo um cajado e um serrão. O mesmo é amigo do matador de porcos Júlio Nunes e estivemos com os dois à conversa durante o almoço, em virtude de termos partilhado com orgulho a mesma mesa, onde falamos sobre a região, tradições e até assunto de natureza mais pessoal.
O Flávio contou-nos que vive da agricultura e pastorícia, tendo 80 cabras que são pastoreadas na aldeia vizinha de Maçores. Para o mesmo vir a esta festa o pai foi no seu lugar pastorear os animais para os montes.
Flávio Garcia, também se dedica ao artesanato fazendo cajados com várias espécies de madeira, das quais destaca a amendoeira, sambuco e marmeleiro e que são usadas para pastorear o gado. Os mesmos são endireitadas ao lume e descascadas, tendo ele feito questão de frisar que muita gente usa a lâmina da navalha para as descascar, devendo apenas ser utilizada as suas costas, para a vara ficar lisa e direitinha, sem estrias do corte.
O mesmo também faz serrões com a pele do borrego, transformando-a num saquinho que antigamente era usado para levar a merenda, mantendo os alimentos frescos e conservados, o pão pode desta forma ser guardado por 15 dias.
Disse-nos com tristeza que atualmente já quase ninguém os sabe fazer e que demoram cerca de três dias a concluir, um para secar, outro para lhe tirar o conteúdo e o último para o sovar com uma pedra. Foi o avô que lhe ensinou esta arte e também lhe ofereceu 13 chocalhos afinados, cuja técnica infelizmente nunca lhe ensinou.
Também nos contou a sua faceta de beber e alguns recordes com cachaça de duvidoso mérito e que fazem mal à saúde. Gostamos muito de conversar com ele e lá fomos dizendo em vão para ser moderado a beber. Infelizmente se ainda se aguentou ao almoço a Rota das Pipas à tarde deu cabo dele tendo acabado por dar um grande malho no chão que necessitou de internamento hospitalar, embora segundo nos disseram sem gravidade.
Sem sermos paternalistas pedimos a todos que bebam com moderação e até podem passar um pouco das medidas, mas não façam disso modo de vida, porque rapidamente uma festa acaba em tragédia.
Homem do cajado
Nesta festa destacava-se um homem com aspeto austero, mas de temperamento ameno e que passeava calmamente com ajuda do seu forte cajado. Disse-nos chamar-se Joaquim Portela, natural de Leiria e que já reside nesta aldeia da Açoreira há muitos anos: O mesmo fez questão de nos emprestar o seu cajado para tirar fotos como se fossemos verdadeiros transmontanos.
Grupo de amigos
Neste evento encontramos um grupo de amigos, que nos disseram que era a primeira vez que participavam na Rota das Pipas e que estavam adorar: Adelina Pena, Vila do Conde, Adelino Gaspar, Pombal, Josefa, de Vila Nova de Foz Côa e Fernando Amadeu, Muxagata – Foz Côa. As senhoras gostavam muito de bailar, já os homens preferiam conversar, petiscar e ir provando os vinhos, mas pontualmente também entravam na roda.
Gaiteiros Roleses - Urros
Os grupo Gaiteiros Roleses da Aldeia, são oriundos da aldeia de Urrós - Mogadouro - Portugal. Os mesmos já animaram muitas edições da Rota das Pipas e sempre que tocam a sua energia propaga-se aos participantes e rapidamente todos acompanham a cantar, dançar ou apenas bater palmas.
Grupo de Concertinas de Valpereiro e Açoreira TV
O Grupo de Concertinas de Valpereiro, são oriundos desta freguesia portuguesa de Valpereiro, do município de Alfândega da Fé, Trás-os-Montes, pertencendo à região do Norte e ao distrito de Bragança. Este foi a primeira vez que participaram na Rota das Pipas e as suas concertinas bem tocadas vincaram os sons que nos encheram de orgulho da nossa lusa nação.
Açoreira TV - Canal do Youtube
António Mourão (Foto de cima no meio do Grupo de Concertinas de Valpereiro), tem 72 anos e reside na Açoreira e com a sua máquina de filmar anda por este eventos a documentar para os divulgar no seu canal do Youtube denominado, Açoreira TV, que exibe com orgulho no seu colete de reportagens, o qual tem cerca de 5 mil seguidores.
O mesmo contou-nos que fez a sua vida em Lisboa, tendo-se reformado com 60 anos, altura em que também se divorciou. Nessa altura comprou uma máquina e começou a divulgar estes eventos nas redes sociais.
Foi numa destas festas na Açoreira que fez um vídeo sem saber e que até saiu de pernas para o ar. No entanto, ele gostou da sua apresentação e decidiu começar além das fotografias a fazer também vídeos, tendo esta decisão sido um passo para novas aventuras e criação do canal.
Os seus vídeos que não são editados, começaram sem o saber a fazer uma ligação com a imigração local e o canal foi crescendo Os portugueses desta região a trabalhar no estrangeiro começaram a gostar dos sues trabalhos, que talvez os ajudem a matar saudades e a aldeia começou a ganhar notoriedade online.
“Eu não me considero um Youtuber, sou um repórter que vai às festas e tenta divulgar as tradições. Eu ainda não entrei no Instagram com os rels e os shorts.” António Mourão
Associação Recreativa e Cultural da Açoreira - ARC Açoreira
Descrição da Associação Recreativa e Cultural da Açoreira
O Presidente da Associação Recreativa e Cultural da Açoreira, Gabriel Teixeira, vive em Mogadouro onde trabalha no departamento de contabilidade municipal. Na imagem de cima podemos vê-lo com um megafone na mão a anunciar uma pipa e a ser entregue a lembrança a um viticultor.
A Associação Recreativa e Cultural da Açoreira, fica localizada nesta freguesia de Açoreira, do município de Torre de Moncorvo. A mesma dedica-se à preservação e promoção das tradições locais, desporto e convívio com os seus associados. Gabriel Teixeira é sócio fundador da Associação Recreativa e Cultural da Açoreira, que nasceu em 1983, sendo atualmente o seu Presidente, já tendo desempenhado também outras funções.
A associação tem mais sócios que os habitantes da aldeia, ultrapassando as três centenas. O mesmo disse-nos que muitas pessoas que os visitam acabam por se tornar sócias, porque apenas pagam um euro mensalmente que o recuperam facilmente com os descontos nos eventos. Esta é também uma forma deles garantirem a continuidade do seu projeto. Dormem nesta aldeia da Açoreira cerca de 200 pessoas, maioritariamente idosas, com mais de 70 anos.
A nível das infraestruturas esta associação tem uma sede, com sala de convívio, café e casas-de-banho. No exterior tem um ringue para a prática desportiva, um forno comunitário, uma cozinha regional, onde preparam refeições e fazem bom fumeiro regional de qualidade.
Para o seu Presidente entre as várias missões da associação, destacou ela trabalhar pela preservação e divulgação da cultura, tradições e desporto e ser um ponto de encontro das pessoas. Para isso durante o ano realizam uma série de eventos, dos quais destacou:
- Rota das Pipas
- Magusto, em novembro;
- Feira Medieval de Torre de Moncorvo;
- Festa da espuma;
- Organização de passeios pedestres, bicicleta e todo o terreno;
“A minha ideia é ter o povo unido, cada vez que fazemos um evento temos a casa sempre cheia. Na semana passada fizemos um almoço convívio para recuperar uma capela e do nada apareceram aqui cem pessoas.” Gabriel Teixeira
Localização e contactos da Associação Recreativa e Cultural da Açoreira
Morada: Açoreira, 5160-011 | Açoreira-TMC
Caracterização da Aldeia da Açoreira1
Localização e caracterização da freguesia de Açoreira
"A freguesia de Açoreira, fica localizada a 8 km de Torre de Moncorvo, sede do concelho, com 524 habitantes, é composta de duas localidades: Açoreira e Sequeiros. A aldeia de Açoreira encontra-se a meia encosta da Serra do Reboredo. O solo é muito acidentado onde o xisto predomina. Açoreira é um local onde se concentram grandes amendoais e que proporcionam magníficas paisagens, nos meses de fevereiro e março, quando as amendoeiras estão em flor."2
História de Açoreira
"A origem do nome de Açoreira não se encontra devidamente explicado, havendo teses diversas que relacionam o topónimo com o revestimento primitivo da povoação, ou os que se baseiam na existência de açores (aves) nesta região. É certo, que a ocupação humana remonta, pelo menos ao período Romano."1
Património natural de Açoreira
Os recursos agrícolas são a grande riqueza natural desta freguesia. A freguesia encontra-se delimitada a sul pelo rio Douro. É igualmente de mencionar a ribeira da Gricha, ribeiro do Coelhinho, ribeira da Pia, Fonte das Pingas, ribeiro Quebrado, e ainda, de grande importância a "Ribeira", que é o maior curso de água e nela fluem as outras ribeiras existentes."1
Património arquitetónico de Açoreira
"Entre o património religioso existente, é de referir a Igreja Matriz, dedicada a S. João Evangelista, como também as capelas de Santa Marinha (com pinturas murais do séc. XV-XVI); Santa Bárbara e do Divino Espírito Santo. O conjunto rural de Açoreira é muito interessante, com construções totalmente em xisto. Podem-se observar algumas inscrições com motivos religiosos em diversas habitações.
É ainda de referir a Quinta do Campo de Almaçais, lugar referido já desde a Idade Média, onde se localizava a barca de passagem entre o concelho de Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa.
Vestígios da época romana são encontrados nos lugares de Barrais e Canelas. No primeiro existe um habitat romanizado com ocupação medieval, onde se encontram escórias de ferro e um penedo granítico com uma pequena esfoliação natural. Em Canelas, situado na encosta sul da Serra do Reboredo foi encontrado um pequeno bezerro em selenite (pedra de talco), a que se dá o nome de "Berroazinha da Açoreira", atualmente no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. À superfície apenas são visíveis fragmentos de escórias de ferro."1
Igreja Matriz de Açoreira
"A Igreja Matriz de Açoreira datada do Séc. XV, dedicada a S. João Evangelista. Igreja de linhas simples, em que a fachada principal apresenta empena truncada por dupla sineira e com um portal em arco de volta perfeita. O interior dispõe de vários altares e coro. Recentemente, no decorrer de obras de remodelação foi posto a descoberto um nicho com pinturas murais sob estuque."1
Gastronomia de Açoreira
Fumeiro, canelões, vinhos do porto e de mesa.
Festas e tradições de Açoreira
- Rota das Pipas com matança do porco tradicional, último sábado de fevereiro;
- Santa Marinha - Segunda-feira de Pascoela, Mártir S. Sebastião - 1º fim-de-semana de Agosto;
- S. João Evangelista - 27 de Dezembro;
Tradições de Açoreira
Rendas, tecelagem e calçado e serrões.
Economia de Açoreira
"Agricultura, olivicultura, vinicultura, apicultura, pastorícia e construção civil."1
Agradecimentos
O Ondas da Serra agradece todo o apoio e facilidades concedidas para a realização do seu trabalho ao Presidente Gabriel Teixeira e a todos os funcionários da Associação Recreativa e Cultural de Açoreira. Esperamos regressar para outros eventos e um dia tentar fazer toda a volta da Rota das Pipas.
Créditos e Fontes pesquisadas
Texto: Ondas da Serra, com exceção do que está em itálico e devidamente referenciado.
Fotos: Ondas da Serra.
1 - www.cm-moncorvo.pt
2 - Flyer da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo
3 - dgav.pt